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Por — Rio de Janeiro

Em entrevista a jornalistas presentes na Cúpula do G20, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que não há como haver segurança e estabilidade para Israel enquanto a Palestina não tiver a garantia de seus direitos. A guerra em Gaza foi um dos pontos discutidos entre os ministros no encontro, cuja solução, reconheceu, não é simples. Borrell abordou também a guerra na Ucrânia, a reforma do Conselho de Segurança da ONU e teceu elogios à liderança do Brasil no fórum.

— Todos concordam que a guerra deve acabar, mas não concordam sobre como fazer isso — disse, em referência ao que foi discutido nas reuniões da Cúpula, destacando um "denominador comum" para a resolução do conflito: — Não haverá segurança sustentável para Israel, a menos que os palestinos tenham uma perspectiva política clara para construir seu próprio Estado.

Borrell pediu ainda que o chanceler brasileiro Mauro Vieira, em sua declaração final, fosse o "porta-voz da solução de dois Estados" – criação de um Estado palestino que coexista pacificamente com o israelense – e que divulgasse para o mundo "que todos eram a favor do cessar-fogo".

— Se todo mundo é a favor da solução, então temos que mobilizar nossa capacidade política para pressionar pela solução.

Sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do último final de semana, que comparou as ações de Israel à morte de judeus pelo regime nazista de Adolf Hitler e abriu uma crise diplomática com o país, Borrell disse que a situação em Gaza é preocupante, mas que o paralelo "não é razoável".

— Não quero interferir em uma questão interna, mas, para nós, é claro que Lula não quis fazer uma comparação entre o que os alemães fizeram durante a Segunda Guerra Mundial, organizar uma matança sistemática de 6 milhões de pessoas, com o que acontece hoje com os palestinos. O que acontece em Gaza é preocupante, mas esta comparação não é razoável — afirmou.

Ainda sobre as tensões na região, o representante do bloco europeu demonstrou preocupação com o número de civis palestinos mortos recentemente na Cisjordânia ao dizer que a região "está fervendo".

Mudanças na ONU

Em relação à reforma no Conselho de Segurança da ONU, uma das pautas defendidas pelo Brasil durante sua presidência à frente do G20, Borrell reconheceu que o conselho não é mais “funcional” da maneira como está estabelecido — os cinco membros com assento permanente no órgão (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) têm poder de veto mesmo que os demais aprovem ou se abstenham.

Questionado pelo GLOBO sobre a proposta brasileira, para uma ampla reforma, o chefe da diplomacia europeia defendeu ser “muito boa” e teceu elogios à presidência do Brasil no G20. Em sua visão, o foco dado pelo Brasil ao chamado Sul Global aproxima "mais e melhor" os europeus da região e evita que o mundo seja "construído em torno de uma disputa entre o Ocidente versus. Oriente". Ele também saudou a participação inédita da União Africana.

— O Brasil conseguiu colocar sobre a mesa a preocupação de que o mundo emergente está se tornando um dos líderes mais importantes do mundo, de fato. E essa proposta é muito significativa. Vamos ver como ela está sendo aceita. Mas uma coisa é fato, se o Conselho de Segurança tiver cada vez mais e mais vetos, ele será (cada vez menos útil).

Citou de exemplo os vetos dos EUA nas questões de Gaza, e os da Rússia nas da Ucrânia, ao dizer que criam "um claro bloqueio para o funcionamento das Nações Unidas em geral".

— Não há confiança entre os membros da comunidade mundial, e o mundo está se tornando cada vez mais polarizado. Não se trata apenas de discordâncias sobre a solução de conflitos, trata-se de algo muito mais existencial, que é vida ou morte — disse Borrell.

Em um mundo cada vez "mais multipolar", Borrel observou ainda que o desafio de uma reforma seria a adequação e o gerenciamento de todos os novos participantes à mesa de negociações. Ele ressaltou que o objetivo de eventuais mudanças nos organismos multilaterais é fazer com que as instituições funcionem, e não criar algo novo:

— Nosso objetivo é fazer com o que nós temos funcione melhor, e não necessariamente criar algo novo. E para isso é necessário um maquinário de configuração institucional, mas também é necessário uma mentalidade geral (mindsetting), uma atitude, uma maneira de abordar os problemas. Mas, em relação à mudança das regras, certamente será mais difícil.

Impacto da guerra na Ucrânia

O chefe da diplomacia europeia também falou que alguns países mencionaram, durante as reuniões, a morte do líder da oposição ao presidente russo Vladimir Putin, Alexei Navalny, numa prisão do país no Ártico, na semana passada. Mas disse que a resposta foi um grande silêncio.

Em relação à guerra na Ucrânia, que no próximo sábado completa dois anos, Borrell denunciou o uso de energia e alimentos "como armas de guerra pela Rússia e a crise que isso gerou".

— Quando há menos alimentos e menos energia, os preços sobem, a inflação cresce, os bancos centrais tomam medidas econômicas para conter a inflação. Isso prejudica muito o crescimento econômico e gera problemas em toda parte, menos trabalho, menos crescimento, menos emprego, menos comércio. — disse, acrescentando que o conflito impacta "todo o mundo", mas especialmente os mais vulneráveis, que não podem "arcar com os preços mais altos".

Ele também reforçou que é importante que seja mantido o apoio militar à Ucrânia porque "não há nenhum sinal de que Putin irá parar essa guerra":

— Não vejo nenhum sinal da Rússia no sentido de aceitar um cessar-fogo ou qualquer outra coisa. Um mês atrás, todos tinham um plano [para encerrar a guerra], agora ninguém mais tem.

Com o aumento dos conflitos em escala global, Borrell disse ainda ser "uma pena que estejamos gastando mais dinheiro com questões militares” enquanto questões climáticas continuam sendo negligenciadas.

Mais recente Próxima Israel bombardeia Rafah em meio às negociações para destravar novo acordo para cessar-fogo em Gaza

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