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Por O Globo e agências internacionais — Washington e Ramallah

Horas depois de celebrarem a aprovação de um pacote bilionário de ajuda militar pelo Congresso dos EUA, lideranças de Israel criticaram uma iminente decisão de Washington de aplicar sanções a pelo menos uma unidade do Exército do país acusada de violações dos direitos humanos na Cisjordânia, território ocupado pelo Estado judeu desde 1967. O premier Benjamin Netanyahu disse que a medida seria o “cúmulo do absurdo e um rebaixamento moral”.

“Não devem ser impostas sanções às Forças Armadas de Israel (FDI)! Nas últimas semanas, tenho trabalhado contra a imposição de sanções aos cidadãos israelenses, inclusive nas minhas conversas com altos funcionários do governo americano”, escreveu no X, o antigo Twitter. “Em um momento em que os nossos soldados lutam contra os monstros do terror, a intenção de impor uma sanção a uma unidade das FDI é o cúmulo do absurdo e um rebaixamento moral.”

Os rumores sobre as sanções começaram a surgir na última quinta-feira, quando o site ProPublica divulgou que um painel do Departamento de Estado havia recomendado que algumas unidades da polícia e do Exército fossem impedidas de acessar a ajuda prevista no pacote aprovado no sábado. O painel cita uma série de incidentes ocorridos majoritariamente na Cisjordânia, que incluem torturas, estupros e assassinatos. Na sexta-feira, ao ser questionado sobre a reportagem, o painel disse que há investigações em curso e que ações devem ser anunciadas em breve.

No sábado, foi a vez do portal Axios revelar que o Netzah Yehuda, um batalhão do Exército israelense, deve ser alvo de sanções nos próximos dias. As medidas, diz o Axios, devem impedir que os militares tenham qualquer tipo de acesso à ajuda militar dos EUA e se relacionam às chamadas Leis Leahy, de 1997, que impedem que armas e equipamentos de defesa americanos sejam cedidos a governos ou instituições ligadas a violações dos direitos humanos.

Além de Netanyahu, Benny Gantz, integrante do Gabinete de Guerra e rival político do premier, afirmou que sanções podem abrir um “precedente perigoso”.

“O batalhão Netzah Yehuda é parte integrante das FDI. Está sujeito ao direito militar e opera de acordo com o direito internacional. O Estado de Israel tem um sistema judicial forte e independente, que sabe como investigar e examinar qualquer violação da lei ou desvio das ordens das FDI, e assim o faremos”, disse Gantz no X.” Tenho grande respeito pelos nossos amigos americanos, mas impor sanções à unidade é um precedente perigoso e também envia a mensagem errada aos nossos inimigos comuns em tempos de guerra.”

Baseado na Cisjordânia, o batalhão Netzah Yehuda é formado em grande parte por jovens de assentamentos judaicos na região e que muitas vezes foram rejeitados em outras unidades. Segundo o jornal Times of Israel, ele foi criado para que judeus ortodoxos prestem o serviço militar sem violações de suas convicções. Os soldados não interagem com mulheres e têm um tempo adicional para orações e cerimônias.

A unidade também é associada a casos graves de violações, em especial a morte de Omar Assad, um homem de 78 anos que foi preso em um posto de controle perto de Ramallah em janeiro de 2022. Pouco depois, ele foi amordaçado, algemado e forçado a se deitar de bruços por cerca de uma hora. Assad, que também tinha cidadania americana, sofreu uma parada cardíaca e morreu no local. Em junho do ano passado, o Exército afirmou que três pessoas envolvidas no caso foram punidas, mas sem processo criminal.

Ainda não está claro se o batalhão será o único afetado pelas eventuais sanções, as primeiras aplicadas pelos EUA a uma unidade do Exército israelense. Nas últimas semanas, o governo americano tem anunciado medidas contra colonos envolvidos em atos de violência contra palestinos na Cisjordânia, e sinaliza que deve expandir essas ações.

Em publicação no Telegram, o Exército disse que não foi informado sobre as possíveis sanções, afirmando que o Netzah Yehuda hoje participa de combates na Faixa de Gaza e atua “de acordo com o Código de Conduta militar, com pleno compromisso com a lei internacional”.

“Se uma decisão sobre o tema for tomada, as consequências serão revistas. O Exército de Israel segue com o compromisso de examinar incidentes excepcionais de forma profissional e de acordo com a lei”, diz a mensagem.

Escalada de violência

Os militares também se pronunciaram sobre a morte de um motorista de ambulância, baleado no sábado na Cisjordânia. Segundo o Crescente Vermelho Palestino, Mohammed Awad Allan prestava apoio a pessoas feridas em ataques de colonos quando foi atingido por disparos — não está claro se os tiros partiram dos colonos ou de militares na área. No comunicado, o Exército afirmou que forças da polícia de fronteira foram acionadas após um “confronto violento com arremesso de pedras que ocorreu entre palestinos e civis israelenses” e que, “durante o incidente, um motorista de ambulância do Crescente Vermelho Palestino foi morto”. Uma investigação está em curso.

Os confrontos entre colonos e palestinos têm se intensificado nos últimos meses, assim como as operações do Exército na Cisjordânia. No sábado, 14 pessoas morreram durante uma incursão terrestre no campo de Nur Shams nos arredores da cidade de Tulkarem. Israel afirma que 10 dos mortos “eram terroristas”, mas as autoridades locais questionam a alegação. Segundo o governador de Tulkarem, Mustafa Taqatqa, os “crimes de Israel incluem o abuso de cidadãos e a sabotagem deliberada e brutal da infraestrutura”.

Em outro incidente, dois palestinos foram mortos por soldados depois de uma tentativa de ataque em Hebron.

“Um dos terroristas tentou esfaquear os soldados que estavam na área, que responderam com disparos e o neutralizaram”, disse uma declaração do Exército. “Ao mesmo tempo, outro terrorista abriu fogo contra os soldados e também foi neutralizado.”

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