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Hoje lar de mais de 100 mil refugiados ucranianos, e por onde passaram mais de um milhão de pessoas vindas da Ucrânia após o início da invasão russa, há dois anos, a ex-república soviética da Moldávia virou tema recente de preocupação nas capitais europeias.

Não por causa de seu governo central, que busca a aproximação com Bruxelas e uma eventual entrada na União Europeia, ou por ter os mais baixos índices de desenvolvimento do continente, mas sim pelo ruído causado por uma república separatista aliada a Moscou: na semana que vem, a Transnístria poderá anunciar um referendo sobre a anexação do território à Federação Russa.

Na última semana, as autoridades separatistas convocaram um encontro de parlamentares locais, algo que não acontecia desde 2006 — elas justificaram a decisão citando “tentativas de destruição” da economia local pelo governo moldavo, além de acusações de “violações dos direitos humanos”. Apesar da pauta oficial não ter sido divulgada, políticos da oposição dizem que os planos para um referendo poderão ser revelados.

Mapa da Transnístria, região separatista da Moldávia — Foto: Editoria de Arte
Mapa da Transnístria, região separatista da Moldávia — Foto: Editoria de Arte

Constantemente chamada de “museu de referências" da antiga União Soviética, por conta de seus monumentos com símbolos comunistas e referências a personalidades como Vladimir Lênin, a Transnístria tem uma história tumultuada. Nos anos 1990, a região enfrentou uma guerra civil que deixou centenas de mortos, e que consolidou o controle de fato da região pelos separatistas, embora sem o reconhecimento internacional de sua independência, nem mesmo pelos russos.

Desde então, as autoridades locais buscam estreitar as relações com Moscou, e em 2006 chegaram a realizar um outro referendo, também sobre a anexação pela Rússia — a proposta foi aprovada com quase 100% dos votos, mas o resultado não foi aceito pela comunidade internacional, tampouco pelo governo moldavo. Agora, contudo, o contexto parece diferente.

As anexações de territórios ucranianos após referendos locais, mesmo que contestados internacionalmente, servem de incentivo aos separatistas da Transnístria para uma nova votação. A maior presença russa, especialmente militar, rendeu a designação pelo Conselho da Europa, em 2022, de “território ocupado” e “sob controle efetivo de Moscou”.

A Rússia mantém ali um contingente de 1,5 mil homens, como parte de uma força de manutenção de paz. A região abriga ainda o maior depósito de armas soviéticas da Segunda Guerra Mundial, em Kobasana, guardado permanentemente por militares russos.

A guerra na Ucrânia, país com quem a Transnístria compartilha 454 km de fronteira, apresentou uma nova realidade também para as relações de Moscou com Tiraspol, a capital regional. Nos últimos dois anos, a Rússia se queixa de supostas operações da Otan — a principal aliança militar do Ocidente — na Moldávia, inclusive em áreas controladas pelos separatistas. Em fevereiro de 2023, a Chancelaria russa afirmou que ações contra a Transnístria seriam consideradas “um ataque contra a Federação Russa”, citando a presença de militares do país na área.

Analistas veem similaridades entre ações do Kremlin na Moldávia e as vistas na Ucrânia antes da invasão, que completa dois anos. Supostos ataques e ações discriminatórias contra a população etnicamente russa — equivalente a cerca de 30% dos moradores da Transnístria — motivaram protestos do Kremlin. A mídia local, simpática a Moscou, reproduz a narrativa, enquanto carrega nas críticas às autoridades em Chisinau. No ano passado, o premier moldávio, Dorin Recean, pró-Ocidente, recebeu uma reprimenda do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, após defender a desmilitarização da Transnístria e a saída dos soldados russos.

— Recomendamos a nossos interlocutores moldavos que sejam muito cautelosos sobre essas declarações — disse Peskov, no dia 20 de fevereiro de 2023. Ele afirmou ainda que as relações entre os dois países estavam “muito tensas”.

Em outra similaridade com a Ucrânia, o governo central tenta sair da esfera de influência da Rússia há algum tempo. Em dezembro do ano passado, após longas negociações, foram abertas conversas formais para a entrada do país na União Europeia, um processo que os governantes locais esperam ver concluído até 2030. Ao mesmo tempo, Chisinau considera mudar seu status de neutralidade e já sinalizou ser favorável a conversas com a Otan, a principal aliança militar do Ocidente, e com quem a Moldávia tem acordos de cooperação.

Oficialmente, Moscou não comenta os planos da Transnístria para se tornar a 90ª região federal da Federação Russa. Mas reuniões recentes entre autoridades dos dois lados podem sugerir que há discussões a portas fechadas — uma das pessoas visitadas pelos líderes separatistas, no começo do mês na capital russa, foi Leonid Kalashnikov, deputado responsável por supervisionar leis de proteção a “compatriotas no exterior”.

A escolha da data para o Congresso de Deputados da Transnístria também parece ter sido proposital no dia 29 de fevereiro, um dia depois da reunião de parlamentares, Putin fará seu discurso sobre o Estado da União ao Parlamento. A esperança dos separatistas é de que ele mencione o território e o pleito pela anexação na fala, embora analistas considerem isso pouco provável.

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