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Por O Globo — Rio de Janeiro

O austríaco Josef Fritzl, condenado em 2009 à pena perpétua por violar e manter sua filha em cativeiro durante 24 anos — e outros três filhos que teve com ela por períodos menores — recebeu permissão nesta quinta-feira para ser transferido de uma prisão psiquiátrica a uma prisão normal. A defesa do homem de 88 anos acredita que isso é um importante passo rumo à liberdade condicional.

"O tribunal chegou à conclusão de que ele já não representa um perigo", declarou a advogada de Fritzl, Astrid Wagner, em um comunicado de imprensa.

Josef Fritzl é escoltado de volta à prisão após sua audiência em Krems — Foto: JOE KLAMAR
Josef Fritzl é escoltado de volta à prisão após sua audiência em Krems — Foto: JOE KLAMAR

Em uma audiência a portas fechadas na cidade de Krems, onde o "monstro de Amstetten" está detido, os juízes analisaram um relatório psiquiátrico do condenado e tomaram a decisão baseando-se em sua idade avançada e princípio de demência. No entanto, Fritzl deve continuar a ter sessões de terapia e a passar por avaliações psiquiátricas.

A transferência para uma prisão comum significa que pode ser feito um pedido de liberdade condicional aos tribunais, e a defesa do presidiário afirma que pretende fazê-lo no ano que vem.

Prisão psiquiátrica de Stein, onde Josef Fritzl é mantido — Foto: JOE KLAMAR / AFP
Prisão psiquiátrica de Stein, onde Josef Fritzl é mantido — Foto: JOE KLAMAR / AFP

Relembre o caso

Em 2008, a polícia austríaca descobriu que Elisabeth Fritzl era mantida presa no porão da casa do pai, Josef, desde 1984. A farsa só desmoronou quando Kerstin, de 19 anos, a mais velha dos três filhos mantidos com Elisabeth no porão desde o nascimento, precisou ser internada às pressas com problemas no pulmão. Os médicos insistiram na presença da mãe da jovem para saberem mais detalhes sobre seu histórico de saúde. Fritzl então tirou Elisabeth do porão junto com os outros dois filhos e disse à esposa que ela resolvera voltar para casa. No hospital, o criminoso relatou que mãe e filha apareceram em sua residência pedindo socorro.

A aparência de Elisabeth levou médicos e policiais a desconfiar de possíveis abusos e, depois da insistência dos agentes de segurança, ela revelou os horrores que viveu junto dos seis filhos em um cômodo improvisado no porão da residência da família em Amstetten, cidade de 25 mil habitantes no oeste da Áustria. O caso logo ganhou as manchetes mundiais.

A residência aparentemente pacata da família Fritzl em Amstettel — Foto: Acervo O Globo
A residência aparentemente pacata da família Fritzl em Amstettel — Foto: Acervo O Globo

Elisabeth foi abusada pelo pai pela primeira vez aos 11 anos. Aos 16, fugiu de casa e foi capturada pela polícia, que a levou de volta para os pais. Fritzl se aproveitou do precedente rebelde para inventar um "sumiço" da filha, dois anos depois. Ele acorrentou a menina no porão, mas reportou o desaparecimento dela às autoridades, afirmando que a jovem teria aderido a uma seita misteriosa.

A mãe, Rosemarie Fritzl, sempre disse que confiou no relato do marido e em uma carta escrita por Elisabeth na qual ela confirmava a versão do pai. Na verdade, a filha do casal estava presa no subterrâneo da residência em um conjunto de celas cuja entrada estava escondida atrás de uma estante com uma porta reforçada. Fritzl era o único que conhecia a entrada.

Ao longo dos 24 anos de cárcere, privada da luz solar, ela engravidou oito vezes do pai — teve um aborto espontâneo e um dos bebês, Michael, morreu. Três crianças — Alexander, Lisa e Monika — foram escolhidos pelo algoz para viver no andar de cima sob os cuidados dele e da avó. Fritzl simulou o abandono dos bebês na porta da casa e alegou à esposa que a seita de Elisabeth não tolerava crianças.

Os outros três filhos, Kirsten, Stefan e Felix, foram mantidos trancados no porão com a mãe e nunca receberam educação. A aparição das crianças na porta da casa e a versão do "monstro de Amstetten" não chamaram a atenção do serviço social da cidade, tampouco a condenação de Fritzl pelo estupro de uma mulher em 1967.

Um dos quartos da casa chegou a ser alugado por 12 anos para o mesmo inquilino. Em depoimentos à Justiça, Alfred Dubanovsky afirmou ter ouvido sons com origem no porão, mas Fritzl assegurava que se tratava do sistema de aquecimento de gás. Depois da revelação do caso, vizinhos se mostraram espantados e disseram jamais terem desconfiado de situação semelhante.

Com Kerstin no hospital e a mãe finalmente livre, a polícia libertou os demais filhos do porão. Foi quando Stefan e Felix tiveram seu primeiro contato com o mundo exterior. Aos filhos, a mãe dizia durante o período no cativeiro: "o paraíso está lá fora".

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