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Entre as autoridades que vieram ao Rio para a reunião do G20 no Brasil está a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock. Em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Israel por causa da comparação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre a ofensiva israelense em Gaza e o extermínio de judeus na Segunda Guerra, a chefe da diplomacia alemã, em entrevista à GloboNews e ao GLOBO, comentou a declaração do brasileiro e ressaltou que o Holocausto “não pode ser comparado a nada”. Apesar de negar a viabilidade da comparação, Baerbock ponderou que os conflitos podem ser percebidos de formas diferentes ao redor do mundo e defendeu a importância de garantir a segurança de civis israelenses e palestinos.

O que a senhora espera discutir durante o G20?

Estou muito feliz de estar aqui. É importante para nós apoiar a presidência brasileira do G20 em seu projeto mais importante no âmbito da presidência: o combate à pobreza em todo o mundo, a luta por mais justiça e, acima de tudo, a luta contra a crise climática. E temos trabalhado em estreita colaboração entre a Alemanha e o Brasil, especialmente no último ano, no que diz respeito à proteção climática, também em preparação para a próxima conferência climática.

Como a senhora avalia a declaração do presidente Lula comparando os ataques israelenses na Faixa de Gaza com o Holocausto?

O Holocausto é incomparável a qualquer coisa. Seis milhões de judeus foram mortos pelo meu país, por fascistas na Alemanha que deliberadamente queriam acabar com a vida humana, a vida judaica, não apenas na Alemanha, mas em toda a Europa. Já estive no Oriente Médio cinco vezes desde 7 de outubro, quando o Hamas atacou brutalmente mulheres e crianças em Israel. Ainda há alemães no cativeiro do Hamas, um bebê de 1 ano, uma criança de 4 anos e, ao mesmo tempo, a estratégia desses terroristas é abusar das pessoas em Gaza como escudos humanos, e vemos que, infelizmente, esse roteiro está funcionando. É por isso o meu apelo urgente de quando estive em Israel na semana passada, para que o governo israelense lute contra os terroristas e não contra a população. Precisamos urgentemente de uma pausa humanitária que leve a um cessar-fogo sustentável, porque o sofrimento da população de Gaza é insuportável. Do meu ponto de vista, somente isso nos permitirá finalmente criar a paz para ambos, e é importante que discutamos no G20 como podemos progredir.

Esse tipo de comentário pode afetar a relação da Alemanha com o Brasil?

Para mim, é importante que você sempre se pergunte por que algumas pessoas encaram certos conflitos de forma diferente. Porque, é claro, o que está mais próximo de nós é o que sentimos e entendemos com mais naturalidade, como vimos com a guerra provocada pela Rússia, já que tenho amigos e parentes na Ucrânia. Se eu moro na África do Sul ou no Brasil, é a quilômetros de distância e, em alguns casos, você não sabe realmente onde fica a Ucrânia. Assim como meus filhos, eles não sabem exatamente onde ficam alguns países africanos e, por isso, é importante explicar o que aconteceu. Você só pode entender algumas coisas se tiver conversado com as pessoas.

A União Europeia já concordou em impor novas sanções contra a Rússia após a morte de Alexei Navalny, inclusive com seu apoio. Após dois anos de guerra na Ucrânia, os russos estão ocupando novos territórios ucranianos. É suficiente isolar a Rússia apenas com sanções?

A maneira mais fácil de finalmente alcançar a paz, e esse tem sido meu esforço há dois anos, seria Putin retirar suas tropas da Ucrânia. Sem nenhuma razão, ele enviou todo o seu Exército para um país livre e soberano. A melhor solução seria ele retirar suas tropas do Leste da Ucrânia, onde pessoas foram torturadas em porões e onde o Comitê Internacional da Cruz Vermelha ainda não tem permissão para ir. E esses mísseis brutais estão ameaçando atacar escolas e hospitais na capital, Kiev. Esse apelo é um apelo de todos os países do mundo, porque todos os países do mundo estão sofrendo os efeitos dessa guerra brutal de agressão. Os preços dos alimentos subiram vertiginosamente. Podemos ver que os custos de energia subiram, e é por isso que o maior desejo de todos nós é a paz. Infelizmente, Putin não está preparado nem para falar sobre isso. Ele respondeu a todas as ofertas de conversas e a todas as negociações com força brutal, e é por isso que é tão importante para nós apoiar a Ucrânia a se defender. Aqui no Rio, é preciso que todos os 19 Estados ao redor da mesa deixem claro o que também foi deixado no ano passado, no G20, que o mundo precisa de paz. Putin deve finalmente acabar com essa guerra brutal. É também o interesse do povo da Rússia, como vemos com [o opositor encarcerado] Alexei Navalny, porque também estão sofrendo com essa guerra — eles estão sendo presos, sequestrados e assassinados.

A guerra na Ucrânia ameaça a Europa?

As pessoas em meu país acordaram em um mundo diferente há dois anos. Minha geração, meus filhos, sempre tiveram muita sorte de ter uma vida em paz, assim como na América Latina. Essa era a nossa normalidade, e o ataque à Ucrânia também foi um ataque à ordem de paz europeia. Isso significa que as pessoas do meu país estão com muito medo porque se Putin ataca a Ucrânia, um país livre, pessoas inocentes não sabem o que isso significaria para elas. E é por isso que é tão importante para nós que Putin não vença essa guerra na Ucrânia, porque ele deixou isso claro várias vezes em público: a Ucrânia é apenas o começo. Na minha opinião, não podemos nos desesperar nestes tempos. Sim, na Europa temos grandes preocupações, porque nossa paz está muito ameaçada. Ao mesmo tempo, avaliamos o que podemos alcançar se trabalharmos juntos, como no ano passado na COP28 em Dubai e, esperamos, no próximo ano em Belém. É realmente sensacional ter mais tempo e energia para isso como uma comunidade internacional, e é também por isso que precisamos acabar com as guerras no mundo: para que possamos finalmente trabalhar a todo vapor nos projetos que unem todos nós para tornar o mundo um lugar mais seguro.

A senhora já disse que países da África e da América Latina estão mal representados em organismos internacionais. Quais ações a senhora propõe para promover uma reforma na governança global? A senhora é a favor de que o Brasil tenha um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU?

Infelizmente, as instituições internacionais refletem o mundo do século passado, o que é profundamente injusto. Especialmente nas grandes instituições financeiras, como o Banco Mundial e o FMI, a maioria dos Estados não está representada. Como resultado, sempre temos uma alternância entre a Europa e os americanos nas presidências, o que é injusto. Nós, como alemães e enquanto UE, queremos mudar isso, também no Conselho de Segurança. Trabalhamos em conjunto com o Brasil e também com a África do Sul. Também estamos trabalhando com a Índia e com outros países para deixar claro que o Conselho de Segurança da ONU não reflete mais o mundo de hoje e que é fundamental avançar nesse sentido. Tivemos um pequeno sucesso no ano passado no G20, e eu, pessoalmente, fiz uma grande campanha para isso dentro da UE. A União Africana finalmente tem um assento permanente na mesa do G20 e isso agora deve ser expandido nas instituições financeiras, mas também na ONU em Nova York.

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