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Por O Globo — Washington

O governo dos Estados Unidos pediu para China utilizar sua "influência" sobre o Irã e "deter" os ataques dos rebeldes houthis do Iêmen, apoiados por Teerã, contra navios no Mar Vermelho, informou uma fonte da Casa Branca, neste sábado. O apelo ocorreu durante uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores de Pequim, Wang Yi, e conselheiro de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan, na Tailândia.

"Pequim diz que aborda a questão com o Irã, mas vemos o que está acontecendo e os ataques parecem continuar", declarou o alto funcionário da Casa Branca, sob condição de anonimato.

O jornal Financial Times já tinha divulgado que os diplomatas americanos vinham instando a China a pressionar a República Islâmica para convencer o grupo a suspender os ataques. O tema chegou a ser abordado pelo secretário de Estado, Antony Blinken, com diplomatas chineses.

Desde novembro, ataques da milícia prejudicaram o comércio entre a Ásia e a Europa e alarmaram grandes potências. Os houthis — que controlam a capital iemenita, Sanaa, e boa parte do norte — dizem agir em solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza, que, desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, estão sob cerco e bombardeios do Exército israelense.

Mapa mostra rota alternativa ao Mar Vermelho — Foto: Editoria de arte
Mapa mostra rota alternativa ao Mar Vermelho — Foto: Editoria de arte

Como resposta, no último dia 11, os EUA iniciaram uma ofensiva com ataques aéreos para intimidar os rebeldes. Mas os resultados, até agora, não são exatamente claros. O governo americano, apesar de apontar a destruição de mísseis e mecanismos de lançamento nos bombardeios, reconhece que muitos dos equipamentos usados pelos rebeldes são portáteis e de fácil deslocamento. Ao longo dos últimos anos, o país tampouco esteve entre as prioridades dos serviços de inteligência ocidentais, dificultando o trabalho de determinar alvos importantes.

Na semana passada, o presidente Joe Biden, apesar de declarar que os bombardeios continuarão, afirmou que eles não vão parar os houthis. O mesmo foi definido pelo governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, que pediu o apoio dos EUA e da Arábia Saudita para "eliminar" a capacidade do grupo de realizar ataques as navegações na região.

'O maior desafio'

O alto funcionário da Casa Branca disse que a as autoridades conversaram por 12 horas ao longo de dois dias. O encontro deve resultar em uma ligação "durante a primavera" (hemisfério norte, outono no Brasil) entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente americano, Joe Biden, acrescentou.

Pequim classificou as conversações como "francas e substanciais". Na mesma linha, a Casa Branca disse que a reunião fazia "parte dos esforços para manter linhas abertas de comunicação e gerenciar com responsabilidade a concorrência" entre as duas potências.

Além da questões no Mar Vermelho, as autoridades também abordaram Taiwan, a questão mais delicada. Pequim, que não reconhece oficialmente Taiwan e não apoia a independência da ilha, acusa os Estados Unidos de serem o principal fornecedor de armas e o principal apoiador das autoridades taiwanesas.

"O maior desafio para as relações sino-americanas é o movimento de independência de Taiwan", disse Wang Yi a Sullivan, segundo comunicado de Pequim, acrescentando que "os EUA devem [...] implementar concretamente seu compromisso de não apoiar a independência de Taiwan e de apoiar a reunificação pacífica da China". De acordo com a Casa Branca, Sullivan "enfatizou a importância de manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan".

A eleição presidencial de Taiwan, em janeiro, tensionou ainda mais os laços entre as duas potências. William Lai é vice-presidente do atual governo, que adotou uma política de aproximação com os Estados Unidos e distanciou-se da China. A vitória de Lai nas urnas foi duramente criticada por Pequim, enquanto Washington parabenizou o povo taiwanês.

Dispostos a manter diálogo

O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA também mencionou, durante a reunião com Wang Yi, a "profunda preocupação" de Washington com as últimas manobras da Coreia do Norte, que realizou disparos de centenas de projeteis em ilhas próximas à Coreia do Sul, alegando ameaça à paz pelo vizinho. Os americanos gostariam de conversar com o vice-ministro das Relações Exteriores da China, que visitou a Coreia do Norte, após seu retorno.

Durante as conversas na sexta-feira e no sábado, os dois países também reafirmaram seu desejo de manter um diálogo sobre inteligência artificial na primavera e saudaram o progresso na cooperação antidrogas.

Pequim e Washington tiveram disputas nos últimos anos sobre questões como tecnologia, comércio, direitos humanos, o status de Taiwan e a soberania sobre o Mar do Sul da China. Após um período particularmente tenso no início de 2023, os dois governos estão dispostos a continuar o diálogo, embora algumas áreas de atritos permaneçam.

No ano passo, Xi Jinping realizou sua primeira visita aos Estados Unidos desde 2017. Em seu segundo encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, os dois lados firmaram compromissos para restaurar as comunicações militares diretas, suspensas desde o ano passado, e para controlar a venda de produtos usados na fabricação do fentanil, droga que é problema de saúde pública nos EUA. (Com AFP)

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