Enfrentando uma guerra com poucos avanços na linha de frente, a Rússia aumentou sua produção de peças de artilharia significativamente. Estimativas da Otan, apresentadas com exclusividade à CNN, apontam que Moscou está fabricando cerca de 250 mil munições de artilharia por mês — o que é mais do que as produções de EUA e Europa somadas.
Ainda de acordo com a mesma fonte, o volume produzido por Moscou é de aproximadamente 3 milhões de munições por ano. Em comparação, Washington e Bruxelas só teriam capacidade de produzir 1,2 milhão de munições por ano, disponíveis para envio à Ucrânia. O cálculo sobre a capacidade aliada, segundo a rede americana, é de uma fonte europeia.
A artilharia é um dos pontos-chave da guerra na Ucrânia. Sem grandes movimentos de infantaria na fase atual, ataques além das linhas inimigas cumprem um papel estratégico tanto para Moscou quanto para Kiev. No decorrer do conflito, uma série de equipamentos capazes de bombardear posições inimigas foram desenvolvidos e agregados aos arsenais, como drones.
Ainda de acordo com o funcionário de inteligência da Otan, as fábricas russas estão trabalhando em capacidade total, 24 horas por dia, 7 dias por semana. O número de funcionários trabalhando em empresas do ramo de defesa pulou de algo entre 2 milhões e 2,5 milhões antes da guerra para cerca de 3,5 milhões.
Além disso, a Inteligência ocidental aponta que as forças de Vladimir Putin encontraram aliados que lhes estão fornecendo equipamentos bélicos de forma contínua, como o Irã e a Coreia do Norte. Apenas Teerã, segundo a mesma fonte, forneceu ao menos 300 mil munições de artilharia durante o ano passado.
A informação surge em um momento em que a Ucrânia tenta deter novas ofensivas russas, que recentemente obtiveram avanços discretos. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, nesta segunda-feira, que o avanço da Rússia foi "freado" e que a situação no front é "muito melhor", contradizendo informes recentes e reivindicações de Moscou sobre sua campanha militar.
- Escanteados pelo Ocidente: Rússia, Irã e Coreia do Norte reforçam laços mútuos
Nos últimos meses, as forças de Kiev enfrentaram uma pressão crescente no front, perdendo terreno para Moscou à espera de mais ajuda dos países ocidentais, especialmente um pacote de ajuda bloqueado no Congresso americano. À medida que Moscou põe sua economia em modo de guerra, as potências ocidentais enfrentam dificuldades crescentes em fornecer a Kiev as armas e munições que este exige.
As forças ocidentais realizam exercícios de contenção à Rússia. Países da Otan participam dos exercícios militares Steadfast, incluindo no Ártico. Durante semanas, as simulações mobilizam cerca de 90 mil homens e mulheres e dezenas de navios, veículos blindados e aviões de combate.
A aliança militar se reforçou após a invasão russa na Ucrânia, com a entrada da Finlândia e da Suécia, que se tornou o 32º membro na última quinta-feira. No cálculo ocidental, a possibilidade de a Rússia atacar um membro da aliança não é excluída. (Com AFP)
Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY