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O massacre em uma popular casa de shows nos arredores de Moscou na noite da última sexta-feira, que deixou pelo menos 137 mortos e 182 feridos, foi o ataque mais mortal reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na Europa.

A organização, que no início se delineou um califado autoproclamado no Iraque e na Síria, transformou-se em um grupo terrorista mais tradicional, com uma rede clandestina de células — chamadas de províncias — desde a África Ocidental até o Sudeste Asiático e evolvendo-se em ataques de guerrilha, bombardeios e assassinatos em massa.

Vídeos mostram atiradores e incêndio em centro comercial durante atentado em Moscou

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A mudança teria ocorrido há cinco anos, também em março, quando o grupo foi expulso de uma aldeia no leste da Síria, a última faixa de território do grupo, por uma milícia curda e árabe apoiada pelos EUA, um de seus inimigos declarados. O outro é a Rússia, por um motivo similar: o governo de Vladimir Putin apoia o ditador sírio Bashar al-Assad, que expulsou a organização terrorista da Síria.

Mas a lista de inimigos do grupo, que é sunita, é longa e registra até o Irã, que tem um governo islâmico xiita. Em janeiro, duas explosões perpetradas pelo grupo em Kerman mataram mais de 80 pessoas e deixaram 284 feridos — o mais mortal em território iraniano desde a Revolução Islâmica de 1979. O ataque ocorreu durante uma procissão em homenagem ao general Qassem Soleimani, morto pelos EUA em 2020.

Apesar do grupo não ter especificado qual de suas afiliadas foi a responsável, o analista de contraterrorismo do Soufan Group, empresa de consultoria de segurança sediada em Nova York, Colin Clarke, suspeitou da autoria do Estado Islâmico do Khorasan, ou Isis-K, o mesmo que reivindicou o ataque em Moscou.

Surgido em meados de 2014, o grupo tem como base ex-integrantes de um grupo igualmente radical, o Tehrik-i-Taliban, “Movimento dos estudantes”, do Paquistão, presente em áreas de fronteira entre Paquistão e Afeganistão. Mantém uma relação marcada por altos e baixos com o Talibã e rompeu no cenário jihadista internacional após esse grupo ter derrubado o governo afegão em 2021.

O Isis-K sempre foi visto como prioritário para as lideranças do EI, recebendo apoio logístico, financeiro e até moral. No início, a maior parte de suas conspirações foram frustradas, e autoridades antiterroristas americanas e ocidentais diziam que foram organizadas por agentes de baixo escalão, detectados e eliminados com relativa rapidez.

Mas há sinais de que a organização está aprendendo com os seus erros, e os ataques no Irã e em Moscou demonstraram relativa sofisticação, sugerindo um maior nível de planejamento e uma capacidade de explorar redes extremistas locais. Pelo menos quatro suspeitos foram acusados formalmente pelo ataque contra a Rússia. Aqui estão os piores ataques do grupo jihadista na Europa:

130 mortos nos atentados de Paris

Em 13 de novembro de 2015, três comandos jihadistas causaram 130 mortes e mais de 350 feridos em seis ataques, de forma quase simultânea, na casa de shows Bataclan, em Paris, e em terraços, bares e restaurantes da cidade, bem como na cidade de Saint-Denis, perto do Stade de France. O grupo Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelos ataques.

O ataque ocorreu em um momento delicado de segurança na França e na Europa: meses antes, em janeiro de 2015, terroristas ligados à rede al-Qaeda invadiram a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, deixando 12 mortos.

Nesse contexto, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 tem gerado preocupação e nervosismo nas autoridades de contraterrorismo.

— Preocupo-me com as Olimpíadas de Paris — disse Edmund Fitton-Brown, ex-funcionário de alto escalão das Nações Unidas (ONU) na área de contraterrorismo, e agora consultor sênior do Counter Extremism Project. — Eles seriam um alvo terrorista de primeira linha.

86 mortos em Nice

Em Nice, uma cidade na costa sul da França, um tunisiano de 31 anos dirigiu um caminhão contra uma multidão após os tradicionais fogos de artifício do dia nacional em 14 de julho de 2016, matando 86 pessoas e ferindo mais de 400. A polícia abateu o autor do ataque. O grupo reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

35 mortos em Bruxelas

Em 22 de março de 2016, dois jihadistas se explodiram com bombas no Aeroporto Internacional de Bruxelas-Zaventem e, uma hora depois, outro homem-bomba atacou o metrô da capital belga.

Os ataques, reivindicados pelo grupo e cometidos pela mesma célula dos ataques de 13 de novembro de 2015 em Paris, mataram 35 pessoas.

22 mortos em Manchester

Em 22 de maio de 2017, um britânico de 22 anos de origem libanesa cometeu suicídio ao explodir uma bomba em um show da cantora norte-americana Ariana Grande na cidade britânica de Manchester, matando 22 pessoas, incluindo sete crianças, e ferindo cem.

O EI reivindicou a responsabilidade pelo ataque, que foi realizado com uma bomba caseira.

16 mortos em Barcelona

Em 17 e 18 de agosto de 2017, 16 pessoas foram mortas e 140 ficaram feridas em dois ataques de carro realizados por jovens marroquinos pertencentes a uma célula jihadista.

No ataque mais mortal, 14 pessoas, incluindo crianças, foram mortas por um veículo no famoso calçadão de Las Ramblas, em Barcelona, e o outro ocorreu algumas horas depois na cidade costeira de Cambrils, 100 km mais ao sul. Seis agressores foram mortos a tiros pela polícia. O grupo reivindicou a responsabilidade. (Com AFP e NYT)

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