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Por — Austin, Texas

Em um ano em que quase metade da população adulta do mundo irá às urnas (mais de 2 bilhões de eleitores), com dezenas de eleições presidenciais marcadas para 2024, o combate à desinformação testa a resiliência das campanhas políticas. Em uma das democracias mais antigas do planeta, a americana, o tema escancara um desafio adicional: o racha ideológico sobre como combater mentiras online.

Em "The Lie Detectives: In Search of a Playbook for Winning Elections in the Disinformation Age" (Os detetives de mentiras: em busca de um manual para vencer eleições na era da desinformação, em tradução livre), o jornalista e escritor Sasha Issenberg, autor de outros três livros sobre estratégia eleitoral, lembra que o próprio conceito do que é desinformação se tornou um embate ideológico nos Estados Unidos, e contrapõe republicanos e democratas desde as eleições de 2016.

— Uma versão da história para os republicanos é que a desinformação, como um tema, foi inventada pelos democratas para que o governo se apoiasse nas big techs e censurasse vozes conservadoras. Então, não teria sentido, nessa visão, categorizar o que seria informação e desinformação — explicou Issenberg, no primeiro dia do South by Southwest, maior festival de inovação e tecnologia do mundo, que começou no Texas na semana passada.

O embate é um desafio para outros países que terão eleição em 2024. Katie Harbath, que foi diretora de Políticas Públicas da Meta durante uma década e a voz da big tech sobre eleições mundo afora, lembrou que o combate à desinformação eleitoral traz em si a complexidade dessa dissonância entre grupos da esquerda e direita:

— A direita [americana] costuma rebater que a desinformação é uma espécie de desculpa usada pelos democratas para o fato de não terem vencido as eleições. Mais do que isso, eles argumentam que a "Senhora Desinformação" é uma forma da esquerda de tentar silenciá-los — afirma Harbath, atual diretora de Assuntos Globais da Duco Experts.

Em "The Lie Detectives", Issenberg investiga como estrategistas eleitorais passaram a combater e rebater ameaças que se espalham nas redes sociais, em um cenário em que as plataformas se tornaram arsenal político. No SXSW, o autor contou que em 2016 teve dificuldades de encontrar, no lado republicano, uma estratégia política digital que fosse voltada a detectar mentiras.

Para Harbath, o desafio tem a ver com a própria negação de conservadores sobre a ideia do que é desinformação. Os dois destacaram a necessidade de que campanhas eleitorais tenham a capacidade de se articular para o uso de dados e ferramentas que possam detectar e denunciar esse tipo de conteúdo — e encontrar formas de responder a eles. A equipe de Joe Biden, por exemplo, conta com grupos de voluntários treinados e comunidades online articuladas para rebater conteúdos nocivos, contou Issenberg.

Harbath lembra que o cenário americano é um espelho do embate que acontece nos demais países que irão às urnas este ano, incluindo o Brasil com as eleições municipais. A lista inclui pleitos na União Europeia, Índia, Indonésia, México, África do Sul, Ucrânia, Reino Unido, além de eleições locais no Brasil.

IA, um novo desafio

Enquanto isso, a pressão em cima das plataformas, Judiciário, políticos e eleitores, aumenta. O elemento novo que surge a partir daqui é a inteligência artificial. Para Harbath, por ora, as deepfakes em áudio são o tipo de conteúdo que pode representar maiores riscos, por terem a possibilidade de serem criadas com mais realismo do que vídeos. A vantagem, destaca ela, é que a preocupação sobre impacto da IA emergiu bem mais do que aconteceu com as redes sociais de uma forma geral.

*A jornalista viajou a convite do Itaú.

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