O governo do Haiti decretou, neste domingo, estado de emergência e toque de recolher na capital, Porto Príncipe, um dia depois que uma gangue armada invadiu uma penitenciária e liberou quase todos os 4 mil homens presos no local. Ao menos dez pessoas morreram no ataque. Segundo comunicado do governo, os decretos foram planejados para durar até quarta-feira, mas poderão ser prolongados.
Construída para comportar 700 presos, o local abrigava mais de 3,6 mil em fevereiro do ano passado, segundo dados da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos. Um funcionário da penitenciária disse que cerca de 100 detentos optaram por permanecer em suas celas por medo de serem mortos no tiroteio.
O ministro da Economia, Patrick Michel Boisvert, decretou o estado de emergência como primeiro-ministro em exercício do país, já que o premier Ariel Henry estava no Quênia para finalizar os detalhes com o presidente queniano, William Ruto, para o aguardado envio de uma missão de segurança ao país, que tem sido muito afetado pelas ações das gangues.
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Entre os prisioneiros que fugiram no sábado, segundo o jornal Gazette d'Haïti, estão “membros importantes de gangues poderosas”, incluindo envolvidos na morte do então presidente Jovenel Moïse, em 2021 — caso até hoje não solucionado. Desde quinta-feira, gangues armadas atacaram locais estratégicos da capital, alegando que pretendiam derrubar o governo do polêmico primeiro-ministro, que deveria ter abandonado o cargo no início de fevereiro.
Após o ataque de sábado, o governo denunciou a “selvageria de criminosos fortemente armados que queriam a todo custo libertar pessoas detidas, principalmente por sequestro, assassinato e outros crimes graves”.
O Haiti enfrenta uma grave crise política, humanitária e de segurança desde o assassinato de Moïse, há quase três anos. As forças de segurança estão sobrecarregadas pela violência das gangues, que assumiram o controle de áreas inteiras do país, incluindo a capital. Apenas em janeiro, cerca de 1,1 mil pessoas foram mortas, feridas ou sequestradas, e as Nações Unidas classificaram o período como “o mais violento em dois anos”.
No domingo, o governo indicou que o objetivo das restrições é “restabelecer a ordem e tomar as medidas apropriadas para recuperar o controle da situação”. Segundo o comunicado, o toque de recolher foi instaurado “devido à deterioração da segurança” em Porto Príncipe, onde são registrados “atos criminosos cada vez mais violentos perpetrados por gangues armadas”.
O comunicado ainda diz que “a fuga de presos perigosos coloca em risco a segurança nacional”, e que as forças de segurança “receberam ordens para utilizar todos os recursos legais à disposição para fazer cumprir o toque de recolher e prender todos os infratores”.
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