Mundo
PUBLICIDADE
Por — Rio de Janeiro

Na terça-feira, o presidente argentino Javier Milei fez insultos à Gustavo Petro, chefe do executivo da Colômbia, relembrando seu passado guerrilheiro. O primeiro presidente de esquerda da História colombiana teve sua trajetória marcada pelos anos em que participou da guerrilha do M-19, mas não chegou a pegar em armas e deixou o grupo armado há mais de 30 anos, quando entrou para a política.

Conhecido como um ex-guerrilheiro que provoca medo nas elites sociais e empresariais, Petro usou durante a campanha a estratégia de parar de se vestir como o lutador social, para parecer mais um estadista, derrotando o adversário de direita Rodolfo Hernández.

Entrada na militância

Petro nasceu em 1960, na pequena cidade caribenha de Ciénaga de Oro, mas seus pais se mudaram para Bogotá quando ele ainda era bebê. Foi na capital colombiana que o líder político passou sua adolescência e começou a se interessar pelos movimentos de esquerda, motivado pelas mudanças revolucionárias que aconteciam na América Latina na época. Lia autores comunistas como Marx, Lenine, Mao.

Aos 24 anos, enquanto seguia seus estudos de economia na Universidade Externado da Colômbia, Petro se uniu ao Movimento 19 de abril ou M-19, uma guerrilha intelectual e urbana. Seu nome de guerrilheiro era Aureliano, como um dos personagens do livro “Cem Anos de Solidão”, em homenagem ao escritor colombiano Gabriel García Márquez, que se graduou no Colégio La Salle de Zipaquirá, o mesmo que frequentou Petro.

O grupo armado cresceu com influências da revolução cubana. O movimento participou do conflito armado interno da Colômbia desde janeiro de 1974 até sua desmobilização em março de 1990. Petro se tornou um líder social ao invadir, juntamente com centenas de famílias, um terreno onde fundou um bairro, Bolívar 83. "Jamais esquecerei aqueles dias porque me ligaram para sempre ao mundo dos pobres", escreve Petro em sua autobiografia.

Preso e torturado

Entre as ações armadas mais conhecidas do M-19, como o roubo da espada de Bolívar em 1974, a tomada da Embaixada da República Dominicana em 1980, o afundamento do navio El Karina e o sequestro do avião da Aeropesca em 1981, a tomada do Palácio da Justiça, episódio que deixou quase cem mortos em 1985, foi o que deixou Petro preso por 18 meses. Ele conta que durante esse tempo foi torturado pelos militares nos estábulos do exército.

Quando saiu da prisão, Petro falhou em sua tentativa de criar uma célula armada, momento em que cortou todo o seu relacionamento com a família e amigos. Ele voltou à vida civil em 1990, quando o M-19 assinou um acordo de paz com o governo, abandonando o uso das armas. O último líder guerrilheiro, Carlos Pizarro, foi assassinado um mês e meio depois, quando era candidato à Presidência.

Exílio e vida política

Petro foi eleito deputado pela primeira vez em 1991, mas depois de terminar seu mandato teve de se exilar na Bélgica, já que outros guerrilheiros que entraram na política estavam sendo assassinados. Na Europa, ele se tornou um ambientalista, origem de suas atuais propostas de mudar o modelo econômico da Colômbia, com o objetivo de parar a exploração de petróleo como parte da transição energética. Ele considera que a América Latina precisa abandonar o extrativismo e centrar-se na produção, industrialização e conhecimento.

De volta ao país, em 1998, voltou ao Congresso para se tornar um dos mais admirados parlamentares da oposição. Tentou ser presidente em 2010, mas não conseguiu, então se elegeu a prefeito de Bogotá, quando atingiu as menores taxas de homicídios em 20 anos, ampliou a jornada escolar nas escolas públicas e realizou uma política para garantir o mínimo vital de água para as famílias mais pobres.

Ainda que não o tenha impedido de chegar à presidência, o seu passado de militante da guerrilha perseguiu Petro durante toda a sua carreira política, sendo motivo de críticas de políticos do próprio país e de outros chefes de estado.

Mais recente Próxima Bossa nova, medalhas e almoço com coxinha: saiba como foi o encontro de Lula e Macron em Brasília

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Neurocirurgião Jacinto Lay sofreu queda em março do ano passado, quando pilotava sozinho uma aeronave de pequeno porte

Estado de saúde de médico que pilotava avião que caiu em Teresina é grave; piloto já tinha caído outra vez

BepiColombo, uma missão conjunta europeia e japonesa, concluiu seu último sobrevoo por Mercúrio, enviando uma prévia do planeta cheio de crateras que começará a orbitar em 2026

Novas imagens mostram a superfície de Mercúrio como nunca vista antes;  veja com detalhes nítidos

Supremo Tribunal Federal reservou três semanas para ouvir 85 testemunhas de defesa de cinco réus, sendo que algumas são as mesmas, como os delegados Giniton Lages e Daniel Rosa, que investigaram o caso

Caso Marielle: audiência da ação penal contra irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa será retomada hoje pelo STF

A decisão do candidato da oposição de deixar a Venezuela por temer pela sua vida e pela da sua família ocorreu depois de ter sido processado pelo Ministério Público por cinco crimes relacionados com a sua função eleitoral

Saiba como foi a fuga de Edmundo González, candidato de oposição da Venezuela ameaçado por Nicolás Maduro

Cidade contabiliza 21 casos desde 2022; prefeitura destaca cuidados necessários

Mpox em Niterói: secretária de Saúde diz que doença está sob controle

Esteve por lá Faisal Bin Khalid, da casa real da Arábia Saudita

Um príncipe árabe se esbaldou na loja da brasileira Granado em Paris

Escolhe o que beber pela qualidade de calorias ou pelo açúcar? Compare a cerveja e o refrigerante

Qual bebida tem mais açúcar: refrigerante ou cerveja?

Ex-jogadores Stephen Gostkowski e Malcolm Butler estiveram em São Paulo no fim de semana e, em entrevista exclusiva ao GLOBO, contaram como foi o contato com os torcedores do país

Lendas dos Patriots se surpreendem com carinho dos brasileiros pela NFL: 'Falamos a língua do futebol americano'