O presidente da Polônia, Andrzej Duda, afirmou nesta segunda-feira que o país está "preparado" para abrigar armas nucleares em seu território, caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decida reforçar a sua posição depois que a Rússia posicionou armas em Kaliningrado e na Bielorrússia. Frente à declaração, o Kremlin advertiu que tomaria medidas "necessárias" para "garantir sua segurança".
— Se os nossos aliados decidirem instalar armas nucleares no nosso território, no âmbito da distribuição nuclear para reforçar a segurança do flanco leste da Otan, estamos preparados — declarou o presidente conservador ao jornal polonês Fakt.
Duda afirmou ainda que a Rússia "está militarizando cada vez mais a área de Kaliningrado [enclave russo]e e está enviando armas nucleares para Bielorrússia", dois territórios que fazem fronteira com a Polônia, que é membro da Otan e um dos maiores apoiadores da Ucrânia desde o início da guerra.
A declaração do mandatário faz referência ao anúncio em junho passado do presidente Vladmir Putin sobre o envio de armas nucleares táticas para a Bielorrússia. Na época, o presidente russo afirmava estar sendo encurralado pela expansão da Otan para suas fronteiras. O primeiro-ministro Donald Tusk, citado pela Associated Press, disse a jornalistas que precisava discutir a questão com Duda com urgência.
O líder polonês visitou recentemente os Estados Unidos, onde se reuniu com o ex-presidente Donald Trump para discutir a guerra na Ucrânia e teve reuniões com as Nações Unidas (ONU), em Nova York. No mês passado, ele visitou Washington, onde se encontrou com presidente Joe Biden. Atualmente, está no Canadá.
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Em resposta à declaração de Duda, Moscou advertiu que adotará as medidas "necessárias" para "garantir sua segurança", caso Varsóvia receba armas nucleares.
— Os militares vão analisar a situação e, em qualquer caso, adotarão as medidas necessárias em resposta para garantir nossa segurança — afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa.
Confronto nuclear
A guerra tem levado os países integrantes do tratado na Europa Oriental a investirem na sua capacidade militar, embora não tenham armas nucelares — da Otan, os únicos que têm são os EUA, a França e o Reino Unido. Apesar disso, Washington tem fornecido os artefatos para a Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia para serem implantados e armazenados, informou a AP.
Nesta segunda, durante a Conferência de Não Proliferação em Moscou, o chanceler russo Sergei Lavrov afirmou que o Ocidente está à beira de um confronto militar direto entre potências nucleares. Citado pela agência russa Ria Novosti, o ministro das Relações Exteriores observou que o sistema de controle de armas, o desarmamento e a não-proliferação nuclear estão em crise, o que reflete em uma degradação profunda na manutenção da segurança internacional.
Este tampouco foi o primeiro atrito entre os países. Na mais recente, em julho passado, Putin advertiu a Polônia que qualquer "agressão" à aliada Bielorrússia seria tratada como um ataque ao seu próprio país, após Varsóvia anunciar o envio de tropas para reforçar sua fronteira oriental em resposta à presença de forças mercenárias do grupo Wagner, que realizavam treinamentos na região, e de construir novas defesas no local.
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