No cargo há quase três anos, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, foi escolhido como sucessor de Yossi Shelley no cargo ainda durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde o começo da guerra travada entre Israel e Palestina, acumula atritos com o PT e dirigentes petistas, que criticaram uma suposta aproximação do representante com o ex-presidente. Nesta segunda-feira, ele vai se encontrar com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, para tentar distensionar posição de Israel que tornou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) persona non grata após falas com associação ao Holocausto.
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Zonshine ingressou no Ministério de Relações Exteriores de Israel em 1990, aos 32 anos, onde passou a construir uma carreira que o alçou a representante israelense em cinco países, incluindo o Brasil. Em sua primeira passagem pelo país, foi ministro-conselheiro da embaixada em Brasília, entre 1998 e 2002.
Depois, foi cônsul geral em Mumbai, na Índia, entre 2005 e 2008, e embaixador de Israel em Yangon, em Mianmar. De volta a Israel entre 2008 e 2009, concluiu um mestrado em Estudo de Defesa na Universidade de Haifa e na Universidade Nacional de Defesa. Desde 2018, ele é o responsável pelos Programas no Exterior da Agência Nacional para a Cooperação Internacional de Israel.
Atritos com PT e encontro com Bolsonaro
Desde o começo da guerra entre Israel e a Palestina, que se arrasta há quatro meses, o PT, o governo Lula e o embaixador enfrentam uma série de atritos envolvendo encontros com o ex-presidente Jair Bolsonaro e posicionamentos petistas sobre a postura israelense na guerra.
Na primeira semana do conflito, o PT divulgou nota condenando os ataques do grupo terrorista Hamas, mas afirmou que o exército israelense realiza um "genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra". A sigla, no entanto, não explicou o que interpreta como "genocídio". Em resposta ao documento, Zonshine afirmou que o "PT perdeu a visão de humanidade". Em entrevista ao portal Poder 360 em outubro, questionou os valores apoiados pelo partido:
— Isso é maneira (de falar) de um partido que fala de direitos humanos? São direitos humanos matar crianças e estuprar mulheres? Esses são os valores que o PT apoia? O apoio aos palestinos é uma coisa, podemos discutir isso, mas apoiar o Hamas?
Outro ponto de inflexão foi em novembro, quando o embaixador compareceu a reunião no Congresso Nacional com grupo de parlamentares da oposição ao governo Lula e com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O encontro, em que teriam sido discutidos os ataques do Hamas contra israelenses em 7 de outubro, foi duramente criticado por petistas. Em entrevista à GloboNews, ele afirmou que se comunica direto com o chefe de Zonshine.
— Eu não falo com o embaixador de Israel no Brasil. E u falo com o chefe dele, que é o ministro das Relações Exteriores — afirmou. — Eu só posso me referir a fatos concretos em contatos oficiais, de governo a governo.
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