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Por O Globo e agências internacionais — Washington

Robert Hur, promotor especial que investigou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pela suposta posse de documentos confidenciais após deixar a Vice-Presidência, testemunhou perante a Comissão Judiciária da Câmara dos Deputados nesta terça-feira. Em depoimento, o advogado explicou por que rejeitou as acusações criminais contra o chefe de Estado — vice de Barack Obama na época — mas se defendeu pelo questionamento feito à sua memória, em razão da idade avançada.

No relatório divulgado em fevereiro, Robert Hur concluiu que "nenhuma acusação criminal é justificada nesse caso", mas descreveu Biden, de 81 anos, como um "homem mais velho com memória fraca". A idade avançada do presidente, que concorre à reeleição pelo Partido Democrata e é a pessoa mais velha a ocupar a Casa Branca, é um dos principais motivos de desconfiança do eleitorado, segundo pesquisas, e vem sendo usada por seu adversário, o ex-presidente republicano Donald Trump, 77 anos, para enfraquecer sua imagem.

— Minha equipe e eu conduzimos uma investigação minuciosa e independente e identificamos evidências de que o presidente reteve intencionalmente material confidencial após o fim de sua vice-presidência, quando ele era um cidadão privado — disse Hur diante de duas comissões da Câmara dos Deputados, onde os republicanos detêm a maioria. —No entanto, não identificamos evidências que atingissem o nível de prova além de uma dúvida razoável.

Segundo o promotor, sua tarefa era identificar a intencionalidade do então vice-presidente na retenção dos documentos, além de analisar se havia provas de que ele divulgou informações confidenciais presentes no material.

— Eu não poderia chegar a essa conclusão sem avaliar o estado mental do presidente. Por essa razão, tive que considerar a memória e o estado mental geral do presidente e como um júri provavelmente perceberia sua memória e seu estado mental em um julgamento criminal — argumentou. — Minha avaliação no relatório sobre a relevância da memória do presidente foi necessária, precisa e justa. Eu não suavizei minha explicação. Tampouco menosprezei o presidente injustamente.

Hur foi nomeado ao caso após a descoberta, em 2022, de documentos secretos do governo em uma residência de Biden em Wilmington, no estado americano de Delaware, e em um antigo escritório. Biden ocupou a vice-presidência de Obama entre 2009 e 2017.

Ataques dos dois lados

Durante a audiência, o promotor foi alvo de críticas dos dois lados. Entre os correligionários do presidente, Hur foi acusado de usar a investigação para interferir na campanha presidencial, além de difamar a acuidade mental de Biden, o que violaria as políticas do Departamento de Justiça. Já os republicanos criticaram o fato de Biden não ter sido acusado de um crime, mencionando repetidamente uma das acusações criminais contra Trump envolvendo a retenção de documentos confidenciais em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, após deixar a Casa Branca.

— Apesar de isentar o presidente Biden de acusação, o senhor usou seu relatório para difamar o presidente — acusou o congressista democrata Hank Johnson, alegando que Hur forneceu material para "a narrativa dos republicanos de que o presidente não está apto para o cargo porque está senil".

O promotor, que é registrado como republicano e foi nomeado ao cargo pelo governo Trump, também foi acusado por Johnson de "fazer tudo o que puder para que o presidente Trump seja reeleito, para que possa ser nomeado juiz federal ou talvez para outro cargo no Departamento de Justiça".

— A política partidária não teve lugar em meu trabalho, não teve lugar nas medidas investigativas que tomei, não teve lugar na decisão que tomei e não teve lugar em uma única palavra do meu relatório — defendeu-se Hur.

Adam Schiff, outro congressista da ala democrata, reforçou as críticas:

— O senhor não pode me dizer que é ingênuo o suficiente para pensar que suas palavras não desencadeariam uma tempestade política — disse Schiff.

Deputados conservadores, como o republicano Matt Gaetz, criticaram a decisão de não indiciar Biden, que foi chamado de "senil" pelo congressista da Flórida.

— Biden e Trump deveriam ter sido tratados igualmente — disse Gaetz. — Eles não foram. E esse é o padrão desigual que eu acho que preocupa muitos americanos.

Houve menos discussão sobre o motivo pelo qual as evidências encontradas por Hur não foram suficientes para provar que Biden sabia que tinha estava em posse de documentos confidenciais do que sobre a sua memória e possíveis fatores políticos por trás da decisão.

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