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Por O Globo e agências internacionais — Bruxelas e Moscou

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) reconheceu nesta quarta-feira que o bloco enviará à Ucrânia apenas metade das munições de artilharia prometidas para o mês de março, no momento em que a Rússia intensifica seus ataques e dá sinais de que reforçará as linhas de defesa.

Inicialmente, o compromisso era de que o bloco mandaria aos ucranianos 1,1 milhão munições de 155 milímetros, usadas em artilharia e que vêm se provando cruciais no atual estágio da guerra, com os dois lados travando um conflito de trincheiras. Contudo, apenas 524 mil munições chegarão às linhas ucranianas até março — o restante será enviado até o fim do ano.

Segundo Borrell, esse é um problema sério, mas que está sendo resolvido pelos integrantes da UE. Gargalos de produção foram eliminados, e a capacidade de produção de munições foi incrementada: hoje ela seria, de acordo com o ministro da Defesa da Estônia, Hanno Pevkur, de 1,5 milhões peças por ano. Com isso, Borrell espera que não haja mais atrasos do tipo.

— Houve uma inércia inicial, mas uma vez que as coisas começam a se movimentar, elas podem ser aceleradas — disse Borrell, ao final de uma reunião informal dos ministros da Defesa da UE em Bruxelas. — Esse é um trabalho em progresso, toda a máquina está funcionando, e os Estados estão dando ordens.

O fracasso em não atingir a meta de munições prometidas aos ucranianos também foi criticada em uma carta redigida pelos chefes de governo de Alemanha, República Tcheca, Holanda, Estônia e Dinamarca, na qual também pressionaram os demais países da UE a incrementar o nível de ajuda.

"No começo do ano passado, a UE se comprometeu com a ambiciosa meta de fornecer um milhão de munições de artilharia à Ucrânia antes de março de 2024. A verdade dura: nós não atingimos esse objetivo", diz o texto, publicado no Financial Times nesta quarta-feira. "A Rússia não espera por ninguém, e nós precisamos agir agora. Se a Ucrânia perder, as consequências a longo prazo e os custos serão muito mais altos para nós. Nós, europeus, temos uma responsabilidade. Precisamos agir, o futuro da Europa depende de nós."

Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, as instituições e países da União Europeia enviaram cerca de € 28 bilhões (R$ 150 bilhões) em ajuda militar a Kiev, sendo a Alemanha a maior doadora (€ 17,1 bilhões, ou R$ 91,6 bilhões), de acordo com números do Instituto Kiel. Na conversa com os repórteres, Borrell declarou que € 24 bilhões (R$ 128,6 bilhões) em ajuda foram prometidos para 2024. O maior doador individual segue sendo o governo dos Estados Unidos, com € 43,9 bilhões (R$ 235,3 bilhões) apenas em ajuda militar.

Segundo o Instituto Kiel, houve uma queda acentuada na ajuda no final do ano passado, de até 90%, em comparação com o mesmo período de 2022, e alguns fatores podem ajudar a explicar a redução. Nos EUA, impasses com a oposição republicana, que controla a Câmara, estão barrando desde o ano passado a aprovação de um pacote que prevê ajuda de US$ 61 bilhões (R$ 301,9 bilhões) a Kiev, incluindo apoio militar, financeiro e humanitário. Na semana passada, o Pentágono afirmou que sem novos aportes, não conseguirá enviar mais dinheiro e equipamentos para os ucranianos.

Na Europa, os líderes do bloco vão se reunir nesta quinta-feira para quebrar um impasse que impede a aprovação de um pacote de ajuda de € 50 bilhões(R$ 268 bilhões), focado prioritariamente em manter a Ucrânia solvente pelo menos até 2027. Hungria, país que não condenou a invasão russa, questiona o envio do dinheiro, e tenta emplacar novas propostas. Para que o plano seja aprovado, é necessário o aval de todos os 27 integrantes da UE, e a Hungria vetou a proposta inicial no último encontro de cúpula.

— A diferença em relação a dezembro [última reunião de líderes], muitos líderes estão ficando irritados, e querem jogar duro — disse à rede ABC um negociador da UE. — A negociação está ficando mais complicada porque a posição da Hungria não está realmente flexível.

'Zona desmilitarizada'

Enquanto os aliados da Ucrânia tentam ajustar seus ponteiros, a Rússia sinaliza planos para reforçar suas linhas de defesa e evitar os recorrentes ataques atribuídos à Ucrânia dentro de seu território. Durante uma reunião com parlamentares, ele disse que a linha de frente deveria "se afastar" das fronteiras russas, permitindo a criação de uma "zona desmilitarizada" mais ampla.

— Esta linha deveria ser uma distância do nosso território que garantisse a segurança contra uma arma de longo alcance de produção estrangeira, principalmente as que autoridades ucranianas usam para bombardear cidades pacíficas [na Rússia] — disse Putin, citado pela agência Tass. — [O Exército está empenhado em] afastar o inimigo de áreas povoadas vitais da Federação Russa. Este é o principal motivo dos nossos homens que lutam e arriscam as suas vidas: defender a pátria, proteger nosso povo.

Ele também sugeriu aos bancos russos que comecem a operar nas regiões anexadas pela Rússia no Leste da Ucrânia, assim como ocorreu na Crimeia após 2014. Mais um sinal de que o objetivo de Putin é estabelecer uma presença de longo prazo nestas regiões, mesmo violando leis internacionais.

— Quanto aos bancos, gostaria de chamar a atenção dos nossos colegas: não há nada a temer. O que tínhamos medo antes, sanções, já aconteceu. O que há para temer? — disse Putin, segundo a Tass. — Precisamos criar novas instalações de produção, novas instalações sociais, empregos e definir o impulso para o desenvolvimento sustentável e a longo prazo de todas as esferas da vida nestas regiões. Esta é a nossa prioridade, nossa tarefa fundamental.

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