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Por O Globo, com agências internacionais — Moscou e Washington

A Rússia classificou nesta quinta-feira de "infundada" a acusação do Departamento de Estado dos EUA de que utiliza armas químicas como um "método de guerra" na Ucrânia, o que configuraria uma grave violação da Convenção sobre Armas Químicas (CAQ), que ratificou com mais de 150 países. O departamento americano também disse que Moscou usa regularmente "agentes de controle de distúrbios", ou gás lacrimogêneo, durante o conflito — algo proibido sob a convenção.

"O uso dessas substâncias químicas não foi um incidente isolado e provavelmente é motivado pelo desejo das forças russas de remover as forças ucranianas de posições fortificadas e obter ganhos táticos no campo de batalha", informou o Departamento de Estado dos EUA em comunicado na quarta-feira. Neste ano, a Rússia tem avançado lenta, mas de forma consistente, através das defesas ucranianas no Leste, capturando várias cidades e vilas.

"O desprezo contínuo da Rússia em relação a suas obrigações sob a convenção é consistente com o envenenamento de Alexei Navalny e de Sergei e Yulia Skripal com o agente nervoso Novichok", acrescentou o comunicado.

O Kremlin rejeitou as alegações, afirmando que continua comprometido com suas obrigações ante o direito internacional. Oficialmente, o país declara que já não possui um arsenal químico militar — embora enfrente pressões para oferecer uma maior transparência sobre o uso deste tipo de armamento.

Na linha de frente da guerra na Ucrânia

Na linha de frente da guerra na Ucrânia

— Vimos as notícias sobre isso. Como sempre, tais acusações parecem completamente infundadas e sem consistência — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres quando questionado sobre as acusações.

Agente de asfixia

A cloropicrina é uma substância oleosa que foi amplamente utilizada durante a Primeira Guerra Mundial. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA a rotulam como um “agente prejudicial aos pulmões” que pode causar irritação grave na pele, olhos e sistemas respiratórios. Sua utilização é especificamente proibida sob a CAQ, e a substância é listada como um agente de asfixia pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), órgão implementador da CAQ.

O presidente Joe Biden já alertou a Rússia contra o uso de armas químicas na Ucrânia. Em março de 2022, um mês depois de Moscou invadir o país vizinho, Biden prometeu que o presidente Vladimir Putin pagaria um “preço severo” se autorizasse o uso de tais armamentos. Mas há indicativos consistentes de que a Rússia ignorou os alertas.

A Ucrânia relata que há cerca de 1,4 mil casos de uso suspeito de armas químicas pela Rússia desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, com um aumento crescente nos últimos meses. Segundo Anastasiia Bobobvnikova, das Forças de Apoio ao Exército Ucraniano, 371 casos suspeitos de armas químicas usadas pela Rússia foram registrados em março, cerca de sete vezes a mais do que o número do ano anterior.

Já a secretária-adjunto para Controle de Armas dos EUA, Mallory Stewart, disse previamente que a Rússia empregava agentes de controle de distúrbios. Embora governos utilizem gás lacrimogêneo para fins de aplicação da lei em nível doméstico, eles são considerados uma arma química quando utilizados em guerra, de acordo com a OPAQ. Os civis geralmente conseguem escapar do gás lacrimogêneo durante os protestos, mas os soldados nas trincheiras não têm outra escolha a não ser fugir sob o fogo inimigo ou correr o risco de serem sufocados.

No início deste ano, a agência de notícia Reuters afirmou que as forças russas usaram granadas carregadas com gases lacrimogêneos CS (clorobenzilidenemalononitrila) e CN (cloroacetofenona), os mais comuns empregados para controle de multidões. O relatório do Departamento de Estado afirmou que ao menos 500 soldados ucranianos foram tratados por exposição a gases tóxicos e que um morreu após sufocar com gás lacrimogêneo.

O departamento também disse que os EUA imporiam sanções contra três entidades estatais vinculadas aos programas de armas químicas e biológicas da Rússia, além de quatro companhias que as apoiam. Também são alvo das punições 30 indivíduos, incluindo três que estariam envolvidos na morte de Navalny.

Paralelamente, para frear a capacidade industrial e militar da Rússia, o Departamento do Tesouro americano anunciou na quarta-feira sanções a 300 entidades, incluindo dezenas de companhias acusadas de facilitar a compra no estrangeiro de tecnologia e equipamentos.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que seu departamento "alertou consistentemente que as empresas enfrentariam consequências significativas por fornecerem apoio material à guerra da Rússia" e que as sanções "vão perturbar e degradar ainda mais os esforços de guerra da Rússia".

Na lista estão empresas com sede na China, que nesta quinta-feira afirmou que tomará as "medidas necessárias" para defender "os direitos e interesses legais das empresas chinesas". Pequim afirmou não ser "nem causa nem parte" da crise na Ucrânia e que tem direito de estabelecer relações comerciais "normais" com todos os países, incluindo a Rússia.

"China insta os EUA a cessar de difamar e restringir a China e a deixar de aplicar sem nenhum sentido sanções ilegais e unilaterais de forma desenfreada", declarou um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores em um mensagem enviada à AFP. (Com AFP e New York Times)

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