Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo e agências internacionais — Doha

O Egito e o Catar acolherão uma nova rodada de negociações no Cairo para tentar alcançar a "calma na Faixa de Gaza" e a troca de prisioneiros palestinos por reféns capturados de Israel a partir desta quinta-feira, um dia depois de vir a público detalhes da proposta do grupo terrorista Hamas para um plano de cessar-fogo que levaria ao fim da guerra, que completou quatro meses nesta quarta-feira. Avi Hyman, porta-voz do governo israelense, afirmou que o Mossad (serviço de Inteligência externa de Israel) "está analisando de forma atenta o que nos foi apresentado". Em nova visita à região, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, indicou que espera chegar a um acordo, mas alertou que há “muito trabalho a fazer”.

A contraproposta do Hamas foi apresentada na terça-feira a partir de um esboço elaborado pelo Catar, Egito e os Estados durante negociações no mês passado em Paris. Recebida com otimismo pelos mediadores, a resposta do grupo para uma nova trégua — em novembro, uma paralisação temporária dos combates possibilitou a libertação de mais de 100 das quase 240 pessoas mantidas como reféns — inclui, contudo, a reivindicação de uma retirada militar israelense completa de Gaza, algo até agora rejeitado publicamente pelo Estado judeu, que prometeu sair somente após a eliminação completa do grupo fundamentalista islâmico.

Nem o Hamas nem Israel divulgaram formalmente detalhes sobre o texto. Mas o jornal libanês Al-Akhbar, considerado próximo do grupo xiita libanês Hezbollah, um aliado do Hamas, publicou uma versão vazada nesta quarta-feira, oferecendo a visão mais detalhada até agora dos termos do grupo para pôr fim aos combates. Sob condição de anonimato, um alto integrante do Hamas e uma autoridade israelense confirmaram que o texto correspondia à contraproposta do Hamas.

135 dias de trégua

Sob o plano, os dois lados observariam um cessar-fogo em três estágios por 135 dias, cada um deles durando 45 dias, durante os quais presos palestinos seriam trocados pelos reféns sequestrados durante o 7 de outubro, quando o Hamas também deixou mais de 1,2 mil mortos em Israel — o pior ataque contra o país desde sua formação, em 1948. Como resposta ao ataque, Israel iniciou uma campanha militar aérea e terrestre que deixou mais de 28 mil mortos, segundo o Ministério de Saúde de Gaza, território que é controlado pelo Hamas desde 2007.

Na primeira fase, as forças israelenses se retirariam das áreas residenciais de Gaza, permitindo o retorno dos moradores do enclave a suas áreas de origem. O movimento também pede a entrada de mais ajuda humanitária — um mínimo de 500 caminhões diários com suprimentos, combustíveis e outras mercadorias — e o início da reconstrução de hospitais e residências, assim como a criação de acampamentos temporários. Nessa etapa, o Hamas reivindica a libertação de todas as mulheres, menores de 19 anos e idosos presos por Israel. Em troca, o grupo se compromete a soltar reféns nas mesmas categorias, com exceção de soldados mulheres.

Outros 1,5 mil dos mais de 8 mil palestinos presos por Israel também seriam soltos nesta fase, incluindo 500 que cumprem longas sentenças por seu envolvimento em ataques mortais contra israelenses. Os nomes dos 500 seriam escolhidos pelo grupo, diz o documento. Na semana passada, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu que não libertará milhares de presos palestinos ou retirar as forças israelenses sob os termos de um acordo de cessar-fogo.

— Não vamos aceitar nada além de vitória total — disse Netanyahu durante um discurso na Cisjordânia ocupada.

A fase seguinte incluiria a retirada completa do Exército de Israel de Gaza, enquanto o Hamas libertaria todos os homens mantidos como reféns em troca da soltura de mais prisioneiros palestinos. Durante a terceira e última fase, tanto Israel quanto o Hamas trocariam os corpos que têm sob custódia, com a expectativa de que os dois lados cheguem a um acordo definitivo pelo fim da guerra. De acordo com um relatório divulgado na terça-feira, há cerca de 100 reféns ainda vivos em Gaza, com os corpos de mais de 30 estando em poder do Hamas.

Sem concessões

Analistas próximos do Hamas argumentaram ao New York Times que o grupo não seria capaz de oferecer concessões nas questões mais espinhosas das negociações.

— Manter um soldado israelense em Gaza seria uma derrota e uma catástrofe — disse Salah al-Din al-Awawdeh, um analista palestino que foi libertado de uma prisão israelense em 2011. — Ninguém aceitará isso.

Ghazi Hamad, um integrante graduado do Hamas, disse numa entrevista na TV na noite de terça-feira que a liderança do grupo apoiaria um cessar-fogo em fases e uma retirada gradual de Israel desde que o processo conduzisse a uma trégua final.

— Israel quer receber todos os reféns e depois ter liberdade absoluta para voltar à guerra e à matança e aos assassinatos — disse Hamad à al-Mayadeen, a emissora libanesa. — Mas, no final, precisamos de um texto que garanta claramente um cessar-fogo abrangente e a retirada das forças de ocupação.

O secretário de Estado dos EUA chegou a Israel após se reunir com os líderes mediadores do Catar e do Egito nesta semana, em sua a quinta viagem ao Oriente Médio desde o início do conflito.

— Ainda há muito trabalho a fazer, mas continuamos pensando que um acordo é possível, e inclusive essencial, e vamos continuar trabalhando sem descanso para alcançá-lo — garantiu Blinken, afirmando que discutirá a proposta ainda nesta quarta-feira com Israel.

Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou as exigências do Hamas como “um pouco exageradas”, mas não deu mais detalhes.

Mais recente Próxima Bombeiros encontram três mortos em prédio que desabou perto de Barcelona

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Trabalhador de 28 anos tentava salvar máquinas da empresa e foi cercado pelo fogo

Brasileiro morre carbonizado em incêndio florestal em Portugal

Marçal prestou depoimento nesta segunda-feira (16) sobre o episódio

Novo vídeo: ângulo aberto divulgado pela TV Cultura mostra que Datena tentou dar segunda cadeirada em Marçal

Polícia Civil deve cumprir mandados de prisão contra os suspeitos ainda esta semana

Incêndios florestais no RJ: 20 pessoas são suspeitas de provocar queimadas no estado

Além de estimativas frustradas, ministro diz que comunicação do BC americano levou analistas a vislumbrar possibilidade de subida na taxa básica americana

Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos BCs globais em torno dos juros

Ministro diz que estes gastos fora do Orçamento não representariam violação às regras

Haddad: Crédito extraordinário para enfrentar eventos climáticos não enfraquece arcabouço fiscal

Presidente irá se reunir com chefes do STF e Congresso Nacional para tratar sobre incêndios

Lula prepara pacote de medidas para responder a queimadas

Birmingham e Wrexham estão empatados na liderança da competição

'Clássico de Hollywood': time de Tom Brady vence clube de Ryan Reynolds pela terceira divisão inglesa

Projeto mantém medida integralmente em 2024 e prevê reoneração a partir de 2025

Lula sanciona projeto de desoneração da folha de pagamento de setores intensivos em mão de obra

Empresas de combustível foram investigadas pelo Ministério Público por esquema de fraudes fiscais

Copape e Aster pedem recuperação judicial para tentar reverter cassação de licenças pela ANP