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Por O Globo e agências internacionais — Ohio

Um homem negro morreu em Ohio, nos Estados Unidos, após ser detido por policiais. Algemado e com as mãos atrás das costas, Frank Tyson, de 53 anos, foi imobilizado no chão e chegou a dizer repetidas vezes a frase: “não consigo respirar”. O caso, que ocorreu na quinta-feira da semana passada num bar de veteranos de guerra, foi divulgado nesta semana, depois que imagens da câmera corporal de um dos agentes envolvidos foram divulgadas pelo Departamento de Polícia de Canton.

No vídeo, a polícia responde à cena de um acidente de carro. Quando se aproximam, os agentes veem um poste derrubado e um veículo vazio com a porta do lado do motorista aberta e um airbag acionado. Em seguida, um homem passa numa van e diz à polícia que o responsável está em um bar naquela rua. Os agentes, então, se dirigem ao estabelecimento e, dentro do local, uma mulher pede que eles retirem Tyson de lá. Ele, por sua vez, derruba um banco do bar e diz para chamarem o xerife.

Os policiais, identificados como Beau Schoenegge e Camden Burch, tentam deter Tyson, que diz: “Estão tentando me matar”. Uma vez algemado, um dos oficiais parece colocar o joelho em cima do corpo do homem, que passa a repetir que não consegue respirar. O policial pede que ele se acalme e pare de lutar, e Tyson responde, mais uma vez: “Não consigo respirar, você está no meu pescoço”. Ao todo, conforme a NBC, o agente ficou com o joelho em Tyson por cerca de 30 segundos.

Pouco depois de o policial sair de cima dele, o homem diz novamente que não consegue respirar, e alguém responde: “Você está bem. Cale a boca”. Tyson fica imóvel por mais de 5 minutos, e os policiais conversam com as pessoas no local. Em dado momento, um agente diz: “Eu sempre quis estar em uma briga de bar, não sei se isso conta”. Quando eles voltam a atenção para Tyson, perguntam se ele se acalmou e se está respirando. Um policial verifica o pulso dele e realiza compressões torácicas.

Na última sexta-feira, o Departamento de Polícia de Canton disse, em comunicado, que os policiais responderam a uma chamada de acidente de um único veículo às 20h15 (21h15 em Brasília) de quinta-feira. A nota pontua que “várias doses” de Narcan, medicamento utilizado para tratamento emergencial, foram administradas antes que os paramédicos do Corpo de Bombeiros da cidade chegassem e que Tyson fosse levado para o hospital, onde foi declarado morto às 21h18. Segundo as autoridades locais, a causa da morte dele ainda está em aberto.

Investigações em andamento

Tyson tinha deixado a prisão menos de duas semanas antes de morrer. Ele cumpriu 24 anos de pena por um caso de sequestro e roubo, e teria, segundo a imprensa local, sido incluído em uma lista de violadores de liberdade condicional por não ter se reportado a um oficial de Justiça. As autoridades locais afirmaram que uma investigação independente, conduzida pelo Escritório de Investigação Criminal de Ohio, buscará determinar se o uso da força utilizada pelos agentes foi justificado.

Segundo a rede CBS, os dois policiais envolvidos foram postos em licença administrativa remunerada enquanto as análises estão em andamento. O prefeito de Canton, William Sherer II, disse que esteve com membros da família de Tyson “não apenas para permitir que eles vejam o que está sendo exposto ao público agora, mas para oferecer a eles as minhas condolências pessoalmente”. O chefe de polícia, John Gabbard, disse que estendeu suas “profundas condolências” àqueles próximos a Tyson.

George Floyd e Eric Garner

Esta não é a primeira vez que um caso do tipo ocorre. Em 2020, a morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos, ganhou repercussão mundial e gerou uma onda de protestos nos Estados Unidos. Floyd foi algemado por um policial e teve o pescoço prensado contra o chão por nove minutos. Em vídeos compartilhados à época, foi possível ver que ele pediu ajuda: “Por favor, eu não consigo respirar”. Mais tarde, uma autópsia concluiu que ele morreu por asfixia. Os quatro agentes envolvidos no caso foram condenados, e o policial Derek Chauvin foi sentenciado por assassinato em abril de 2021.

Um relatório oficial divulgado em junho do último ano afirmou que o Departamento de Polícia de Minneapolis, no estado americano de Minnesota, onde Floyd foi morto, continuou a usar força excessiva e praticar discriminação racial após o caso. Na região, de acordo com o Departamento de Justiça, a polícia “frequentemente discrimina ilegalmente negros e nativos americanos”, mesmo após autoridades aprovarem um projeto de reforma policial que determina uma série de medidas para diminuir o uso da força em abordagens.

Em julho de 2014, Eric Garner, de 43 anos, morreu na cidade de Nova York após ser sufocado por policiais brancos que o detiveram sob a suspeita de venda ilegal de cigarros. Enquanto era imobilizado, imagens da cena mostram que Garner repetiu 11 vezes a frase “eu não consigo respirar”. Ele foi declarado morto cerca de uma hora depois em um hospital da região. O laudo detectou que apesar dos problemas de saúde da vítima (obesidade, diabetes e asma), a causa da morte foi estrangulamento. O policial, Daniel Pantaleo, foi demitido em 2019.

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