O presidente da Argentina, Javier Milei, admitiu que as Ilhas Malvinas estão atualmente "nas mãos do Reino Unido" e que "não existe solução instantânea" para recuperá-las. O presidente argentino discutiu a situação do arquipélago, contestado por Buenos Aires há décadas, em uma entrevista à rede britânica BBC.
O chefe de Estado ultraliberal reconheceu também que podem ser necessárias "décadas" para tentar recuperar a soberania das Malvinas, mas deixou claro que a Argentina "não busca um conflito" com o Reino Unido.
O arquipélago, localizado a 400 quilômetros da costa argentina e a quase 13 mil quilômetros do Reino Unido, foi palco de uma guerra de 74 dias entre Argentina e Reino Unido em 1982, que terminou com a rendição do país sul-americano e o balanço de 649 argentinos e 255 britânicos mortos.
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Durante a campanha, Milei disse ao jornal La Nación que os argentinos perderam a guerra, e a população precisa fazer "todos os esforços para recuperar as ilhas pelos canais diplomáticos". O então candidato, no entanto, não poupou elogios à primeira-ministra britânica à frente do conflito em 1982, Margareth Tatcher, e chegou a dizer que ela era a sua "ídola". No mês passado, o presidente participou da cerimônia no aniversário de 42 anos da guerra e reiterou a "reivindicação inabalável" da soberania do país sobre as Ilhas Malvinas.
Meses antes, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, visitou as ilhas e afirmou esperar que este território deseje permanecer sob a administração do Reino Unido "por muito tempo, possivelmente para sempre".
Malvinas ou Falklands?
— Se este território está agora nas mãos do Reino Unido, tem o direito de fazê-lo. Não vejo isto como uma provocação — disse Milei ao ser questionado sobre o tema na entrevista publicada em inglês nesta segunda-feira no site da rede britânica.
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A posição de Milei diverge da postura de seu antecessor de esquerda, Alberto Fernández (2019-2023), que em 2022 afirmou que as "Malvinas foram, são e serão argentinas".
A Argentina afirma que as ilhas, herdadas da coroa espanhola depois de sua independência, foram ocupadas em 1833 por tropas do Reino Unido, que expulsaram o governador e os moradores argentinos para o continente.
Londres destaca que quase 100% dos 2 mil residentes do arquipélago concordaram em prosseguir sob controle britânico em um referendo organizado em 2013.
— Não vamos renunciar à nossa soberania, nem vamos buscar um conflito com o Reino Unido — declarou Milei, antes de acrescentar que isto "levará tempo" e envolverá uma "negociação de longo prazo". — Podem não querer negociar hoje. Podem querer negociar mais adiante. Muitas posições mudaram com o tempo.
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