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Por O Globo e agências internacionais — Kiev

A Ucrânia suspendeu a prestação de serviços consulares a seus cidadãos homens ente 18 e 60 anos, como forma de pressionar para que retornem ao país e se juntem às forças de defesa contra a invasão russa, e também ajudem nas atividades econômicas locais.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores cita o estado de Lei Marcial, imposto logo depois do início da guerra, para justificar a suspensão da emissão de documentos como passaportes — a única exceção é para a concessão de carteiras de identidade usadas para retornar ao território ucraniano. Apesar da medida ter sido tomada em caráter temporário, não há prazo para que seja suspensa. De acordo com o Eurostat, o serviço europeu de estatísticas, há 4,3 milhões de ucranianos vivendo em países da União Europeia, sendo que 860 mil são homens.

Ao contrário dos primeiros dias da invasão russa, em fevereiro de 2022, quando os centros de recrutamento estavam lotados e cidadãos recorriam a postos do governo para retirar armas para a defesa contra ataques terrestres, Kiev tem uma dificuldade cada vez maior para conseguir novos recrutas. De acordo com a revista Time, a idade média dos soldados do país é de 43 anos, e muitos permanecem no front por mais tempo do que deveriam, justamente por falta de substitutos.

Desde o início da guerra, homens entre 19 e 60 anos estão proibidos de deixar o país, mas muitos o fazem de maneira irregular, arriscando as próprias vidas em travessias rumo a países como a Moldávia — no ano passado, a BBC afirmou que cerca de 20 mil homens em idade de alistamento fugiram do país. Alguns foram capturados e outros morreram.

Além da suspensão dos serviços consulares, o que dificulta a permanência no exterior, o governo ampliou as possibilidades para mulheres participarem dos combates (algo que a Rússia não permite neste momento), oferece salários atrativos para funções como piloto drone e realiza campanhas para incentivar recrutas mais jovens.

No começo do mês, o Parlamento aprovou uma nova lei de mobilização, que obriga todos os homens entre 18 e 60 anos a se apresentarem para cadastramento em até 60 dias, reduz a idade mínima de convocação de 25 para 27 anos, e abre caminho para a medida anunciada nesta terça, que nega serviços consulares a homens no exterior.

“Um homem em idade militar vai para o estrangeiro, mostra ao seu país que a questão da sua sobrevivência não o incomoda, e depois vem querer receber serviços deste país. Não é assim que funciona. Há uma guerra em nosso país”, escreveu no X (antigo Twitter) o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba. “A permanência no exterior não exime o cidadão de seus deveres para com a Pátria. É por isso que ontem instruí a tomar medidas para restaurar o tratamento justo dos homens em idade de mobilização na Ucrânia e no estrangeiro. Será justo.”

Solução de 'curto prazo'

A determinação acontece em um dos momentos mais difíceis para a Ucrânia no campo de batalha. Sem tantos problemas de tropas e com os arsenais completos,a Rússia realizou avanços lentos porém consistentes no Leste do país, e que podem servir para reforçar o discurso do Kremlin.

Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, os bombardeios recorrentes contra Kharkiv, no nordeste ucraniano, podem ser um sinal de que os russos querem lançar uma nova ofensiva para tomar a cidade, que fica próxima à fronteira entre os dois países — nos primeiros dias de conflito, tropas russas chegaram a entrar no perímetro urbano, mas recuaram pouco depois. Na semana passada, o chanceler russo Sergei Lavrov, expressou interesse na cidade, dizendo que ela exerceria um “papel importante” nos planos do presidente Vladimir Putin de estabelecer uma “zona sanitária” entre o território ainda controlado por Kiev e as áreas tomadas por Moscou.

Contudo, resta saber qual será o cenário adiante após a aprovação na Câmara dos EUA de um pacote de US$ 60 bilhões (R$ 307,90 bilhões) em ajuda militar aos ucranianos, após meses de um impasse liderado pelos republicanos aliados do ex-presidente e candidato à Casa Branca Donald Trump — em seus discursos, ele tem sinalizado que cortará a ajuda caso seja eleito.

O texto deve ser aprovado pelo Senado, e inclui armas cruciais, como sistemas de defesa aérea e munições de artilharia. Mas para Gwendolyn Sasse, pesquisadora no Centro Carnegie Europa, essa é uma solução de curto prazo, que resolve problemas pontuais e não contempla futuras turbulências, como as eleições americanas de novembro.

“A Ucrânia deve focar nas boas notícias agora, mas as potências ocidentais precisam pensar mais à frente, e de forma estratégica, para tentar prevenir problemas a cada passo. Mesmo sem o argumento de Trump sair vencedor no Congresso agora, a eleição presidencial permanece em aberto, com uma parte substancial do futuro da Ucrânia em jogo”, escreveu Sasse no site do Carnegie Europa nesta terça-feira.

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