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Por O Globo e agências internacionais — Cidade de Gaza

Um dia após o píer flutuante construído pelos Estados Unidos na Faixa de Gaza ter tido a instalação concluída, os primeiros caminhões de ajuda humanitária começaram a desembarcar na estrutura para entregar os primeiros suprimentos por via marítima em dois meses ao enclave. Segundo o Pentágono, a ideia é enviar cerca de 90 caminhões de ajuda por dia, número previsto para chegar a 150 quando a operação atingir sua capacidade total. Antes do início da guerra, em outubro passado, porém, cerca de 500 veículos de ajuda chegavam a Gaza diariamente.

Autoridades americanas e organizações internacionais já disseram que as remessas marítimas só podem complementar as entregas feitas por via terrestre, e não substituí-las. O território de 2,4 milhões de pessoas está mais dependente do que nunca de ajuda humanitária, e a ONU alertou ainda em março para o risco de “fome [ou catástrofe humanitária] quase inevitável” na região. Após meses de bombardeios israelenses, inspeções rigorosas de Tel Aviv e restrições nos pontos de passagem, a permissão de entrada de ajuda no território já havia sido limitada. E, na última semana, o fluxo de doações enviadas por meio das principais passagens terrestres no sul do enclave foi ainda mais reduzido após Israel iniciar uma ofensiva militar em torno de Rafah, na fronteira com o Egito.

Segundo a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), as entregas iniciais incluem barras de alimentos para 11 mil pessoas, alimentos terapêuticos para 7,2 mil crianças desnutridas — a pobreza alimentar atinge 90% das crianças com menos de 2 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) — e kits de higiene para 30 mil pessoas. Não ficou claro onde a ajuda seria entregue ou quem a entregaria. O Exército americano afirmou que nenhum soldado de suas tropas entrou em Gaza e que fornece apenas apoio logístico para a entrega dos suprimentos, doados por vários países e organizações. Conforme a USAID, agências da ONU, incluindo o Programa Mundial de Alimentos, devem distribuir as doações.

Israel tem sido pressionado pelo governo do presidente americano, o democrata Joe Biden, e por outros aliados a fazer mais para facilitar a entrada de ajuda. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, alertou nesta semana que as recentes melhorias na entrega de ajuda eram minadas pelos combates no sul de Gaza. Nesta quinta-feira, o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, falou sobre o corredor marítimo em ligação com o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant. Durante a conversa, Austin destacou a necessidade de “aumentar” a assistência humanitária no enclave, incluindo com passagens fronteiriças terrestres além do píer, segundo o Pentágono.

O Exército de Israel, por sua vez, disse que trabalhava com o Exército dos EUA para apoiar o projeto como “prioridade máxima”.

Como o píer foi construído e como funcionará?

O projeto do porto temporário foi anunciado por Biden em março, durante o Discurso sobre o Estado da União, num momento em que o governo americano já enfrentava críticas por manter apoio militar a Israel enquanto a catástrofe humanitária cresce em Gaza. Os Estados Unidos começaram a construir o píer no final de abril a um custo de US$ 320 milhões (R$ 1,6 bilhão, na cotação atual) e com a ajuda de cerca de mil soldados e marinheiros americanos. Segundo o Comando Central do país, peças para a estrutura foram carregadas em navios na Costa Leste dos EUA e depois “transportadas por 9,6 mil quilômetros pelo oceano”. A construção foi montada ao longo da costa de Gaza.

Há várias etapas para a entrega de ajuda via píer para a Faixa de Gaza. Conforme publicado pela CNN, os suprimentos devem primeiramente chegar ao Chipre por via marítima, onde serão inspecionados pelos Estados Unidos e por Israel. Os materiais então serão paletizados e enviados por navio para uma plataforma flutuante perto da costa de Gaza. Só depois, então, as doações são finalmente transportadas para o píer e carregadas em caminhões para distribuição terrestre. O projeto americano, portanto, consiste em duas plataformas: uma flutuante ao qual os navios com ajuda depositarão os itens, e outra que atuará como “calçada” por onde os materiais são levados à terra.

A ONG World Central Kitchen, sediada nos EUA, já havia construído um cais improvisado em meados de março para entregar ajuda por via marítima em Gaza pela primeira vez em duas décadas. Os esforços, no entanto, foram interrompidos abruptamente no início de abril, quando sete trabalhadores do grupo foram mortos em um ataque israelense. (Com New York Times e AFP)

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