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Por O Globo e agências internacionais — Washington

Eleitores nos subúrbios de Nova York elegeram um democrata para substituir o congressista republicano de origem brasileira George Santos. Com quase 100% dos votos apurados, Tom Suozzi derrotou a republicana Mazi Pilip — uma vitória que diminui mais ainda a estreita vantagem dos republicanos na Câmara e injeta um pouco de otimismo nos democratas para as eleições presidenciais em novembro.

Santos, filho de brasileiros, foi cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados dos EUA em dezembro, numa decisão que contou com o apoio de deputados do seu partido, tornando-o apenas o sexto deputado na história dos Estados Unidos a ser expulso da Câmara.

Com 61 anos, Suozzi, um político veterano que já ocupou o cargo antes de concorrer sem sucesso ao governo do estado de Nova York, cumprirá os 11 meses restantes do mandato de Santos.

— Apesar dos truques sujos e dos ataques, ganhamos — disse aos apoiadores. — Vencemos esta disputa: nós, vocês, vencemos porque abordamos as questões e encontramos uma forma de unir as nossas divisões.

Santos virou manchete nos Estados Unidos e no Brasil depois de ter seus gastos de campanha expostos pela imprensa americana. A lista de despesas — pagas com fundos de campanha desviados — inclui assinaturas no site de conteúdo adulto OnlyFans, aplicações de botox, estadias em Las Vegas no período em que disse à sua equipe que estaria em lua de mel e milhares de dólares em spas. Após as revelações, Santos declarou que não iria mais concorrer à reeleição em 2024.

Otimismo e manual para migração

A vitória de Tom Suozzi reduz ainda mais a estreita maioria dos republicanos na Câmara dos Deputados e tornou-se uma espécie de prévia das eleições de novembro. Quando Suozzi tomar o assento nas próximas semanas, serão 219 republicanos contra 213 democratas, o que na prática dá à oposição a vantagem de perder apenas dois votos em qualquer votação.

A diferença pode reduzir significativamente as ambições dos republicanos para o ano eleitoral, incluindo o possível impeachment do presidente Joe Biden, aberto em dezembro. Também afetará o poder de barganha do partido nas negociações para tentar evitar uma paralisação do governo em março.

A reconquista de assento pelos democratas ainda deu ao partido uma dose necessária de otimismo e, principalmente, um modelo de como lidar com uma das principais pautas do pleito: a imigração. Em vez de se esquivar do assunto, Souzzi tornou a questão uma peça central da sua campanha — a migração ilegal bateu recordes em dezembro, e mais de 170 mil pessoas chegaram à cidade de Nova York.

Moderado, o novo congressista pediu a Biden que fechasse a fronteira e foi ao noticiário local pedir a deportação de um grupo de homens migrantes acusados ​​de agredir policiais na Times Square. Ao mesmo tempo, acusou a adversária de colocar o partidarismo acima da segurança nacional, após a republicana condenar o pacote migratório bilionário, barrado na semana passada pelo Senado, chamando-o de "a legalização da invasão de nosso país".

— Essa é uma boa indicação do que tem sido toda essa disputa — respondeu Suozzi na segunda-feira. — Quero ter soluções bipartidárias para os problemas que enfrentamos, e minha oponente está adotando pontos de discussão republicanos de extremistas.

Durante a campanha, os republicanos tentaram retratar Suozzi como um político de abordagem branda frente à imigração ilegal, e os democratas atacaram as posições antiaborto de Pilip. O democrata têm repetido que "as pessoas estão cansadas do extremismo e das acusações", já quem em paralelo "nada está sendo feito."

Uma tempestade de neve no dia da eleição contribuiu ainda mais para prejudicar os republicanos e fazer com que sua participação despencasse — os democratas tendem a participar em maior número na votação antecipada. Nesse caso, Suozzi começou a terça-feira com milhares de votos acumulados.

Caso George Santos

O caos na vida política de Santos começou depois que reportagens do New York Times revelaram uma série mentiras em sua biografia. São quase 15 acusações em seu nome, sendo as principais relacionadas à fraude na campanha. Santos teria operado um esquema durante as eleições de 2022 no qual ele e um consultor político angariaram US$ 50 mil (R$ 247 mil) com doadores de campanha para "despesas independentes", que seriam usadas para publicidade e anúncios de TV.

A quantia, porém, foi transferida para uma conta pessoal do ex-congressista, que gastou em artigos de luxo e pagamentos de cartões de crédito. Nesse caso, Santos também vai responder por lavagem de dinheiro.

Eleito sob a narrativa do "sonho americano", Santos usou o fato de ser filho de imigrantes brasileiros e neto de judeus que escaparam do Holocausto para crescer politicamente. Ele também mentiu sobre a formação em duas universidades públicas e sobre ser um um financista de sucesso em Wall Street.

As "floreadas" no currículo — como ele mesmo depois assumiu ter feito — ganharam contornos de história policial quando suspeitas de irregularidades no financiamento da sua campanha vieram à tona. A Comissão de Ética do Congresso abriu uma investigação contra o parlamentar após surgirem indícios de que ele teria omitido informações sobre o seu patrimônio. O motivo também o tornou alvo de duas acusações por declarações falsas.

Santos também é alvo de outras duas acusações de fraude por ter recebido ilegalmente auxílio desemprego do governo de Nova York durante a pandemia de Covid-19, obtendo mais de US$ 24 mil (R$ 118 mil) em recursos no mesmo período em que ganhava US$ 120 mil por ano trabalhando para uma financeira da Flórida.

George Santos também enfrenta um processo criminal no Brasil por suposta fraude de cheques em um episódio ocorrido em 2008. Os registos do tribunal mostram que Santos gastou quase US$ 700 (cerca de R$ 3,4 mil) utilizando um bloco de cheques roubado e um nome falso numa loja em Niterói, no Rio de Janeiro.

Ele confessou o roubo em 2010, mas as investigações foram paralisadas quando a polícia e o Ministério Público não conseguiram localizá-lo após sua mudança para os Estados Unidos. Na quinta-feira, mesmo dia em que enfrentará a Justiça americana, uma audiência está marcada na 2ª Vara Criminal de Niterói pelo caso de estelionato.

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