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Por , Em La Nacion — Buenos Aires

Uma colisão de trens em Buenos Aires, na Argentina, deixou cerca de 90 feridos nesta sexta-feira, relataram as autoridades do serviço de emergência da cidade, o Same. O acidente ocorreu quando um trem urbano com passageiros colidiu com outro que, por razões ainda em investigação, estava parado no bairro de Palermo, na capital. Em questão de segundos, o som da passagem do trem transformou-se numa freada longa e metálica, que durou uma “eternidade” de 10 segundos. De repente, o que parecia ser um dia tranquilo tornou-se caótico: após o acidente, pessoas foram vistas machucadas, gritando e chorando.

Um esforço conjunto do Same mobilizou mais de 60 ambulâncias, seis motos e dois helicópteros que levaram os 55 feridos mais graves a 14 hospitais. Entre eles estava um dos maquinistas do trem, que sofreu um corte profundo na orelha e foi levado para o Tornú, onde recebeu alta horas depois. Também houve feridos como uma bebê de 10 meses que viajava com a mãe e sofreu politraumatismo craniano, embora estiveja evoluindo favoravelmente, segundo as autoridades de saúde. Atualmente, 17 pessoas permanecem sob observação nos hospitais de Buenos Aires.

Pouco depois do impacto, Martín (sobrenome não divulgado), o maquinista do trem de passageiros, entrou em contato com o centro de controle de Retiro para relatar o incidente e informar sua localização. “Controle, batemos aqui. Havia um trem”, disse. A voz soava entrecortada, chocada, sem entender o que estava acontecendo. Os áudios das primeiras comunicações após o impacto agora estão nas mãos do juiz federal Julián Ercolini e do promotor Carlos Rívolo. O mesmo vale para os resultados das perícias realizadas no local do incidente.

As primeiras versões, inclusive promovidas pelo sindicato La Fraternidad, falavam de um incidente decorrente da falta de manutenção das instalações e das constantes vandalizações que as instalações ferroviárias sofrem devido ao roubo de cabos, o que obrigaria a circular sem o sistema de semáforos, que é o principal mecanismo de segurança do sistema ferroviário. “Novamente ocorre um acidente devido à falta de manutenção que compromete a segurança do sistema. O roubo de cabos que fornecem energia aos semáforos e sinais que organizam o tráfego ferroviário está se tornando cada vez mais frequente”, disse o sindicato.

A Justiça está investigando se essas foram as causas do incidente. Por que, inexplicavelmente, havia dois trens quase no mesmo ponto, na mesma curva, circulando na mesma via? Poderia ter sido uma tragédia de maiores proporções. O diretor do Seme, Alberto Crescenti, que chegou ao local poucos minutos depois, informou que todos os feridos foram atendidos dentro da primeira hora e que não houve vítimas fatais. Mesmo quando todos os passageiros já haviam sido transferidos e retirados do aterro, cães da brigada canina foram enviados para verificar se não havia nenhum usuário preso ou não atendido.

Primeiros momentos

O áudio do maquinista permite intuir como devem ter sido esses primeiros instantes de confusão. Quando ele informou ao controle que acabara de colidir, alguém disse “Não!”. Em seguida, o controlador respondeu: “Sim, sim, maquinista, a guarda que vem com o carro vazio me avisou. Isso é o que sei, estou ligando para a auxiliar de Palermo que conseguiu a via”. E ouviu-se algo como “Ranita Ocampo, você me ouve?”. Depois, o controlador voltou a falar com o maquinista: “Martín, você me ouve? A auxiliar de Palermo te deu a via para o 53... porque aí chocou com a Liviana (como se referem à locomotiva de carga que circulava com um vagão com materiais ferroviários)”.

O maquinista respondeu: “Sim, sim, ela me deu a liberação [supostamente o sinal verde para avançar] às 25 [provavelmente se refere às 10h25, à hora]”. Depois continuou: “Não sei se você percebeu que eu a chamei várias vezes até que ela me deu e depois me concedeu a via”. Imediatamente na sequência, o controlador avisou a outra formação que houve um acidente: “9-6-4, 9-6-4, tenha cuidado, na altura do quilômetro 5 aproximadamente”.

Nas primeiras imagens do incidente, viu-se pessoas saindo do trem, assistidas pelos médicos das ambulâncias que não paravam de chegar. Como a colisão ocorreu sobre a ponte metálica, o resgate era mais difícil. Era necessário subir o aterro, de mais de cinco metros de altura, que é muito íngreme, e por esse mesmo lugar, descer com os feridos, os mais graves, presos às macas, para evitar que caíssem durante o transporte. Havia pessoas chocadas e que se sentiam capazes de sair do trem por seus próprios meios, mas em um estado de confusão que não lhes permitia entender o que havia acontecido nem como voltar para casa.

— Foram 10 segundos de sacudida, um susto terrível. Quando percebi que estávamos em cima da ponte, fiquei com medo porque tudo estava se movendo. Pensei que íamos cair — contou ao La Nación Christian Maidena, de 32 anos, que meia hora após o choque ainda estava no local tentando entender o que havia acontecido.

Alguns segundos antes do impacto, quando os freios do trem já rangiam bruscamente, Estela Mercado, que viajava de Retiro para Hurlingham, teve uma reação instintiva que salvou sua neta de cinco anos de se ferir gravemente. Ela viu um jovem que estava em pé ao lado delas desequilibrar-se e bater a cabeça em um cano, caindo no chão. “Foi horrível”, disse com os olhos marejados, enquanto sua neta brincava ao seu redor. “Ela queria levantar do assento, ainda bem que não deixei. Assim que senti a freada brusca, a abracei forte”, contou a mulher, ainda chocada, enquanto esperava por ajuda para voltar para casa.

— Chegamos cinco minutos após o aviso da colisão. Subimos na ponte ferroviária e atendi 25 pessoas com diversos traumas, nenhum grave. Pessoas assustadas — disse um médico do Same. — Tinham traumas cranianos, nos membros superiores e inferiores, e alguns estavam em crise de pânico. Outros desceram do trem sem ajuda e bateram os joelhos nas pedras. Apenas traumas, nada de asfixia. Também havia vários passageiros com epistaxe (hemorragia) no nariz ou lábios feridos pelo impacto. No trem viajava um bebê de 10 meses que teve um trauma craniano, mas está consciente. Não havia vidros quebrados.

Explicações

As autoridades judiciais terão que determinar por que o acidente ocorreu, qual dos mecanismos de segurança do sistema ferroviário falhou e se, de fato, ambas as maquinistas foram designadas para a mesma via. Os peritos trabalharam durante a tarde para encontrar indícios de falha no sistema de sinalização, devido ao roubo de cabos e semáforos, se houve deficiências no sistema de modulação ou se o sistema de autorização, concedendo a via livre pelos controladores, foi a razão para o choque de dois trens que circulavam na mesma via, na mesma curva, quase ao mesmo tempo.

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