A polícia francesa começou a desocupar, nesta sexta-feira, a sede da universidade Sciences Po em Paris, onde estudantes protestavam contra a ofensiva israelense na Faixa de Gaza. Forças policiais entraram no prédio, ocupado por dezenas de pessoas na noite de quinta-feira, após uma audiência na Câmara Municipal não conseguir acalmar a animosidade entre os manifestantes e a instituição.
A Sciences Po Paris, alma mater do presidente Emmanuel Macron e considerada o melhor centro de ciências políticas da França, tem sido palco de vários protestos desde o início da guerra entre Israel e Hamas. O campus na capital francesa, cuja sede foi ocupada pelos manifestantes, fez com que as aulas de 5 mil alunos fossem suspensas. Os campi da universidade de elite em Le Havre, Poitiers e Dijon também foram bloqueados, assim como a biblioteca de sua sede em Reims. Outros dois centros de ensino superior em Lille e Lyon também foram bloqueados.
O protesto em solo francês demonstra como as tensões que assolam universidades americanas há semanas parecem estar se espalhando pelo mundo. Em Paris, as demandas se assemelhavam às exigidas em parte das principais universidades americanas, como uma condenação institucional mais veemente à ofensiva militar de Israel em Gaza e a reavaliação das parcerias com universidades israelenses e doadores privados.
Ao contrário dos EUA, onde manifestações em cerca de 40 universidades resultaram em confrontos com a polícia e em mais de 2 mil de detenções, os protestos na França têm sido mais pontuais. A SciencesPo emitiu um comunicado informando que os manifestantes foram retirados de sua sede sem uso de violência. Contudo, o governo francês tem acompanhado a situação de perto e tomado medidas para controlar os atos antes que se tornem mobilizações maiores e generalizadas.
— Ao contrário do que vimos em outros países, especialmente do outro lado do Atlântico, nenhum acampamento foi estabelecido permanentemente — afirmou o Gabinete do primeiro-ministro Gabriel Attal, nesta sexta-feira, reiterando que as autoridades permanecerão "firmes".
Em outras partes do mundo, manifestantes unidos por ideais semelhantes também demonstram apoio aos palestinos. No Reino Unido, estudantes montaram um acampamento na University College London (UCL). Na Austrália, vários acampamentos com bandeiras palestinas foram montados em campi universitários ao longo da semana.
Pequenos acampamentos começaram a surgir nas universidades das cidades de Bristol, Newcastle e Warwick, no Reino Unido. Um grupo de estudantes e funcionários da UCL montou tendas no campus na quinta-feira para pressionar a escola a desinvestir em empresas que lucram no que chamaram de “genocídio dos palestinos”, entre outras exigências.
— Não vamos nos mexer até que a universidade atenda às nossas demandas — disse um porta-voz identificado apenas como Anwar na quinta-feira, em uma postagem nas redes sociais.
Na Austrália, acampamentos foram montados nas principais universidades das cidades de Adelaide, Canberra, Melbourne e Sydney, em protestos que ficaram mais tensos à medida que manifestantes pró-Israel se reuniram nas proximidades.
Referindo-se aos acampamentos, uma organização de estudantes judeus disse numa publicação nas redes sociais, na quinta-feira, estar profundamente preocupada com "uma nova escalada na difamação de estudantes judeus”.
As administrações das universidades australianas disseram que apoiam o direito dos estudantes de protestar, ao mesmo tempo que os alertam para que cumpram as políticas escolares. (Com AFP e NYT)
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