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Por AFP — Bogotá

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta quarta-feira que romperá relações diplomáticas com Israel a partir de quinta-feira, e descreveu o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, como “genocida” pela guerra que está travando na Faixa de Gaza. A decisão é a mais radical do país sul-americano após as múltiplas críticas de Petro à resposta do exército israelense aos ataques do Hamas, que controla o enclave palestino desde 2007, contra o sul de Israel em outubro de 2023. Israel classificou a decisão como uma "recompensa" ao Hamas, que, por sua vez, saudou a medida.

— Amanhã, as relações diplomáticas com o Estado de Israel serão rompidas (...) por ter um presidente genocida — disse o líder esquerdista, defensor da causa palestina, durante discurso do dia internacional do trabalhador para milhares de partidários em Bogotá. — Os tempos do genocídio, do extermínio de um povo inteiro diante de nós, não podem chegar. Se a Palestina morrer, a humanidade morre.

O líder colombiano também afirmou que “os povos democráticos não podem permitir que o nazismo se restabeleça na política internacional”.

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, acusou a decisão de Petro de "recompensar os assassinos do Hamas". "A história lembrará que Gustavo Petro decidiu apoiar os monstros mais desprezíveis que a humanidade já conheceu”, escreveu Katz em uma publicação no X (antigo Twitter).

Já o Hamas saudou a decisão como uma "vitória", afirmando apreciar "muito a posição do presidente colombiano Gustavo Petro... que consideramos uma vitória para os sacrifícios de nosso povo e sua causa justa". O grupo também pediu, em um comunicado, que outros países da América Latina sigam o exemplo.

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas mataram cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e levaram ao menos 240 como reféns para a Faixa de Gaza, segundo dados das autoridades israelenses. As estimativas apontam que 129 pessoas ainda permanecem em cativeiro no enclave, das quais 34 teriam sido mortas.

Em resposta, Israel prometeu aniquilar o Hamas. A represália levada a cavo já matou mais de 34 mil pessoas, a maioria mulheres e menores de idade de acordo com o Ministério da Saúde. Petro chegou a comparar as mortes de milhares de palestinos ao Holocausto judeu perpetrado pelos nazistas, comentários que provocaram reclamações do embaixador de Israel em Bogotá, Gali Dagan.

No protesto convocado por Petro no centro de Bogotá, algumas bandeiras palestinas foram agitadas.

— Essa é a melhor notícia que podemos receber, não podemos ser cúmplices de assassinos. É nossa resistência também, assim como estamos aqui apoiando nosso governo — disse à AFP Sandra Gutiérrez, professora de 38 anos da Plaza de Bolívar.

Série de mal-entendidos

A Colômbia é um dos principais aliados da África do Sul em seu processo contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, no qual acusa o Estado judeu de “genocídio” contra os palestinos em Gaza. Petro e seu homólogo brasileiro, o presidente Lula, acreditam que Netanyahu está violando as normas consagradas na Convenção sobre Genocídio da ONU de 1948, criada após o Holocausto

Em abril, a Colômbia pediu à Corte de Haia que interviesse no processo, mas até agora não recebeu resposta. Meses antes, atendendo a um pedido de Netanyahu, o presidente colombiano ofereceu-se para negociar, por meio de uma "comissão de paz", a libertação dos israelenses sequestrados pelo Hamas.

Em outubro passado, poucos dias após o início da guerra, Israel disse que estava “suspendendo as exportações de segurança” para a Colômbia depois que Petro acusou o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, de usar uma linguagem sobre o povo de Gaza semelhante ao que os “nazistas disseram sobre os judeus”.

O Estado judeu acusou Petro de “expressar apoio às atrocidades cometidas pelos terroristas do Hamas, alimentando o antissemitismo” e convocou o embaixador da Colômbia. Posteriormente, Bogotá exigiu que o enviado de Israel deixasse o país sul-americano.

Embora Israel seja um dos maiores fornecedores das forças armadas colombianas, Petro decidiu em fevereiro suspender a compra de suas armas, após mais de cem de pessoas terem morrido durante uma entrega de ajuda humanitária no norte do Gaza. As armas eram usadas pelas forças armadas colombianas, envolvidas em um conflito de décadas com guerrilheiros de esquerda, paramilitares de direita e cartéis de drogas

O presidente frequentemente também entra em conflito com o embaixador Dagan nas redes sociais, no que se tornou uma troca repetitiva de críticas.

Petro garante que apoia toda decisão que leve a um cessar-fogo entre as partes do conflito. Nesta quarta, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, em visita a Tel Aviv, disse que o país está determinado a obter uma trégua entre Israel e o Hamas.

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