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Por O Globo, com agências internacionais — Washington

Aliados dos EUA de Tel Aviv a Taipé agradeceram a aprovação do pacote de auxílio militar de cerca de US$ 95 bilhões (R$ 490 bilhões) no Senado americano, a ser enviado para Israel, Ucrânia e Taiwan. O pacote foi sancionado nesta quarta-feira pelo presidente americano, Joe Biden, que prometeu começar os envios em breve.

— Acabo de firmar como lei o pacote de segurança nacional que foi aprovado pela Câmara dos Deputados neste fim de semana, e pelo Senado ontem (terça-feira) — afirmou.

O texto passou na Câmara no sábado, após um longo bloqueio liderado por parlamentares republicanos, maioria na Casa. Na terça, o Senado aprovou o projeto por 79 votos a 18, garantindo US$ 60,8 bilhões (R$ 313 bilhões) para a Ucrânia, US$ 26,4 bilhões (R$ 136 bilhões) para Israel e para a ajuda humanitária a civis em zonas de conflito, incluindo Gaza; e US$ 8,1 bilhões (R$ 41,5 bilhões) para Taiwan.

Biden afirmou que está "garantindo que os envios [a Kiev] comecem imediatamente", e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o plano "inclui exatamente o que foi discutido" entre os líderes. Anteriormente, o ucraniano havia mencionado que o acesso a armas de longo alcance, sistemas de defesa antiaéreo e artilharia são "ferramentas essenciais para restaurar mais rapidamente a paz justa".

Para a Ucrânia, a aprovação chega em um momento crucial da guerra com a Rússia, no qual as forças do país sofrem com a falta de munição, equipamentos e até recrutas para continuar com seu esforço militar. Nas redes sociais, Zelensky afirmou que o essencial é que a ajuda chegue o quanto antes, mas a liberação do dinheiro não significa que os problemas de Kiev serão imediatamente resolvidos.

Segundo o Pentágono, um pacote inicial, de US$ 1 bilhão (R$ 5,1 bilhões), poderia ser enviado logo após a sanção presidencial, com mísseis antiaéreos Stinger portáteis, munição de artilharia de 155 milímetros, mísseis guiados antitanque e veículos de combate. Havia dúvidas sobre os mísseis de longa distância ATACMS, e nesta quarta-feira o Departamento de Estado revelou que os equipamentos foram mandados para os ucranianos antes da aprovação do pacote, e já teriam sido usados para atingir alvos dentro do território russo.

Embora Zelensky tenha dito que será enviado “exatamente” o que ele pediu, não está claro se os Estados Unidos enviarão mais um sistema de defesa aérea Patriot para a Ucrânia, item considerado essencial por Kiev. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, disse na terça-feira que o pacote de ajuda liberaria "sistemas de defesa aérea avançados", mas não especificou qual tipo. No ano passado, os americanos afimaram que enviariam caças F-16 a Kiev após o treinamento dos pilotos ucranianos, mas o pacote não menciona as aeronaves.

Mesmo designado como um pacote de apoio à Ucrânia, funcionários do Pentágono disseram que até US$ 48 bilhões (R$ 246 bilhões) irão para fabricantes de armas americanas, para reabastecer os estoques internos que foram quase esvaziados pelos últimos dois anos de guerra, e para fabricar armas adicionais a Kiev. Ao comentar a aprovação o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o projeto tornará os EUA ainda mais ricos, e que "apenas arruinará ainda mais a Ucrânia, levando a um maior número de vítimas entre a população por culpa de Vladimir Zelensky", reportou a agência RIA.

Os equipamentos geralmente são retirados de ativos do Pentágono na Europa, com remessas coordenadas por uma equipe de cerca de 300 pessoas baseadas na Alemanha, e as autoridades reconhecem que há poucos itens disponíveis. Os ucranianos não têm tempo para esperar, diante dos crescentes ataques russos e da aparente expansão da linha de frente rumo ao Norte.

