Irã e Israel voltaram a trocar ameaças nesta quarta-feira em meio à tensão crescente sobre como, onde e quando Teerã poderia retaliar o bombardeio israelense contra o complexo da Embaixada do Irã na Síria, na semana passada, que resultou na morte de militares iranianos de alta patente, incluindo o general Mohammad Reza Zahedi, comandante das Forças Quds — braço da Guarda Revolucionária do Irã para ações no exterior.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, reiterou ameaças de retaliação em um discurso que fez nesta quarta-feira para o Eid al-Fitr, o feriado que marca o final do mês sagrado do Ramadã. Khamenei afirmou que atacar um prédio de embaixada "significa que eles atacaram nosso solo".
— O regime maligno cometeu um erro. Deve ser punido e será punido — acrescentou Khamenei, segundo a Irna, a agência de notícias estatal.
A resposta do ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, foi rápida: "Se o Irã atacar a partir de seu território, Israel reagirá e atacará o Irã", escreveu em persa na rede social X (antigo Twitter).
A liderança iraniana tem repetidamente prometido vingar o ataque ao prédio da embaixada do país em Damasco, em 1º de abril. No discurso televisionado, Khamenei detalhou que o ataque, que destruiu o anexo de cinco andares que funcionava como consulado da embaixada iraniana na Síria, ignorou os compromissos internacionais que garantem a inviolabilidade das sedes diplomáticas.
O Irã ameaçou na semana passada em diversas ocasiões responder ao ataque, que exacerbou as tensões regionais em plena guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o grupo terrorista Hamas, apoiado por Teerã.
Permanece a dúvida, no entanto, se a resposta virá em forma de um ataque direto a partir do território do país ou de algum país aliado; se por meio de algum grupo do Eixo da Resistência, pelo qual Teerã costuma operar contra Israel; ou se em um ato aleatório contra alguma delegação ou alvo da comunidade judaica no exterior.
Israel não assumiu publicamente a responsabilidade pelo ataque em Damasco, mas vários funcionários israelenses confirmaram o envolvimento do país ao jornal americano The New York Times. O Estado judeu tem agido contra grupos e movimentos apoiados pelo Irã desde que o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro desencadeou a guerra em Gaza e afirma publicamente que não permitirá a presença do rival regional em sua fronteira.
O governo do Irã, que apoia o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, diz manter "conselheiros militares" no país, em guerra civil desde 2011. Analistas alertam que, embora ambos os lados provavelmente queiram evitar uma guerra aberta, qualquer erro de cálculo poderia transbordar e levar a uma escalada regional mais ampla.
Bombardeio a Gaza no fim do Ramadã
A festividade islâmica pelo fim do Ramadã foi marcada por novos bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza. Uma série de disparos foi feita contra o norte e o centro do território palestino durante a noite, incluindo o acampamento de refugiados de Nuseirat, segundo várias testemunhas disseram à AFP.
Por toda Gaza, os palestinos celebram com tristeza o fim do Ramadã, reunindo-se em abrigos improvisados em torno de alguns doces ou pequenos bolos preparados apesar da escassez. Em Jerusalém, a multidão de fiéis reunidos na Esplanada das Mesquitas, em meio a rigorosas medidas de segurança, estava completamente tomada pela tragédia de Gaza.
— É o Eid mais triste que já vivemos — disse Rawan Abd, uma enfermeira de 32 anos de Jerusalém Oriental. (com New York Times e AFP)
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