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Por O Globo

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, divulgou nesta terça-feira imagens inéditas do momento da invasão da embaixada do país em Quito na última sexta-feira, condenando a operação que prendeu o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, asilado na sede diplomática. Em uma publicação no X (ex-Twitter), ele condenou o ataque "autoritário desprezível", que levou ao rompimento das relações diplomáticas entre os países.

Nas imagens, policiais invadem a sede diplomática do México, supostamente protegida, depois que vários agentes armados escalaram o muro externo. No vídeo, de câmeras de segurança de dentro do prédio, os agentes apontam uma arma para o vice-chefe da missão diplomática, Roberto Canseco, e depois agridem o diplomata mexicano enquanto ele estava na biblioteca do prédio.

Às 22h15, um policial com um escudo empurra Canseco enquanto Glas é arrastado para fora do prédio por quatro agentes. O diplomata é atirado no chão e novamente agredido do lado de fora do prédio enquanto Glas é levado pelos agentes.

— O México exige respeito — disse López Obrador em sua coletiva de imprensa diária pela manhã, quando as imagens foram divulgadas.

O Ministério das Relações Exteriores do México afirmou que estava divulgando as imagens para denunciar ao mundo a "invasão não autorizada e violenta" do Equador e "os abusos sofridos por nossa equipe diplomática".

"O mundo testemunhou a violência, os abusos e os maus-tratos sofridos por nossa equipe mexicana nas mãos da polícia equatoriana e a violação da imunidade de nossa embaixada no Equador", afirmou o Ministério em sua conta no X, assegurando que "o México levará essas violações do direito internacional às cortes e tribunais internacionais com o apoio de países amigos".

Um dos políticos mais poderosos do Equador, Glas foi vice-presidente no governo do socialista Rafael Correa (2007-2017), exilado na Bélgica após ser condenado por corrupção. Ele se refugiou na embaixada do México em dezembro para evitar voltar à prisão — onde ficou por cinco anos, saindo em 2022, por suspeitas de corrupção no caso Odebrecht e acusações de que havia entregado o controle da mídia estatal a “representantes da mídia privada”.

A prisão de sexta-feira ocorre no âmbito de uma terceira investigação por um suposto crime de peculato, no qual ele é acusado de desviar fundos públicos que deveriam ter sido destinados à reconstrução das províncias de Manabí e Esmeraldas, afetadas pelo terremoto de 2016. Glas foi detido dois dias depois do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, comparar a violência nas eleições equatorianas, que culminaram na morte do candidato Fernando Villavicencio às vésperas da eleição, ao contexto atual do México, que terá um pleito em junho.

Overdose

Na segunda-feira, Glas foi levado da prisão de segurança máxima La Roca (A Rocha), em Guayaguil, ao Hospital Naval do porto da cidade. O advogado de Glas, Andrés Villegas Pico, explicou, em nota, que o diretor do presídio lhe informou que seu cliente não apareceu na contagem inicial de prisioneiros. Os funcionários, então, entraram em sua cela às 8h30 e o encontraram “desacordado”. Glas não quis comer nada nas 24 horas anteriores. De acordo com o Serviço Nacional de Atenção Integral aos Adultos Privados de Liberdade (SNAI), órgão penitenciário estatal, ele "sofreu uma possível descompensação por se recusar a consumir os alimentos oferecidos".

No entanto, nesta terça-feira, o El País revelou que o ex-vice havia sofrido uma overdose de ansiolíticos, antidepressivos e sedativos, segundo um relatório policial ao qual o jornal teve acesso. De acordo com seus advogados, o político está estável e já retornou para a prisão depois de passar horas em observação médica.

Reação

A hospitalização de Glas ocorre enquanto as tensões entre o Equador e o México aumentam, com o avanço da preparação da demanda que será apresentada contra Quito perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), órgão jurisdicional máximo da ONU. A queixa se concentrará no fato de que a intervenção policial não respeitou a "inviolabilidade" das sedes diplomáticas estabelecida pela Convenção de Viena de 1961, o que levou ao rompimento das relações diplomáticas entre os países e provocou forte reação da comunidade internacional.

A invasão, sem precedentes recentes no mundo, foi condenada por cerca de trinta países, incluindo o Brasil, além de sete organismos mundiais e regionais, como as Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

O presidente Daniel Noboa se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto na segunda-feira e defendeu sua decisão de intervir na embaixada mexicana argumentando que não podia correr o "risco de uma fuga iminente" de Glas. O Equador considera o asilo "ilegal" e contrário às normas internacionais, uma vez que o ex-vice está sendo processado por um crime comum.

Por sua vez, López Obrador declarou, também na segunda-feira, que a operação para prender Glas foi uma medida "autoritária", resultado de uma combinação de inexperiência, má assessoria e busca por apoio popular de seu homólogo equatoriano. O presidente mexicano acusa ainda Quito de violar o direito de asilo estabelecido na Convenção de Caracas de 1954.

— Quando há governos fracos, que não têm respaldo popular ou capacidade [...] fabricam candidatos [...] e quem não tem experiência chega [ao poder] — disse o presidente mexicano em Mazatlán, onde foi observar o eclipse solar.

O México, que por um século recebeu perseguidos políticos de diferentes países, só havia rompido relações com a Espanha, durante a ditatura de Francisco Franco; com o Chile durante o mandato de Augusto Pinochet; e com a Nicarágua na ditadura de Anastasio Somoza. Na esteira dos eventos, Bolívia e Nicarágua também romperam relações com o país.

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