Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo e agências internacionais — Quito

Após a polícia equatoriana invadir a Embaixada do México em Quito, no Equador, e prender o ex-vice-presidente Jorge Glas nesta sexta-feira, líderes de países vizinhos se manifestaram nas redes sociais. O caso levou ao rompimento das relações diplomáticas entre as duas nações, e chefes de Estado condenaram a incursão. Na lista dos críticos estão os governos da Colômbia, Venezuela, Honduras, Chile, Cuba, Brasil e até a Argentina.

No X (antigo Twitter), o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que “a Convenção de Viena e a soberania mexicana do Equador foram quebradas”. Ele expressou solidariedade aos diplomatas mexicanos em Quito, e escreveu: “Insisto que a América Latina e o Caribe, independentemente das construções sociais e políticas em cada país, devem manter vivos os preceitos do direito internacional”. Petro destacou que “a Colômbia respeita o direito universal ao asilo político”.

Já o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, informou que transmitiu a solidariedade absoluta do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao presidente do México, López Obrador, “diante desse ato de barbaridade”. Também no X, o próprio Maduro publicou que “o governo de direita pró-americano do Equador violou brutalmente o direito internacional” ao “sequestrar um refugiado político, reconhecido como tal pelo governo mexicano”.

“A Venezuela ergue sua voz de forma contundente para rejeitar este ato fascista contra o direito internacional e expressa sua total e absoluta solidariedade ao presidente [do México], López Obrador, e ao povo mexicano”, escreveu o líder venezuelano.

A crítica foi seguida por Xiomara Castro, presidente de Honduras, que afirmou que “o assalto à Embaixada do México pelo governo equatoriano teve o objetivo de sequestrar o ex-vice-presidente Jorge Glas”. Castro também declarou que o ato era “intolerável para a comunidade internacional”, uma vez que “ignora o histórico e fundamental direito ao asilo”. O entendimento é o mesmo do ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que classificou o ocorrido como “grave”. Para ele, o governo equatoriano “violou a soberania territorial do México e o direito internacional”.

Pouco depois, o atual presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciou que o país “condena veementemente a incursão da polícia equatoriana da Embaixada do México”, evento destacado por ele como “sem precedentes na história do direito internacional”. Arce escreveu que o “inaceitável incidente atenta contra a soberania mexicana e viola os princípios estabelecidos na Convenção sobre Asilo Político de Montevidéu, bem como na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que o caso era “inaceitável”. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do país enfatizou a Convenção de Viena, que “estabelece que os locais da missão são invioláveis, e os agentes do Estado receptor não podem penetrar neles sem o consentimento do chefe da missão”. A pasta manifestou “preocupação com a violação do direito ao asilo”, que é “reconhecido como uma contribuição da América Latina para o direito internacional”.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, descreveu o acontecimento como “uma flagrante violação” da Convenção de Viena, do direito ao asilo e da soberania do México.

A Argentina se uniu aos países da região e, em comunicado, condenou o ocorrido em Quito. O Ministério das Relações Exteriores argentino relembrou a Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, afirmando que recentemente concedeu essa condição a líderes políticos da oposição venezuelana, e pediu a “plena observância das disposições desse instrumento internacional, assim como das obrigações decorrentes da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”.

Brasil condena a invasão

Em nota divulgada neste sábado, o Brasil repudiou a invasão. O comunicado pontuou que “o governo brasileiro condena, nos mais firmes termos, a ação empreendida por forças policiais equatorianas na embaixada mexicana em Quito”, ressaltando, ainda, que “a medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, cabendo ser objeto de enérgico repúdio, qualquer que seja a justificativa para sua realização”. Na avaliação de Brasília, a medida também foi uma clara violação às convenções mencionadas pelos demais líderes.

No X, Lula divulgou a nota emitida pelo Itamaraty e escreveu: “Toda a minha solidariedade ao presidente e amigo López Obrador”.

OEA se posiciona

Em nota, a Organização dos Estados Americanos (OEA) escreveu que “o direito internacional é uma norma de conduta dos Estados em suas relações recíprocas”, de modo que “é fundamental o estrito cumprimento por parte de todos os Estados das normas que regulam a proteção, o respeito e a inviolabilidade dos locais das missões diplomáticas e dos escritórios consulares”. O comunicado também destacou que a OEA “rejeita qualquer ação violadora ou que ponha em risco a inviolabilidade dos locais das missões diplomáticas e reitera a obrigação que todos os Estados têm de não invocar normas de direito interno para justificar o descumprimento de suas obrigações internacionais”.

“Nesse contexto, [a OEA] manifesta solidariedade às vítimas das ações impróprias que afetaram a Embaixada do México no Equador. (...) A OEA faz um apelo ao diálogo entre as partes para resolver suas diferenças, e considera necessária uma reunião do Conselho Permanente da OEA para abordar o tema com base nos princípios consagrados no direito internacional, como o respeito à soberania, a solução pacífica das controvérsias, a coexistência pacífica dos Estados, a renúncia a recorrer à ameaça ou ao uso da força para dirimir os conflitos e ao fiel e estrito cumprimento dos tratados internacionais”.

Mais recente Próxima Investigada, presidente do Peru diz que pegou relógios de luxo emprestados de governador: 'Já devolvi'
Mais do Globo

Autoridades russas criticaram política do COI, que decidiu permitir que alguns atletas do país participassem sob bandeira neutra, desde que cumpram condições rigorosas

Lutadores russos rejeitam convite para os Jogos de Paris sob bandeira neutra

Ex-presidente Jair Bolsonaro é quem mais afasta eleitores, diz pesquisa

Datafolha aponta que 56% podem mudar voto para prefeitura de SP por rejeição a padrinho político

Casal teria retomado acordo milionário com serviço de streaming pra realizar novo documentário sobre realeza britânica

'Em pânico': família real teme novo projeto de príncipe Harry e Meghan Markle, diz site; entenda

Idade avançada continua sendo motivo de preocupação para seus colegas exilados, que temem que Pequim nomeie um sucessor rival para reforçar seu controle sobre o Tibete

Dalai Lama diz que está em bom estado de saúde após cirurgia nos Estados Unidos

Mikel Merino deu a volta na bandeira de escanteio para homenagear o genitor após selar a vitória espanhola na prorrogação

Pai de 'herói' da Espanha na Eurocopa marcou gol decisivo contra alemães no mesmo estádio há 32 anos; compare

O craque aproveitou para agradecer pelo apoio da torcida

Cristiano Ronaldo faz publicação nas redes sociais após eliminação de Portugal na Eurocopa: 'Merecíamos mais'

Com os criminosos foram apreendidos drogas, dinheiro, máquina de cartão de crédito e diversos celulares roubados

Polícia Civil prende em flagrante três homens por tráfico e desarticula ponto de venda de drogas no Centro

Sem citar caso das joias, ex-presidente citou ‘questões que atrapalham’ e criticou a imprensa

Após indiciamento por joias, Bolsonaro é aplaudido em evento conservador ao dizer estar pronto para ser sabatinado sobre qualquer assunto

Embora Masoud Pezeshkian tenha sido eleito com a defesa do diálogo com nações ocidentais, decisões sobre política externa ou nuclear permanecem sob aiatolá Ali Khamenei

Vitória de candidato moderado no Irã pode aliviar, mas tensões nucleares não vão acabar, dizem analistas