Em meio a disparos de artilharia e troca intensa de tiros, dois militares ucranianos evacuam um colega ferido, apressadamente, da linha de frente. Fora do combate imediato, homens fardados fritam cortes de carne de porco no óleo. Um tanque dispara de trás da linha das árvores, contra posições inimigas.
Na linha de frente da guerra na Ucrânia
As cenas do leste da Ucrânia, que mostram o cotidiano brutal enfrentado pelos soldados de Kiev na linha de frente do esforço para conter a invasão russa, foram gravadas pelo jornalista brasileiro Yan Boechat. Em uma série de matérias para O GLOBO, o repórter que acompanhou os militares no front conta sobre o esgotamento das tropas, perante as táticas de guerra e poderio militar de Moscou.
A defesa da Ucrânia está nas mãos de tropas envelhecidas e esgotadas. A idade média dos soldados é de 43 anos. Poucos dos que estão no front tiveram mais de 20 dias de folga em mais de dois anos, o que os tornou experientes em combate — embora, quase sempre, tenham terminado em derrota.
Esgotamento no front ucraniano
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Enquanto em grandes cidades como Kiev, Lviv e Odessa a vida segue seu ritmo com um misto de incertezas e medo, nas áreas de combate, um manto de pessimismo e cansaço parece ter caído de forma abrupta sobre os soldados ucranianos após a derrota de Avdiivka, que os ucranianos acreditavam ser uma fortaleza inexpugnável, mas que foi tomada em fevereiro deste ano, após um avanço rápido das tropas russas e uma retirada caótica dos ucranianos. O espírito de otimismo que se seguiu às reconquistas de territórios ocupados pelos russos no primeiro ano de guerra desapareceu.
Após dois anos, a Rússia vem demonstrando superioridade em sustentar uma longa guerra de atrito. Ao longo dos cerca 400 quilômetros de trincheiras e linhas de combate que dividem o Donbass, as forças russas estão pressionando as posições ucranianas em diferentes pontos, por vezes conquistando territórios, por vezes apenas enfraquecendo a capacidade de defesa, e em outros, preparando grandes assaltos.
Embora a Ucrânia tenha imposto perdas importantes à Rússia nos últimos anos, empregando novas tecnologias no conflito, como drones modernos, além da ajuda bilionária de aliados no Ocidente, Moscou retomou o controle ao readaptar estratégias e protocolos de guerra soviéticos. Grandes estruturas de defesa foram montadas ao longo das linhas de combate, abriu formidáveis trincheiras e adaptou sua capacidade industrial para produzir armamento barato, simples e em vasta quantidade.
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