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Por O Globo, com agências internacionais

Alguns membros do governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, dividiram-se nesta quinta-feira entre lamentos e críticas à ameaça feita pelo presidente Joe Biden de que os EUA poderiam reter o envio de mais armas a Israel se o país lançar uma grande ofensiva terrestre em Rafah, um dia depois de ser divulgada a informação de que Washington suspendeu o envio de 3,5 mil bombas ao país por preocupações de que pudessem ser utilizadas na cidade, que fica no extremo sul da Faixa de Gaza. O tom desafiador das autoridades foi adotado apesar de crescer o temor de que o estremecimento das relações com os EUA poderia afetar a habilidade do Estado judeu de manter sua campanha contra o grupo terrorista Hamas, que controla o enclave desde 2007.

Na primeira reação oficial de Israel ao posicionamento americano, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, afirmou que a suspensão do envio das bombas e a advertência de reavaliação de futuros fornecimentos de armas podem fortalecer o Hamas no campo de batalha ao lhes "dar esperança":

— É uma declaração difícil e muito decepcionante de um presidente ao qual estamos gratos desde o início da guerra. Está bastante claro que qualquer pressão sobre Israel, qualquer restrição que seja imposta, inclusive por aliados próximos preocupados com nossos interesses, são interpretadas por nossos inimigos como algo que lhes dá esperança — disse Gilad Erdan à rádio pública de seu país. — Se Israel for impedido de entrar em uma área tão importante como o centro de Rafah, onde há milhares de terroristas, líderes do Hamas e reféns mantidos pelo grupo, como acreditam que será alcançado o objetivo de aniquilar o Hamas?

Em uma de suas falas mais fortes desde o início da guerra, Biden reconheceu que bombas americanas foram usadas para matar civis palestinos, afirmando que, apesar de os EUA manterem a posição de garantir a segurança de Israel, incluindo com o sistema de defesa antimísseis Domo de Ferro, bloqueariam a entrega de armamento que possa atingir áreas desamente povoadas de Rafah. Com apenas 65 km², a cidade tinha uma população de 250 mil antes da guerra, mas agora abriga quase 1,5 milhão palestinos deslocados pelo conflito.

— Se entrarem em Rafah, não fornecerei as armas historicamente usadas para que sejam empregadas na cidade — disse Biden em entrevista à rede americana CNN. — É simplesmente errado. Não vamos fornecer as armas e os projéteis de artilharia que vêm sendo usados.

As declarações de Biden destacaram o aumento das diferenças entre os EUA e Israel sobre a condução da guerra por Israel, que causou enorme devastação entre os civis. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, a campanha militar por terra e ar — iniciada após o ataque terrorista do Hamas que matou quase 1,2 mil pessoas (em sua maioria civis) e fez quase quase 250 reféns em 7 de outubro — já deixou quase 35 mil mortos, em sua maioria mulheres e crianças, no enclave. Armas americanas, incluindo bombas pesadas, desempenham um papel-chave no conflito.

A ala mais radical do governo israelense reagiu com ironia às declarações do líder americano. O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, escreveu a mensagem "Hamas ❤️Biden", na rede social X. O comentário de Ben-Gvir foi condenado pelo presidente Isaac Herzog, que o chamou de irresponsável.

— [Esse comentário pode] ferir os interesses da segurança nacional de Israel. [São] comentários sem fundamento, irresponsáveis e insultos — disse Herzog. — Mesmo quando há momentos de discussão e desapontamento entre amigos e aliados, há caminhos para superar nossas diferenças.

Na noite de segunda-feira, Israel entrou pela primeira vez por terra no leste de Rafah, capturando o lado palestino do posto de controle que fica na fronteira com o Egito e interrompendo a entrega de ajuda humanitária pelo local, mas sem lançar uma grande operação militar para o resto da área. Segundo funcionários da Agência para Refugiados Palestinos (UNRWA), nas últimas 24 horas a cidade sofreu mais bombardeios do que nas últimas duas semanas. Já o Ministério da Saúde do Hamas aponta ao menos 60 mortes no período. De acordo com a ONU, 79 mil pessoas deixaram a cidade após Israel emitir um ultimato para retirada no fim de semana.

Nadav Eyal, colunista proeminente de um jornal centrista israelense, disse que Biden decidiu essencialmente anunciar publicamente o fim da guerra. Ele classificou a decisão dos EUA como “o conflito mais sério entre uma administração americana e o governo de Israel desde a primeira guerra do Líbano”. Durante esse conflito, em 1982, a administração Reagan suspendeu a entrega de munições de artilharia do tipo cluster a Israel.

Sem referir-se diretamente às declarações de Biden, Netanyahu postou um vídeo nas redes sociais de um discurso desafiador proferido nesta semana, em que disse que “nenhuma pressão” “impedirá Israel de se defender”.

“Se Israel for forçado a ficar sozinho, Israel ficará sozinho”, disse ele no vídeo. (Com AFP e NYT)

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