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Por O Globo e agências internacionais — Santiago

RESUMO

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GERADO EM: 01/08/2024 - 19:02

Promotor chileno acusa Venezuela de assassinato político: investigação aponta envolvimento do Trem de Aragua.

Promotor chileno acusa Venezuela de ordenar assassinato de ex-militar opositor, apontando motivação política. Investigação sugere envolvimento do Trem de Aragua. Chile exige colaboração da Venezuela. Corpo encontrado após sequestro com sinais de asfixia. Suspeitos identificados, incluindo um menor detido. Caracas nega ligação com o crime. Presidente chileno promete buscar justiça.

Cinquenta dias após o sequestro e subsequente homicídio do ex-militar Ronald Ojeda Moreno, dissidente do regime chavista que governa Caracas, o Ministério Público do Chile encerrou a primeira fase da investigação e afirmou que o crime cometido em Santiago foi encomendado em solo venezuelano. O órgão ainda aponta "para a hipótese mais plausível de que houve uma motivação política", disse a ministra do Interior, Carolina Tohá, em uma declaração nesta sexta-feira no palácio do Governo.

A investigação até agora estabeleceu que membros de uma organização criminosa transnacional, possivelmente do Trem de Aragua, foram os autores materiais do sequestro organizado na Venezuela.

— De quem é essa motivação política? Isso a própria investigação tem que esclarecer — acrescentou a ministra. — Na próxima fase [da investigação], os aspectos internacionais vão ter um papel decisivo (…). Como governo, vamos colocar todos os instrumentos que temos à nossa disposição no esforço para fazer justiça neste caso.

A vítima não tinha nenhuma relação com o crime organizado e desenvolvia atividades lícitas no Chile, que lhe concedeu refúgio político após fugir de uma prisão venezuelana depois de ser acusado de conspiração.

— O perfil que a vítima tem é um perfil político. Estamos falando de uma vítima que participou de ações contra o governo venezuelano e que, em segundo lugar, esteve presa nove meses na Venezuela e fugiu — explicou nesta sexta o promotor a cargo da investigação, Héctor Barros.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, assegurou, nesta sexta, que não permitirá a "impunidade" do homicídio de Ojeda, acrescentando que "vão esgotar todas as instâncias, tanto nacionais quanto internacionais".

— Pedimos e exigimos à Venezuela toda a colaboração requerida neste caso para que busquem e coloquem à disposição da Justiça os suspeitos de ter executado ou colaborado neste assassinato vil — disse Boric, crítico de Maduro, a jornalistas.

O Chile convocou na quinta-feira o seu embaixador em Caracas, Jaime Gazmuri, para consultas, depois de considerar "um insulto" que o governo venezuelano tenha negado a existência do Trem de Aragua, cujas operações se ramificaram no Chile e em outros países. Tohá descartou, no entanto, a interrupção formal das relações diplomáticas com o governo de Nicolás Maduro.

Entenda o caso

Na madrugada de 21 de fevereiro, Ojeda foi sequestrado de seu apartamento na comuna de Independência por desconhecidos que invadiram o 14º andar do prédio disfarçados de policiais. Escoltado por cúmplices, um dos sequestradores envolveu o pescoço do ex-tenente com seu braço esquerdo, o conduziu ao elevador e, posteriormente, a um veículo que os aguardava no estacionamento. Ojeda estava apenas de cueca.

Posteriormente, em uma fuga que deixou rastros em câmeras de vigilância e até mesmo em um posto de gasolina — onde um dos envolvidos comprou combustível com seu cartão de crédito e acumulou pontos de fidelidade em seu nome —, a vítima foi levada para uma casa onde teria permanecido viva por pouco tempo, pois a autópsia posterior estabeleceu uma data de morte provável nos primeiros dias do desaparecimento. Ojeda morreu por "asfixia por suspensão", segundo seu atestado de óbito.

— Há um grau de organização, de execução desse crime que não vimos antes. O Trem de Aragua nunca agiu protagonizando uma cena como a desse caso, disfarçados de policiais, e ainda tiveram o trabalho de enterrá-lo a 1,4 metro de profundidade e cimentar o o local onde estava sepultado. Isso o Trem de Aragua nunca fez — afirmou o promotor em entrevista à rede Chilevisión na quinta-feira.

Barros disse não saber se o sequestro e homicídio foram orquestrados pela Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM) da Venezuela, uma organização acusada por opositores do governo do presidente Maduro de praticar tortura e repressão contra dissidentes.

Até o momento, apenas um menor de 17 anos de nacionalidade venezuelana foi detido pelo crime. Os investigadores identificaram também como suspeitos Walter Rodríguez e Maickel Villegas, que, segundo a reportagem transmitida na quinta-feira, estariam na Venezuela.

Caracas negou qualquer relação com o crime

Em 28 de fevereiro, uma semana após o sequestro e antes que o corpo de Ojeda fosse encontrado, o "número 2" do chavismo, o deputado Diosdado Cabello, negou a participação de seu país no crime.

Em seu programa de televisão semanal, Cabello afirmou que "inventaram agora uma história de um sequestro que supostamente o chavismo cometeu no Chile. Eles calcularam quantos quilômetros são, 5 mil e poucos quilômetros? 5.600 quilômetros até aqui. Eles viriam a pé (risos da plateia presente no estúdio). Outros dizem que já estão aqui. E como eles passaram por tantos países, não é verdade? É que somos muito espertos se fizemos isso." (Com El Mercurio e AFP.)

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