A Rússia e a Ucrânia trocaram centenas de prisioneiros de guerra, nesta quarta-feira. O novo acordo ocorre uma semana após a queda do avião militar de transporte russo, em Belgorod, convertida em uma guerra de versões entre as partes do conflito. Na última troca, que ocorreu no início deste mês e foi mediada pelos Emirados Árabes Unidos, 248 militares russos e 230 ucranianos foram libertados.
Os números desta quarta-feira apresentam diferenças entre si. Enquanto o Ministério da Defesa da Rússia afirma que 195 de seus soldados foram libertados em troca do mesmo número de soldados ucranianos, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, diz que 207 pessoas retornaram ao país.
O anúncio por parte da Rússia foi feito através de um comunicado do Ministério da Defesa. Em nota, a pasta afirmou que "como resultado do processo de negociação, 195 militares russos" foram devolvidos por Kiev e que, em troca, "exatamente 195 prisioneiros de guerra" ucranianos foram libertados.
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Zelensky, por sua vez, anunciou a libertação em uma publicação no X (antigo Twitter). O líder ucraniano disse que 207 prisioneiros "estavam de volta". O comunicado foi seguido por imagens dos libertados emocionados, alguns segurando a bandeira da Ucrânia.
De acordo com o comissário ucraniano para direitos humanos, Dmytro Lubinets, essa é a 50ª troca desse tipo desde o início da Guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022. Até o momento, um total de 3.035 ucranianos puderam retornar.
Guerra de versões
O novo acordo ocorre exatamente uma semana após a queda do avião militar russo Ilyushin-76, na região sul de Belgrod, na fronteira com a Ucrânia, alvo de ataques ucranianos nos últimos anos. Rússia e Ucrânia, porém, apresentam versões distintas.
Moscou argumenta que a aeronave russa transportava prisioneiros de guerra ucranianos, que seriam trocados por prisioneiros russos. De acordo com a agência de notícias russa RIA-Novasti, 74 pessoas morreram, incluindo a tripulação e 65 prisioneiros ucranianos.
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Já Kiev, que não confirmou oficialmente o abate da aeronave, afirma que o avião levava mísseis para o sistema de defesa aéreo russo S-300. O governo também acusou Moscou de criar uma campanha contra o governo, para desestabilizar a sociedade ucraniana.
Nesta quarta-feira, o presidente russo Vladmir Putin afirmou que um míssil Patriot fabricado nos EUA foi usado no ataque à aeronave. Um dia antes, uma autoridade militar ucraniana alegou que a Rússia não demonstrava vontade de devolver os corpos dos prisioneiros que teriam morrido no ataque, segundo a Reuters.
Segundo a agência de notícias britânica, a Ucrânia disse ainda que Moscou não forneceu evidências para apoiar a suposição de que, de fato, estavam sendo transportados prisioneiros. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também citado pela Reuters, disse na sexta-feira que não tinha informações sobre o que aconteceria com os restos mortais dos supostos prisioneiros mortos, nem se eles seriam enviados à Ucrânia.
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