Irmão da presidente do Peru é preso acusado de chefiar esquema de corrupção

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Nicanor, irmão mais velho de Dina, foi preso em seu apartamento, no leste de Lima, a capital peruana, por volta das 8h40 (10h 40 em Brasília), segundo o MP. O mandado de prisão emitido pelo Primeiro Tribunal Nacional de Investigação Preparatória abrange um total de oito pessoas, incluindo Mateo Castañeda, advogado da presidente, que estão sendo investigadas pelos supostos crimes de tráfico de influência e organização criminosa. De acordo com o documento judicial, ao qual o jornal local El Comercio teve acesso, a operação também inclui a busca nas propriedades de 22 pessoas em Lima e nas regiões de San Martín, Cajamarca, Junín e Abancay.

O juiz Richard Concepción Carhuancho autorizou a busca, leitura, visualização e extração de informações de telefones celulares, CPUs, laptops, tablets e outros equipamentos eletrônicos, bem como o levantamento do sigilo bancário e fiscal. Além de Boluarte e Castañeda, também foram presos Víctor Hugo Torres Merino, Edwin Ugarte Nina, Noriel Chingay Salazar e Zenovia Herrera Vásquez.

De acordo com o Ministério Público, o irmão da presidente do Peru é acusado de comandar a suposta organização criminosa "Los Waykis en la sombra" (Os Waykis na Sombra) que designava prefeitos e vice-prefeitos em troca de "benefícios econômicos". Estes funcionários atuam como representantes do Executivo nas regiões do país e são nomeados diretamente pelo presidente e pelo ministro do Interior. De seus cargos atraíam "afiliados" para um novo partido político, Cidadãos do Peru, que seria liderado por Nicanor Boluarte, de 64 anos. A organização "teria criado seu programa criminoso imediatamente após Boluarte" assumir como presidente em 7 de dezembro.

Nicanor negou as alegações ao ser conduzido, algemado, à prisão após a batida em seu apartamento.

— Eu nego absolutamente tudo, sou inocente — disse ele aos repórteres. — Não tenho nenhuma organização criminosa. Sou inocente.

O secretário-geral do Cidadãos do Peru, Alberto Moreno, defendeu na Rádio Programas del Perú que Nicanor não faz parte da estrutura legal ou orgânica do partido, embora sejam amigos.

— Nicanor Boluarte não pertence ao partido, não faz parte de sua estrutura. Ele não tem vínculos orgânicos ou legais, isso já foi esclarecido e demonstrado. É um pouco preocupante o que está acontecendo — afirmou Moreno. — Temos dito repetidamente que temos uma amizade com o Dr. Boluarte, mesmo quando estávamos pensando em construir o partido no início do século. Não negamos isso.

Na quinta-feira, o governo de Boluarte desativou a equipe especial da Polícia Nacional que estava apoiando o grupo de promotores especiais do Ministério Público especializados no combate à corrupção, que é coordenado pela promotora Marita Barreto, levantando várias questões. Além disso, o Ministério do Interior anunciou o início de "investigações administrativo-disciplinares" e "medidas legais" contra os responsáveis pela emissão da medida legal que criou esse grupo policial.

Esse não é o único escândalo no qual Dina Boluarte e seu entorno estão envolvidos. Há um mês, o MP do Peru apreendeu três relógios Rolex e uma pulseira que o governador do estado de Ayacucho, Wilfredo Oscorima, teria supostamente emprestado à presidente. As joias — que não foram declaradas por Boluarte — estão no centro de uma investigação de enriquecimento ilícito da qual a chefe de Estado é alvo, apelidada de "Rolexgate", que já culminou na renúncia de seis ministros do seu Gabinete.

Uma investigação da revista Hildebrandt en sus Trece afirma também que a mandatária se ausentou do Palácio do Governo e de toda atividade exigida por sua investidura durante duas semanas entre junho e julho de 2023 para realizar uma rinoplastia e outras intervenções cirúrgicas de rejuvenescimento no rosto. Se comprovada a ausência, Boluarte teria violado a Constituição por não ter comunicado sua ausência ao Congresso e por não ter sido substituída pelo presidente da Câmara, o que qualificaria como uma causa de vacância ou moção de censura.