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Por O Globo com agências internacionais — Territórios palestinos

Ao menos dez menores de idade morreram de fome em um hospital no norte da Faixa de Gaza, informou o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, na segunda-feira. O registro é mais um entre outras "constatações sombrias" feitas pela equipe da agência das Nações Unidas durante uma visita no último fim de semana aos hospitais al-Awda e Kamal Adwan, no norte do enclave, a primeira desde outubro de 2023, quando eclodiu a guerra entre Israel e Hamas.

"Níveis graves de desnutrição, menores morrendo de fome, grave escassez de combustível, alimentos e suprimentos médicos, edifícios hospitalares destruídos", escreveu Ghebreyesus em uma publicação no X (antigo Twitter).

As dez mortes dos menores por inanição foram registradas durante a visita ao Hospital pediátrico Kamal Adwan, o único do segmento no norte de Gaza. O número, divulgado no domingo pelo Ministério da Saúde de Gaza e citado pela BBC, sobe para 16 quando se analisa todo o enclave: 15 por desnutrição e desidratação no norte, enquanto mais uma criança teria morrido no domingo, em uma hospital na cidade de Rafah, no sul, de acordo com a agência de notícias Wafa.

As mortes são o ápice de um cenário cujo agravamento tem sido denunciado pela OMS desde o início da guerra. Segundo relatório da Global Nutrition Cluster, divulgado no último dia 19, dados recolhidos em janeiro mostram que uma em cada seis crianças com menos de 2 anos de idade em abrigos e centros de saúde no norte enclave sofrem de subnutrição aguda grave. Desse total, 3% sofre de emaciação grave, uma forma de desnutrição mais severa e com maior risco de vida.

A entrada de ajuda humanitária é quase impossível no norte devido a saques e combates e a ONU alerta para um risco de “fome [ou catástrofe humanitária] quase inevitável” na região. No sul, mais novo alvo dos bombardeios e incursões israelenses, o quadro também preocupa. Em Rafah, cidade que recebeu mais da metade dos 2,3 milhões de palestinos deslocados pela guerra — e que deve ser o próximo alvo da incursão das Forças Armadas de Israel —, 5% das crianças com menos de 2 anos também sofrem de subnutrição aguda.

"As mortes infantis que temíamos estão aqui, enquanto a desnutrição assola a Faixa de Gaza. Estas mortes trágicas e horríveis são causadas pelo homem, previsíveis e totalmente evitáveis", afirmou o diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Adele Khodor, em um comunicado no domingo, citado pela BBC.

Dados do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) mostram que pelo menos 500 mil pessoas já vivem em situação de fome ou catástrofe humanitária em Gaza, e quase toda a população de 2,4 milhões de pessoas enfrenta escassez aguda de alimentos. A organização aponta que 95% das gestantes e lactantes enfrentam pobreza alimentar grave. Além disso, mais de 95% das famílias de Gaza afirmam ter restringido a quantidade de alimentos que comem para garantir que as crianças pequenas tivessem o que comer.

Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), quase 2,3 mil caminhões de ajuda humanitária entraram no enclave em fevereiro, um número 50% menor que em janeiro. Antes do conflito atual, quando as necessidades da população eram menos urgentes, cerca de 500 caminhões entravam no enclave todos os dias.

Para agravar ainda mais a insuficiência de ajuda e a crise humanitária, na semana passada autoridades palestinas acusaram Israel de disparar e matar dezenas de pessoas em meio a uma entrega caótica de ajuda humanitária no enclave, uma tragédia que deixou ao menos 112 mortos e 760 feridos. Israel negou a acusação, afirmando que as mortes decorreram de tumultos durante a entrega de alimentos O Estado judeu investiga a possibilidade de ter havido desvio de conduta de algum soldado.

'Constatações sombrias'

Outras "constatações sombrias" também foram feitas pelos agentes da OMS durante a visita aos hospitais no norte de Gaza. Segundo Ghebreyesus, o hospital Kamal Adwan está "lotado de pacientes" e, além da falta de alimentos, a falta de eletricidade também representa "uma séria ameaça ao atendimento de pacientes", principalmente para os departamentos de cuidados intensivos e a unidade neonatal.

Já no no Hospital al-Awda a situação é "particularmente terrível", uma vez que, segundo Ghebreyesus, um dos edifícios está destruído.

De acordo com um relatório da organização publicado no dia 19 de fevereiro, 12 dos 36 hospitais ainda funcionavam, mas "apenas parcialmente". Ainda de acordo com a OMS, mais de 370 ataques foram perpetrados contra unidades de saúde desde o ataque terrorista do Hamas em Israel, em 7 de outubro, que vitimou quase 1,2 mil pessoas e fez mais de 240 reféns, segundo autoridades israelenses. Desde então, o Estado judeu prometeu aniquilar o grupo, realizando intensos bombardeios em Gaza, controlada pelo grupo desde 2007, e incursões terrestres. Mais de 30 mil palestinos morreram até agora, em sua maioria mulheres e menores de idade. .

Segundo Ghebreyesu, as visitas foram as primeiras desde outubro. Ele sublinha, contudo, que a lacuna entre elas ocorreu "apesar dos nossos esforços para obter um acesso mais regular ao norte de Gaza". Durante a missão, a agência entregou 9,5 mil litros de combustível para cada hospital, juntamente com alguns suprimentos médicos essenciais, disse o diretor, afirmando ser "uma fração das necessidades urgentes para salvar vidas".

Ghebreyesu reiterou um apelo a Israel para "garantir que a ajuda humanitária possa ser entregue com segurança e regularmente".

"Os civis, especialmente as crianças, e a equipe de saúde precisam de ajuda ampliada imediatamente", disse ele, enfatizando, porém, que "o principal remédio de que todos esses pacientes precisam é a paz. Cessar-fogo".

A crise humanitária em Gaza também é agravada pelas tensões entre a UNRWA e Israel, que deseja o desmantelamento do organismo. Israel acusa a agência de empregar "mais de 450 terroristas" do Hamas e outras organizações de Gaza. Também afirma que 12 funcionários da UNRWA participaram do ataque de 7 de outubro. O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, declarou na segunda-feira à Assembleia Geral da ONU que desmantelar a agência sacrificaria "toda uma geração de crianças" em Gaza. (Com AFP)

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