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Por O Globo, com agências internacionais

Aliados da Otan reagiram com inquietação e preocupação à insinuação do ex-presidente dos EUA Donald Trump, principal candidato do Partido Republicano na disputa pela Casa Branca, de que o país poderia não defender um integrante da aliança militar em caso de ataque estrangeiro, se o aliado não estivesse em dia com suas obrigações de investimentos em Defesa. A fala do candidato repercutiu entre líderes europeus, que convocaram seus vizinhos no continente a se preparar para um cenário de retorno de Trump à Presidência dos EUA.

Trump comentou sobre seus planos para a Otan durante um comício na Carolina do Sul, no sábado. O ex-presidente narrou como foi uma conversa entre ele e um líder europeu — sem especificar quem ou onde ocorreu — de um “grande país” da aliança que, segundo ele, não despendia 2% do PIB em Defesa, mas queria garantias de que os EUA os defenderiam em caso de ataque.

— Um dos presidentes de um grande país levantou-se e disse: 'Bem, senhor, se não pagarmos e a Rússia nos atacar, você nos protegerá?' — narrou Trump. — Não, eu não faria isso. Na verdade eu encorajaria [a Rússia] a fazer o que quisesse. Eles [os aliados da Otan] devem pagar as suas dívidas.

As falas de Trump repercutiram entre a cúpula da política europeia, bem como nos EUA. O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, ironizou a declaração do republicano.

— Vamos ser sérios: a Otan não pode ser uma aliança militar "à la carte", não pode ser uma aliança militar dependente de como o presidente dos Estados Unidos está a cada dia — disse ele..

O secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, fez uma rara acusação pública, dizendo que a declaração minaria a segurança dos países-membros. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné, conclamou os europeus a se prepararem para "absorver o choque" de um possível retorno do ex-presidente à Casa Branca.

O comentário também ocorre em um momento no qual alertas sobre uma possível ameaça russa à Otan ganham corpo. Há semanas, vários ministros da Defesa da aliança têm alertado para ações hostis — na última advertência, há poucos dias, o ministro da Defesa dinamarquês, Troles Lund Poulsen, pediu aos cidadãos do país nórdico que se preparassem para uma fase difícil, estimando que em um período de três a cinco anos Moscou vá testar o Artigo 5º e a defesa coletiva da Otan. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, afirmou em entrevista recente que um ataque poderia acontecer em cinco a oito anos.

Embora não esteja realizando nenhuma ação direta contra as fronteiras da Otan neste momento, Moscou acirra sua oposição aos aliados europeus em outras frentes. Nesta terça-feira, o Kremlin anunciou que um mandado de busca havia sido emitido contra a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, alvo de um processo criminal na Rússia. O gesto reflete as tensões com os países bálticos, que crescem desde a invasão da Ucrânia — o secretário de Estado da Estônia, Taimar Peterkop, também está sujeito a um mandado de busca, assim como o ministro da Cultura da Lituânia, Simonas Kairys.

Fato político pró-Biden

Apesar das implicações para o ideal de defesa coletiva e para a unidade do bloco, as falas de Trump foram discretamente comemoradas em Washington pelo presidente Joe Biden, candidato à reeleição. Em meio a um turbilhão político e questionamentos sobre sua acuidade mental, o democrata viu o seu principal rival retirar os holofotes dele em um momento de crise.

Analistas foram rápidos em apontar que as declarações de Trump sobre a Otan forneceram à campanha de Biden uma maneira conveniente de reformular as críticas sobre sua idade, 81 anos: de que o presidente pode ser um homem velho que às vezes se esquece das coisas, mas que o seu adversário é ao mesmo tempo idoso e perigosamente imprudente.

A Casa Branca divulgou um comunicado dizendo que “encorajar invasões dos nossos aliados mais próximos por regimes assassinos é terrível e desequilibrado”. Em uma declaração separada divulgada por sua campanha, Biden disse que os comentários de Trump eram “previsíveis vindos de um homem que promete governar como um ditador como aqueles que ele elogia no primeiro dia se retornar ao Salão Oval”. Nas redes sociais, ele se referiu a Trump como um dos “lacaios úteis” do presidente russo, Vladimir Putin.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Cúpula da Otan em Madri — Foto: AFP
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Cúpula da Otan em Madri — Foto: AFP

A fala também foi repercutida pela principal adversária de Trump no campo republicano, a ex-embaixadora dos EUA na ONU Nikki Haley. Em entrevista à Fox News, a pré-candidata à Presidência apontou que em vez de projetarem e fortalecerem a candidatura de Trump, suas declarações apenas teriam efeito positivo para Biden.

— Isso é o que você vai conseguir: um caos descontrolado — disse Haley na Fox News. — E isso só faz Joe Biden parecer são. Quando você consegue que Donald Trump faça Joe Biden parecer são, é mais uma razão pela qual Donald Trump não pode derrotar Joe Biden. Eles estão pegando tudo o que ele está dizendo e vão usar isso contra ele. (Com El País, NYT e AFP)

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