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Desde o anúncio de que o apresentador americano Tucker Carlson havia entrevistado o presidente russo Vladimir Putin em Moscou, uma espécie de frenesi tomou conta da imprensa local, majoritariamente ligada financeiramente ou editorialmente ao Kremlin. Carslon foi acompanhado em mercados, caminhadas e, finalmente, quando a conversa de quase duas horas foi ao ar no site do jornalista na noite desta quinta-feira, ela foi retransmitida na TV local em inglês e russo.

Quem aguardava anúncios bombásticos, questionamentos mordazes — como ocorridos em conversas passadas de Putin com jornalistas ocidentais —, ou algum tipo de sinalização sobre o futuro da guerra saiu frustrado. Carlson, visceralmente ligado ao presidente americano Donald Trump e crítico do apoio ocidental à Ucrânia, deu ao presidente uma plataforma de duas horas para velhos argumentos políticos e históricos.

Putin iniciou a conversa com uma longa explicação sobre as origens históricas da relação entre Rússia e Ucrânia. Por 25 minutos, desfilou argumentos já mencionados em discursos nos últimos dois anos, ou então em um artigo, publicado em 2021, no qual Putin questionava a própria razão de existir da nação ucraniana. Em determinado momento, chegou a se desculpar com Carlson pelo tempo usado em sua "contextualização histórica".

Em um dos poucos momentos em que foi questionado de forma mais dura, sobre o jornalista do Wall Street Journal Evan Gershkovich, preso em 2023 por acusações de espionagem, disse que o caso está a cargo dos serviços de segurança, mas que não exclui "um acordo", que envolveria uma eventual troca de prisioneiros. Em 2022, a americana Brittney Griner, presa por posse de óleo de cannabis, foi trocada por Viktor Bout, considerado um dos maiores traficantes de armas do planeta, e que estava detido nos EUA.

— Nós, em princípio, estamos prontos para dizer que não excluímos a possibilidade de podermos fazer isso [troca de prisioneiros] em acordo com nossos parceiros — afirmou. — E quando digo “parceiros”, quero dizer representantes de serviços especiais. Eles estão em contato entre si e discutem esse assunto. Não temos tabu sobre não resolver esse problema. Estamos prontos para resolver isso, mas há certas condições que estão sendo discutidas através de canais parceiros entre os serviços de inteligência. Parece-me que isso pode ser acordado.

Ao falar sobre a guerra, usou seu conhecido tom soturno para atacar as autoridades ucranianas, afirmando que agem como se fossem "satélites dos EUA", e voltou a afirmar que a Ucrânia é um "Estado artificial", reiterando as alegações de que o governo de Volodymyr Zelensky é "nazista".

— Todos no Ocidente pensam que os combates separaram para sempre uma parte do povo russo da outra. Não. A reunificação acontecerá. Ela não desapareceu — disse Putin. — Eu digo que eles [ucraniano] fazem parte do povo russo, as eles dizem: omos um povo separado. Se alguém se considera um povo separado, tem o direito de fazê-lo, mas não com base no nazismo.

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Putin criticou a expansão da Otan rumo ao Leste da Europa, apontando que essa é uma política de intimidação conduzida ao longo das décadas — ao mesmo tempo, negou ter planos para atacar a Polônia e a Letônia, a menos, pontuou, que essas nações ataquem primeiro.

— Eles [o Ocidente] têm assustado o mundo todo o tempo todo: [dizem que] amanhã a Rússia usará armas nucleares táticas, amanhã usará outra coisa, e depois de amanhã. Essas são apenas histórias de terror para pessoas comuns, contadas para extrair dinheiro delas — disse Putin.

Quando questionado se poderia pôr um fim à guerra, disse que ainda não atingiu seus objetivos com a invasão, incluindo a "desnazificação" da Ucrânia, um conceito que o próprio Kremlin tem dificuldades para definir, e que Putin gastou alguns minutos tentando explicar. Ele cravou ser "impossível" uma derrota russa na guerra iniciada há quase dois anos. Diante de uma pergunta sobre uma guerra mundial, também afirmou não ver esse cenário como plausível.

— Isso é absolutamente impossível. Você não precisa ser nenhum tipo de analista: é contrário ao bom senso ser arrastado para algum tipo de guerra global. E uma guerra global colocará toda a humanidade à beira da destruição. Isto é óbvio — disse Putin.

Aliado?

A conversa com Tucker Carlson foi a primeira de Putin com um jornalista ocidental desde a invasão da Ucrânia. Em um vídeo publicado antes da exibição da conversa, Putin disse que os veículos europeus e americanos "nao contam a verdade" sobre o que acontece na Rússia, e sugeriu que a imprensa internacional não havia se interessado em ouvir o líder russo.

Imediatamente, correspondentes e ex-correspondentes na Rússia detalharam suas negativas ouvidas do Kremlin — o Secretário de Imprensa da Presidência, Dmitry Peskov, disse que vários veículos requisitaram entrevistas, mas que Carslon foi escolhido por ser "mais aberto do que a mídia tradicional anglo-saxã".

Tucker Carlson foi demitido da Fox News em abril de 2023 em meio a acusações de racismo e em meio a um processo milionário por difamação, movido por uma fabricante de urnas eletrônicas. Ele levou seu discurso alinhado à extrema direita ao X, o antigo Twitter, onde vem arrebatando grandes audiências. O dono da plataforma, Elon Musk, estava entre os mais de 15 milhões de espectadores da entrevista, que foi exibida também em canais abertos de TV na Rússia.

A conversa também acontece em um momento político interessante para a Rússia nos EUA. Além das eleições de novembro, nas quais Putin já expressou seu apoio a Donald Trump, os republicanos têm barrado novos pacotes de ajuda militar à Ucrânia, e pressionado por uma resolução imediata da guerra. Após anunciar que faria a entrevista, Carlson foi chamado de "idiota útil" pela ex-senadora e ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, e de "traidor" pelo ex-deputado republicano Adam Kinzinger.

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