— Quando conseguirmos [os armamentos], quando tivermos isso em nossos braços, então teremos a chance de tomar esta iniciativa e avançar para proteger a Ucrânia — disse Zelensky ao programa "Meet the Press", da NBC News, no domingo. — Depende de quão cedo recebermos esta ajuda.

Mensagem aos inimigos

Em Israel, a aprovação do pacote no Senado americano foi comemorada mais pela mensagem do que propriamente pelo valor. O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, saudou a ajuda dos EUA em um comunicado, referindo-se ao projeto como “um testemunho claro da força" da aliança com os EUA.

"A aprovação envia uma mensagem forte aos nossos inimigos", disse o chanceler no comunicado.

Apesar do simbolismo de ser um sinal político para a aliança, após meses de desgaste entre EUA e Israel, o auxílio financeiro também pode ser valioso para as forças israelenses.

Do total destinado à região, cerca de US$ 15 bilhões (R$ 77 bilhões) devem ser repassados ao país, priorizando capacidades defensivas. Mais de US$ 5 bilhões (R$ 25,7 bilhões) devem ser usados para reabastecer sistemas de defesa antiaérea, como o Domo de Ferro, a Funda de Davi e demais equipamentos.

Guerra área entre Irã e Israel — Foto: Editoria de Arte
Guerra área entre Irã e Israel — Foto: Editoria de Arte

Ao sancionar a lei, Biden instou Israel a assegurar que a ajuda aos palestinos "chegue sem demora" à Faixa de Gaza: parte dos recursos autorizados pelo Congresso deve ser repassado aos civis em forma de alimentos, suprimentos médicos e água potável.

— Vamos garantir imediatamente essa ajuda e fazer com que chegue lá — disse Biden. — Este projeto de lei aumenta significativamente a assistência humanitária que enviamos às pessoas inocentes de Gaza que estão sofrendo muito. Elas estão sofrendo as consequências desta guerra iniciada pelo Hamas.

'Tiro no pé'

Em Taiwan, território pressionado por uma presença cada vez mais ostensiva da China, o presidente recém-eleito Lai Ching-te — reconhecidamente hostil à aproximação com Pequim — comemorou o pacote, e afirmou que a medida "fortalecerá a dissuasão contra o autoritarismo" e "salvaguardará a paz".

Embora destino da menor parte da ajuda americana, Taiwan está na linha de frente da disputa entre EUA e China por influência na região do Indo-Pacífico, parte importante do enfrentamento estratégico dos dois países em nível global. Washington fez gestos de aproximação à ilha ao longo dos últimos anos, como a visita da ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em 2022. Em resposta, Pequim incrementou o número de exercícios ao redor de Taiwan, em especial no estreito que divide a ilha da China continental. Recentemente, os países romperam comunicações militares de alto nível.

O pacote foi aprovado no momento em que Washington tem tentado calibrar o tom sobre a China. Tanto o líder chinês, Xi Jinping, quanto Joe Biden, admitiram que houve progresso no diálogo desde uma reunião bilateral em novembro do ano passado. Contudo, em meio à corrida eleitoral americana, democratas e republicanos adotam postura cada vez mais combativa com relação a Pequim, abrindo margem para novas crises.

Em um gesto diplomático, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, iniciou na quarta-feira uma viagem de três dias para a China, no qual pretende discutir a relação e os interesses dos dois países com autoridades de primeiro escalão. O clima em Pequim antes da chegada de Blinken, contudo, mostra que o dinheiro aprovado para Taiwan não ficará sem resposta.

— Gostaria de enfatizar que o fortalecimento dos laços militares entre os Estados Unidos e Taiwan não trará segurança a Taiwan. Isso só aumentará as tensões e o risco de conflito no Estreito de Taiwan e, em última análise, será um tiro no pé — advertiu Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, após a aprovação do pacote de ajuda a Taiwan.

Ele ainda prometeu "medidas firmes e eficazes" da China para "salvaguardar sua soberania, segurança e integridade territorial". (Com NYT e AFP)

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