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Por O Globo e agências internacionais — Washington

O presidente dos EUA, Joe Biden, defendeu nesta quinta-feira o direito ao livre protesto no país, em referência às manifestações em dezenas de campi de universidades americanas contra a guerra em Gaza, mas disse que "ações violentas” não serão toleradas, e que “a ordem deve prevalecer”. As declarações de Biden vieram no momento em que o número de detidos nos protestos chegou, de acordo com um levantamento, a mais de 2 mil.

Em declarações a jornalistas na Casa Branca, Biden disse que os atos nas universidades “testam dois princípios fundamentais dos EUA”: o direito à liberdade de expressão e o estado de direito. Apesar de defender a realização de protestos, o presidente equiparou ações violentas, como a destruição de propriedade e a ameaças violentas, à ocupação de prédios e campi — na terça-feira, o presidente havia dito que estudantes que invadiram um prédio da Universidade Columbia estavam “errados” e não agiam “de forma pacífica”.

— A discordância é essencial para a democracia. Mas a discordância jamais deve levar à desordem ou à negação dos direitos dos outros, e os estudantes devem poder terminar o semestre e suas educações universitárias — disse Biden, se referindo ao adiamento de aulas e provas em algumas instituições por causa dos protestos. — Nós somos uma sociedade civil, e a ordem deve prevalecer.

Antes da intensificação dos protestos nas universidades, centrados em pedidos de cessar-fogo em Gaza e nas críticas à postura do presidente americano desde o início da guerra, Biden havia feito críticas aos movimentos dentro dos campi. Em abril, ele atacou “protestos de viés antissemita”, e também aqueles que “não entendem o que acontece em Gaza” — nesta quinta-feira, ele voltou a condenar o antissemitismo, e que não há espaço para “discurso de ódio ou de violência de qualquer tipo”.

Desde o mês passado, dezenas de campi nos EUA viram os protestos contra a guerra em Gaza ganharem força, a começar pela Universidade Columbia, em Nova York, onde um acampamento foi desmantelado pela polícia e mais de 100 pessoas foram presas. No Texas, a Guarda Nacional do estado foi acionada e, além das prisões, houve agressões contra estudantes e professores, algumas delas gravadas e divulgadas em redes sociais.

Nesta quinta-feira, mais de 200 pessoas foram presas depois que a polícia entrou no campus da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) para desmantelar um acampamento pró-Palestina. Foram usadas balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral para tentar dispersar a multidão e derrubar as barreiras que protegiam as barracas, que foram desmanteladas.

A tensão estava elevada desde terça-feira à noite, quando pessoas não identificadas, usando roupas pretas e máscaras, atacaram o acampamento, e houve confronto com os manifestantes, deixando ao menos 15 feridos. No dia seguinte, policiais começaram a chegar ao campus, um sinal de que a ofensiva para desmantelar o protesto estava próxima.

“Todo estudante merece estar seguro e viver em paz em seus campi. Assédio, vandalismo e violência não têm espaço na UCLA ou em qualquer lugar”, afirmou, em comunicado na tarde desta quinta-feira, a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, do Partido Democrata. “Meu gabinete continuará a trabalhar com as agências de aplicação da lei locais e estaduais, com as universidades e lideranças comunitárias para manter os campi seguros e pacificos.”

Dois mil presos

Nas declarações na Casa Branca, Biden não condenou excessos das forças de segurança, tampouco as prisões de mais de 2 mil pessoas nas últimas semanas, de acordo com levantamento da agência Associated Press. Ao invés disso, ele preferiu um tom repetido por políticos republicanos e alguns de seus colegas de partido, o da defesa da ordem.

— Não se enganem. Como presidente, sempre defenderei o direito à liberdade de expressão. E o farei da mesma forma como também defendo a aplicação da lei — afirmou Biden. Em 2020, quando o país enfrentava protestos contra o racismo estrutural nos EUA, muitas vezes reprimidos com violência, o então presidente e então candidato à reeleição, o republicano Donald Trump, afirmou que era “o candidato da lei e da ordem”.

Polícia entra em confronto com manifestantes ao desocupar acampamento pró-Palestina

Polícia entra em confronto com manifestantes ao desocupar acampamento pró-Palestina

Nos campi, o nome de Biden não é mencionado de forma positiva por seu apoio quase irrestrito a Israel, que incluiu a aprovação recente de um pacote de ajuda de US$ 14 bilhões (R$ 71,59 bilhões), além de mais de 100 vendas de armas, incluindo equipamentos e bombas usados em Gaza. Ao ser questionado, nesta quinta-feira, se os protestos mudaram sua posição sobre o conflito que deixou mais de 34,5 mil mortos no enclave palestino, respondeu que não.

Diante de uma eleição que promete ser difícil, e da perda do apoio de eleitores mais jovens, especialmente por causa da guerra, os atos nas universidades podem significar um novo e perigoso problema para o democrata.

— Em termos da campanha dele, estou pensando no passado e, assim como outras pessoas, posso fazer essa referência de que isso [protestos contra a guerra em Gaza] pode ser o Vietnã de Biden. Lyndon Johnson, em vários aspectos, era um presidente muito bom. Ele escolheu não concorrer em 1978 por causa da oposição às suas visões sobre o Vietnã — disse à CNN o senador independente Bernie Sanders. — Me preocupa muito que Biden se ponha em uma posição na qual ele aliena não apenas os jovens, mas também boa parte da base democrata por causa de suas visões sobre Israel e a guerra.

Mais recente Próxima Aliado dos EUA, Japão é acusado de xenofobia por Biden

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