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Por AFP — Porto Príncipe

O governo do Haiti prorrogou, nesta quinta-feira, por um mês, o estado de exceção em parte da capital, Porto Príncipe, atingida pela violência de gangues, segundo uma publicação no Diário Oficial do país caribenho. A notícia foi confirmada à AFP por uma fonte do governo, que especificou que "o toque de recolher será aplicado de acordo com as necessidades" das autoridades.

O estado de emergência foi decretado no domingo, um dia depois que uma gangue armada invadiu uma penitenciária e libertou quase todos os 4 mil presos. Ao menos dez pessoas morreram no ataque. Originalmente, os decretos foram planejados para vigorarem até quarta-feira, mas o governo já havia dito que poderiam ser prorrogados. Desde então, as gangues vêm atacando locais estratégicos do país, incluindo diversas delegacias. Um influente líder da gangue G9, Jimmy Chérizier, conhecido como Barbecue, alertou na terça-feira que se o primeiro-ministro Ariel Henry não renunciasse, o país caminharia para uma guerra civil.

O premier está no território americano de Porto Rico, onde teve de pousar na noite de terça-feira no retorno de uma viagem ao Quênia ao se ver impedido de desembarcar em Porto príncipe por causa da ameaça das gangues que tentaram tomar o aeroporto. A imprensa da República Dominicana noticiou que Henry havia tentado, primeiro, pousar no país vizinho ao Haiti, mas não foi autorizado pelas autoridades locais.

O secretário de Estado de Porto Rico, Omar Marrero, confirmou à imprensa que "o FBI dos EUA está trabalhando em coordenação com as autoridades federais locais para ajudar Henry após sua chegada à ilha". Por questões de segurança, porém, Marrero não deu mais detalhes sobre "quanto tempo o primeiro-ministro permanecerá no país", limitando-se a afirmar que ele pretende regressar ao Haiti "o mais rapidamente possível". Ele negou que o premier tenha pedido asilo ao governo americano.

Na noite de quarta-feira, as gangues atearam fogo em um novo posto policial, provando mais uma vez que não têm intenção de deter a espiral de violência. A subestação atacada está localizada em Bas-Peu-de-Chose, um bairro da capital que sofre frequentemente ataques, disse à AFP Lionel Lazarre, coordenador geral do Sindicato Nacional dos Policiais Haitianos (Synapoha).

Os agentes do posto tiveram tempo de abandonar o edifício, segundo Lazarre, que afirmou que o ataque estava planejado desde o fim de semana passado. As gangues também incendiaram um carro de polícia e diversas motocicletas. Pouco antes do último ataque, o Conselho de Segurança da ONU manifestou preocupação com a situação "crítica" no Haiti.

— Ou o Haiti se torna um paraíso para todos ou um inferno para todos — declarou Chérizier, um ex-policial de 46 anos.

De acordo com uma contagem do sindicato dos policiais, desde o início dos ataques coordenados de gangues, 10 edifícios da polícia foram destruídos e duas prisões foram atacadas — os presos fugiram.

Em meio ao estado de exceção e ao toque de recolher obrigatório noturno, com autoridades e escolas fechadas, muitos moradores tentam fugir da violência com os seus poucos pertences debaixo dos braços, enquanto outros se aventuram apenas para comprar bens essenciais.

O Haiti enfrenta uma grave crise política, humanitária e de segurança desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021 — caso até hoje não solucionado. As forças de segurança estão sobrecarregadas pela violência das gangues, que assumiram o controle de áreas inteiras do país, incluindo grande parte da capital. Apenas em janeiro, cerca de 1,1 mil pessoas foram mortas, feridas ou sequestradas, e as Nações Unidas classificaram o período como “o mais violento em dois anos”.

Construída para comportar 700 presos, a penitenciária invadida no sábado abrigava mais de 3,6 mil em fevereiro do ano passado. Após a ação, o ministro da Economia, Patrick Michel Boisvert, decretou o estado de emergência como primeiro-ministro em exercício do país, já que Henry estava no Quênia para finalizar os detalhes com o presidente queniano, William Ruto, para o aguardado envio de uma missão de segurança ao país. Entre os prisioneiros que fugiram, segundo o jornal Gazette d'Haïti, estão “membros importantes de gangues poderosas”, incluindo envolvidos na morte de Moïse.

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