As Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, divulgaram nesta sexta-feira um novo vídeo de reféns, no qual aparecem três mulheres israelenses, das quais duas se apresentam como militares. As imagens não dão indícios de onde e quando foram gravadas, embora a edição mostre o número 107 (em referência aos dias do conflito), sugerindo que poderiam ter sido filmadas no domingo. Ao menos 250 pessoas — entre civis e militares — foram levados como reféns para a Faixa de Gaza durante o ataque terrorista do Hamas contra Israel, que também deixou 1,2 mil pessoas mortas, segundo as autoridades israelenses.
As três mulheres se identificaram como Doron Steinbrecher, de 30 anos, que se apresenta como civil, e as duas que se apresentam como militares, Daniela Gilboa, de 19, e Karina Ariev, também de 19, segundo o jornal Times of Israel. No vídeo, que tem legendas em hebraico e árabe e duração de cinco minutos, elas afirmam que estão detidas há 107 dias e pedem ao governo israelense que as levem de volta para casa. A capa do vídeo mostra uma edição de imagem, que mostra uma ampulheta com as imagens das reféns. Na legenda, aparece a frase: "Uma mensagem de várias prisioneiras inimigas das Brigadas al-Qassam na Faixa de Gaza".
O vídeo foi publicado pouco depois da Corte Internacional de Justiça (CIJ) declarar que a operação militar de Israel contra Gaza representa um risco plausível de danos irreversíveis e imediatos à população palestina em Gaza, determinar que o Estado judeu tome todas as medidas em seu poder para evitar violações da Convenção das Nações Unidas sobre Genocídio, de 1948, e permitir a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino.
Steinbrecher é médica veterinária. Foi sequestrada pelos terroristas em sua casa, um apartamento no kibutz Kfar Aza. Pouco antes de ser levada para Gaza, encaminhou uma mensagem de voz aos amigos: “Eles chegaram, eles me pegaram”. A soldado Gilboa foi capturada no kibutz Nahal Oz, onde servia como observadora militar, segundo o Haaretz. Ariev, também militar, também foi sequestrada em Nahal Oz, de acordo com o jornal israelense, e chegou a ligar para a irmã no momento do ataque dos terroristas.
No dia 15, o Hamas divulgou um vídeo anunciando a morte de dois reféns israelenses. O conteúdo mostra a jovem refém Noa Argamani, de 26 anos, revelando que Yossi Sharabi, de 53 anos, e Itai Svirsky, de 38, com quem ela estava em cativeiro, teriam sido mortos por um ataque das Forças Armadas israelenses. Além deles, Israel afirma que 25 reféns morreram — três foram mortos por engano em dezembro por soldados israelenses.
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Dos 250 reféns, 110 mulheres e menores de idade foram libertados em novembro, no último acordo entre as partes, mediado pelos EUA, Egito e Catar, em troca de 240 palestinos detidos em prisões israelenses. Antes, apenas outras cinco pessoas foram libertadas, sendo quatro mulheres civis e uma soldado detida no território palestino foi resgatada. Uma soldado detida no território palestino também foi resgatada. Contudo, acredita-se que cerca de 130 reféns ainda permaneçam no enclave palestino. Um outro acordo chegou a ser negociado em dezembro, mas sem sucesso.
Novas tratativas
Mediadores do conflito têm apresentado vários planos nas últimas semanas para a libertação dos reféns que ainda seguem em Gaza, mas tiveram poucos progressos evidentes. Diversos oficiais de segurança do país, tanto atuais quanto antigos, sugeriram que fazer um acordo com o Hamas seria a única maneira de trazer os reféns de volta com segurança para Israel.
Segundo o site Axios, Israel fez uma proposta, por meio de negociadores cataris e egípcios, de uma trégua de até dois meses com parte de um acordo mais amplo que incluiria a libertação de todos ao reféns. Na quinta-feira, altos funcionários dos EUA disseram que a Casa Branca enviará nos próximos dias o diretor da CIA, William J. Burns, à Europa para se reunir com funcionários israelenses, egípcios e de Doha para tentar avançar nas negociações.
As autoridades americanas disseram que a aparente disposição de Israel em concordar com um cessar-fogo mais longo das hostilidades como parte de qualquer outra libertação de reféns criou uma nova abertura para as negociações. A expectativa é de qualquer novo acordo incluiria a libertação gradual dos cativos, embora Washington aprecie a possibilidade de um acordo maior e que leve à libertação de todos os sequestrados.
No entanto, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem se mostrado irredutível, rejeitando repetidamente a ideia de um cessar-fogo em Gaza e de um acordo com o Hamas. Na noite de quarta-feira, o governo do Catar, que é um dos principais mediadores da guerra em Gaza, chegou a afirmar que estava "chocado" com os comentários atribuídos ao premier, que teria sido flagrado em áudio chamando o papel do país como mediador de "problemático", e o acusou de obstruir novas negociações de cessar-fogo e libertação de reféns com o grupo fundamentalista islâmico Hamas para ganhos políticos pessoais.
Familiares dos reféns ainda no enclave palestino têm subido o tom e endurecido as manifestações. Nesta sexta-feira, eles protestaram pelo terceiro dia consecutivo em frente à passagem de Kerem Shalom para impedir entrada de ajuda humanitária em Gaza até que os cativos fossem libertados. Dias antes, os parentes dos sequestrados também invadiram uma sessão do Parlamento, em Jerusalém, em um sinal claro do endurecimento das manifestações. (Com AFP e New York Times)
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