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Por O Globo, com agências internacionais

O Hamas anunciou, nesta segunda-feira, que aceita os termos de um acordo de cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza, mediado por Catar, Egito e Estados Unidos. O anúncio foi feito horas após o Exército israelense ordenar a evacuação do sul da cidade de Rafah. O comunicado oficial não detalha quais termos o grupo palestino aceitou cumprir, apenas que a proposta teria tido participação do Egito e do Catar. Israel disse que a proposta " longe das exigências necessárias" e anunciou que enviará uma equipe de negociadores ao Egito, ao mesmo tempo em que deu sinal verde para a ofensiva em Rafah. As conversas serão retomadas nesta terça-feira.

"Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político do movimento Hamas, conversou por telefone com o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdul Rahman al-Thani, e com o ministro egípcio da Inteligência, Abbas Kamel, e os informou da aprovação do movimento Hamas à sua proposta relativa ao acordo de cessar-fogo", afirmou comunicado emitido pelo grupo, sem detalhar os termos da proposta.

De acordo com a rede al-Jazeera e a agência Reuters, citando fontes do Catar e do Egito, a proposta avalizada pelo Hamas estabelece três fases distintas, cada qual com duração de 42 dias.

Na primeira, está previsto o início de uma trégua, além da retirada israelense do chamado Corredor de Netzarim, que divide a Faixa de Gaza ao meio, o retorno dos refugiados internos às suas áreas de origem e a troca de 33 reféns por um número a ser determinado de prisioneiros palestinos.

A segunda fase envolveria a aprovação de uma "calma sustentável", termo usado para evitar a menção à expressão "cessar-fogo permanente", a retirada total das forças israelenses de Gaza e a libertação de reservistas de Israel detidos pelo Hamas, em troca de mais prisioneiros. A terceira e última etapa inclui o fim do bloqueio a Gaza e o início da implementação do plano para reconstruir o território, sob supervisão de Catar, Egito e ONU.

— A bola está agora no campo de Israel [que pode escolher] entre aceitar o acordo de cessar-fogo ou colocar obstáculos no seu caminho — disse à AFP um alto dirigente do Hamas, em condição de anonimato.

Khalil al-Hayya, membro da cúpula política do Hamas, afirmou à al-Jazeera que o Egito se apresentou como garantidor do acordo, e revelou que EUA e Catar, além dos próprios egípcios, se comprometaram em não permitir a retomada da guerra após a terceira etapa do plano. Os governos citados não se pronunciaram sobre as alegações.

Fontes do governo israelense afirmaram que a proposta aceita pelo Hamas seria uma versão suavizada pelo Egito, e que são grandes as chances de ser rejeitada. Ao Canal 12, de Israel, negociadores apontam que "várias cláusulas novas" foram incluídas, e o texto "não é o mesmo" acertado por israelenses e pelo Egito há 10 dias. Eles dizem que os termos incluem condições e prazos para o fim do conflito, algo que seria uma "linha vermelha" para Netanyahu, que vem reiterando sua intenção de não interromper a guerra

— Estamos considerando todas as respostas muito seriamente e tentando todas as possibilidades para avançar nas negociações. Ao mesmo tempo, continuamos a agir e a lançar operações na Faixa de Gaza — afirmou nesta segunda-feira Daniel Hagari, porta-voz das Forças Armadas, confirmando que os planos sobre Rafah não foram afetados pelas declarações do Hamas.

Em reunião nesta segunda-feira, o Gabinete de guerra aprovou a continuidade da ofensiva em Rafah, e concordou com o envio de mediadores para o Egito para discutir a proposta.

"O gabinete de guerra decidiu por unanimidade que Israel continuaria a operação em Rafah, a fim de exercer pressão militar sobre o Hamas, com o objetivo de impulsionar a libertação dos nossos sequestrados e alcançar os objetivos da guerra", afirmou no X, o antigo Twitter, Ofir Gendleman, porta-voz do governo israelense para a imprensa árabe. "Paralelamente, e embora a proposta do Hamas esteja longe das exigências necessárias de Israel, Israel enviará uma delegação aos mediadores apara esgotar a possibilidade de chegar a um acordo em termos que sejam aceitáveis ​​para Israel."

