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Por e , Em The New York Times — Gaza

Especialistas preveem um aumento acentuado nas mortes relacionadas à desnutrição em crianças da Faixa de Gaza. Segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pela iniciativa global de Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar (IPC, em inglês), nos próximos meses, até 1,1 milhão de pessoas podem enfrentar o nível mais severo de fome classificado pelo grupo, com “altas taxas de desnutrição aguda entre menores de 5 anos, excesso de mortalidade e risco de fome”.

A situação é especialmente grave para 300 mil pessoas no norte do território, alerta o documento, ressaltando que “a fome é iminente e prevista para ocorrer a qualquer momento entre meados de março e maio de 2024”. O IPC – criado em 2004 por agências das Nações Unidas e grupos de ajuda internacional – classificou a fome apenas duas vezes antes: na Somália, em 2011, e no Sudão do Sul, em 2017.

De acordo com o grupo, a continuação dos combates e a falta de acesso das organizações de ajuda ao norte do enclave pioram a vulnerabilidade dos 300 mil palestinos que permanecem lá – ainda que, em toda a Faixa, as pessoas enfrentem escassez de alimentos e outros itens básicos. As áreas central e sul também enfrentam risco de fome até julho se os cenários mais pessimistas se concretizarem, disse o IPC.

Em dezembro, o grupo constatou que a fome poderia ocorrer em seis meses em Gaza, a menos que os combates parassem imediatamente e mais suprimentos chegassem ao território. Desde então, diz o relatório, “as condições necessárias para evitar a fome não foram atendidas”.

No início deste mês, ao menos dez menores de idade morreram de fome em um hospital no norte da Faixa de Gaza, segundo o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. O registro é mais um entre outras “constatações sombrias” feitas pela equipe da agência das Nações Unidas durante uma visita aos hospitais al-Awda e Kamal Adwan, no norte do enclave, a primeira desde outubro de 2023, quando eclodiu a guerra entre Israel e Hamas.

Como a fome é medida?

De acordo com as classificações do grupo, a fome pode ser determinada por três condições: quando pelo menos 20% dos lares têm extrema falta de alimentos; pelo menos 30% crianças sofrem de desnutrição aguda; e pelo menos dois adultos ou quatro crianças para cada 10 mil pessoas morrem diariamente de fome ou de doença relacionada à desnutrição.

Fome ou catástrofe humanitária — Foto: Editoria de Arte
Fome ou catástrofe humanitária — Foto: Editoria de Arte

Segundo critérios das Nações Unidas, a fome ou crise humanitária é caracterizada por uma situação de emergência generalizada, que afeta uma comunidade inteira ou um grupo de pessoas de uma região específica, devido aos altos índices de mortalidade e desnutrição, contágio de doenças ou epidemias e emergências sanitárias.

Dados do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) mostram que pelo menos 500 mil pessoas já vivem em situação de fome ou catástrofe humanitária em Gaza, e quase toda a população de 2,4 milhões de pessoas enfrenta escassez aguda de alimentos: a pobreza alimentar atinge 90% das crianças com menos de 2 anos de idade e 95% das mulheres grávidas ou lactantes, segundo a OMS.

As mortes por fome são o ápice de um cenário cujo agravamento tem sido denunciado pela OMS desde o início da guerra. Segundo relatório da Global Nutrition Cluster, divulgado no último dia 19, dados recolhidos em janeiro mostram que uma em cada seis crianças com menos de 2 anos de idade em abrigos e centros de saúde no norte enclave sofrem de subnutrição aguda grave. Desse total, 3% sofre de emaciação grave, uma forma de desnutrição mais severa e com maior risco de vida.

Ajuda humanitária

Em fevereiro, a Human Rights Watch (HRW) afirmou que o governo de Israel não cumpriu a ordem da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que no início do ano indicou a necessidade do fornecimento de ajuda urgente aos civis do enclave palestino. Na ocasião, a CIJ havia declarado que a operação militar em Gaza representava um “risco plausível de danos irreversíveis e imediatos à população”, e determinado que o Estado judeu tomasse todas as medidas em seu poder para evitar violações da Convenção das Nações Unidas sobre Genocídio, de 1948.

As exigências do principal tribunal da ONU ocorrerem em resposta preliminar a uma petição sul-africana que acusou Israel de genocídio. Segundo a HRW, o governo israelense não aderiu à ordem da CIJ, e o número médio de caminhões de ajuda humanitária que entram diariamente em Gaza diminuiu 30%. O órgão afirmou que as entregas de combustível para o norte do enclave não estavam sendo facilitadas. Ainda em fevereiro, o Programa Mundial de Alimentos declarou que foi forçado a suspender as doações na região devido ao aumento dos combates e das multidões famintas que têm saqueado os comboios.

Entrega de ajuda humanitária a Gaza — Foto: Editoria de Arte
Entrega de ajuda humanitária a Gaza — Foto: Editoria de Arte

“Israel continua a obstruir a prestação de serviços básicos e a entrada e distribuição de combustível e ajuda humanitária em Gaza, atos de punição coletiva que equivalem a crimes de guerra e incluem o uso de inanição de civis como arma de guerra. Menos caminhões entraram em Gaza, e menos missões de ajuda foram permitidas para chegar ao norte de Gaza nas várias semanas desde a decisão do CIJ do que nas semanas anteriores, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA)”, disse a HRW.

Também em fevereiro, autoridades palestinas acusaram Israel de disparar e matar dezenas de pessoas em meio a uma entrega caótica de ajuda humanitária no enclave, uma tragédia que deixou ao menos 112 mortos e 760 feridos. Israel negou a acusação, afirmando que as mortes decorreram de tumultos durante a entrega de alimentos, admitindo apenas disparos pontuais em direção a um grupo de palestinos que os soldados avaliaram como sendo uma ameaça.

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