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Por O Globo, com agências internacionais

Uma delegação política do Hamas desembarcou, nesta quinta-feira, no Cairo, para uma rodada de negociações sobre o fim da guerra na Faixa de Gaza — ou ao menos uma trégua —, um dia após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descrever como "delirante" uma contraproposta do grupo terrorista para um plano de cessar-fogo mediado por Catar, Egito e EUA. A viagem da delegação e sinais de autoridades israelenses apontam que, apesar do impasse, ambos estão abertos a seguir com as negociações de paz.

— Há um acordo entre os membros da coalizão de governo, e particularmente entre membros individuais do governo, de que temos de recuperar os reféns e fazer um acordo — disse Miki Zohar, ministro israelense, em uma entrevista de rádio na manhã desta quinta-feira. — Mas não a qualquer preço. Parar a guerra, por exemplo, eles não concordarão.

Embora a resposta de Netanyahu à proposta do Hamas tenha sido dura — além de chamá-la de "ridícula" e "delirante", disse também que ela não garantia a devolução dos reféns ou a segurança do país —, fontes do governo israelense ouvidas pelo The New York Times afirmaram, em anonimato, que há um segundo nível de análise para além do posicionamento inicial.

De acordo com os funcionários do governo, as principais exigências do Hamas — que incluíam a retirada militar completa de Israel de Gaza e uma trégua de 135 dias, segundo um esboço revelado pelo jornal libanês Al-Akhbar, próximo ao Hezbollah — foram consideradas inaceitáveis. Contudo, a avaliação é de que os termos deixam espaço para discussão, se o documento for uma proposta inicial, e não uma oferta final.

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Analistas apontaram que apesar da sinalização negativa de Netanyahu, com a escolha de termos fortes para recusar o acordo, o premier — um negociador astuto e experiente — teria dado sinais de que ainda está disposto a manter a mesa de negociações. Caso o objetivo fosse enterrar em definitivo a via dialogada, indicam, a sinalização seria clara e em termos ainda mais decisivos.

— A porta foi fechada, mas a janela ainda está aberta. Não para aquele acordo [a contraproposta do Hamas], que ele não poderia aceitar, mas para um acordo diferente — disse Nadav Shtrauchler, analista político que anteriormente atuou como estrategista de mídia de Netanyahu.

O esforço por manter as negociações vivas também é visível do lado palestino. O grupo comunicou que a delegação no Egito seria liderada por um dos seus altos funcionários, Khalil al-Hayya. De acordo com Osama Hamdan, porta-voz do Hamas, o objetivo da viagem é discutir a proposta do grupo.

Partes externas ao conflito têm trabalhado exaustivamente para avançar com um acordo que alivie o conflito. A Casa Branca anunciou, nesta quinta-feira, que o rei Abdullah II, da Jordânia, visitará os EUA para uma reunião com o presidente Joe Biden, na segunda-feira, para falar sobre os esforços para pôr fim à guerra em Gaza.

Tanque de guerra israelense é enviado para proteger posição enquanto palestinos deslocados fogem de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza — Foto: Mahmud Hams/AFP
Tanque de guerra israelense é enviado para proteger posição enquanto palestinos deslocados fogem de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza — Foto: Mahmud Hams/AFP

Apesar disso, grandes gargalos precisam ser superados antes de um acordo ser fechado. O principal deles parece ser a visão completamente antagônica sobre a atividade militar de Israel em Gaza.

Enquanto o Hamas exige a saída dos militares israelenses do território palestino, o governo de Israel definiu como objetivo de guerra a eliminação completa do grupo. O próprio Netanyahu afirmou que não concordaria com nenhum cenário pós-guerra que mantivesse no poder a organização terrorista responsável pela morte de 1,2 mil pessoas. Apesar de manter a janela aberta para as negociações, o premier ordenou o avanço dos militares sobre Rafah. (Com NYT).

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