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Catar, as negociações indiretas entre Hamas e Israel serão retomadas nesta terça-feira no Cairo. Em comunicado, o porta-voz da Chancelaria, Majed bin Mohammed Al-Ansari, disse ter "esperança de que as conversas culminem em um acordo para um cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza, na troca de prisioneiros e detidos, e no fluxo sustentável de ajuda humanitária em todas as áreas" do enclave.

O Departamento de Estado americano também disse ter recebido a resposta do Hamas, e que está discutindo o texto internamente e com os aliados regionais.

— Isso é considerado algo de alta prioridade para todos neste governo, desde o presidente até os demais — afirmou o porta-voz do departamento, Matthew Miller, em entrevista coletiva. — Todos estão focados nisso, todos querem fechar um acordo o quanto antes.

Mapa das operações militares de Israel em Gaza — Foto: Editoria de Arte
Mapa das operações militares de Israel em Gaza — Foto: Editoria de Arte

Após uma reunião ministerial, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, elogiou a resposta do Hamas, e afirmou esperar que Israel "dê o mesmo passo". Na semana passada, a Turquia anunciou a suspensão das relações comerciais com os israelenses, uma decisão ligada à guerra em Gaza.

Em entrevista coletiva ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, o líder chinês, Xi Jinping, defendeu um cessar-fogo imediato em Gaza, além de medidas para que ele seja sustentado.

— Apelamos à implementação imediata de um cessar-fogo abrangente e sustentável em Gaza, ao apoio à Palestina para se tornar membro de pleno direito das Nações Unidas, ao apoio à restauração dos direitos legítimos da nação palestina, ao retomada da solução de dois Estados e à concretização paz duradoura no Oriente Médio — disse Xi.

Palestinos deixam Rafah após ordem de evacuação do Exército israelense — Foto: AFP
Palestinos deixam Rafah após ordem de evacuação do Exército israelense — Foto: AFP

Uma delegação política do Hamas desembarcou no Cairo, no sábado, para oferecer uma contraproposta aos termos apresentados uma semana antes, em outra reunião no Egito. O acordo inicial, disseram fontes ocidentais, previa um cessar-fogo temporário de 40 dias e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos dividida por fases, com entre 22 a 33 sendo liberados na primeira etapa.

Havia expectativa de que a delegação confirmasse, ainda no sábado, que aceitava os termos, mas um impasse sobre a duração e o formato do cessar-fogo, se apenas temporário ou definitivo, impediu um desfecho. O Hamas pressionava por uma redação clara garantindo um fim do conflito, enquanto Israel se negou a conversar sobre encerrar a campanha militar.

Hamas divulga novo vídeo de refém sequestrado durante ataque a Israel em outubro

Hamas divulga novo vídeo de refém sequestrado durante ataque a Israel em outubro

O humor dos mediadores internacionais sobre as chances de acordo mudou ao longo dos dias, com a expectativa positiva inicial dando lugar ao pessimismo. Fontes do governo israelense afirmaram à veículos de imprensa internacional, no sábado, que uma delegação diplomática seria enviada ao Egito apenas se os termos apresentados pelo Hamas, como contraproposta as demandas inicialmente costuradas pelos mediadores, apresentasse algum avanço sobre um possível acordo de reféns.

— Esperamos negociações difíceis e longas para um acordo real — disse uma fonte israelense ouvida pela AFP. — A indicação a um movimento positivo sobre um esboço seria enviarmos uma delegação liderada pelo chefe do Mossad para o Cairo.

Um homem empurra uma mulher idosa em uma cadeira de rodas enquanto palestinos fogem de suas casas no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. — Foto: AFP
Um homem empurra uma mulher idosa em uma cadeira de rodas enquanto palestinos fogem de suas casas no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. — Foto: AFP

O indicativo de um acordo chega em um momento em que a comunidade internacional e as organizações humanitárias levantam preocupação de um banho de sangue se Israel lançar uma ofensiva contra Rafah, no sul do enclave, onde se amontoam cerca de 1,2 milhão de deslocados — e onde as Forças Armadas israelenses dizem estar escondidos os últimos batalhões operacionais do Hamas. (Com AFP)

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