Um tribunal de apelações ordenou nesta sexta-feira a libertação do irmão e do advogado da presidente do Peru, Dina Boluarte, após anular a detenção preventiva que cumpriam por sua suposta ligação em uma trama de corrupção.
"Resolve-se revogar a resolução que dita detenção preliminar incomunicável contra Nicanor Boluarte Zegarra e Mateo Castañeda pelo prazo de dez dias em decorrência das diligências pelos supostos delitos de organização criminosa. Determina-se a imediata liberdade dos mencionados, oficiando-se a autoridade policial", disse a juíza Sonia Torre ao final de uma audiência.
Ambos haviam sido detidos por uma equipe policial e fiscal em 10 de maio por sua suposta ligação em um caso de nomeação de funcionários em troca de subornos, segundo o Ministério Público.
A decisão da Quinta Sala Penal de Apelações Nacional beneficia também outras três pessoas vinculadas ao caso e detidas na mesma data. Todas cumpriam um prazo de 10 dias de detenção preliminar, que venceria em 20 de maio.
O Ministério Público havia pedido ampliar para 15 dias a detenção, enquanto acumulava provas contra os investigados, mas a juíza desconsiderou a solicitação sustentando "que não se cumprem os requisitos que estabelece o Código Processual Penal para impor a medida, não existe perigo de fuga nem de obstrução para a apuração da verdade por parte dos imputados". A todos eles, acrescentou, se investiga "pelos delitos de organização criminosa e tráfico de influências".
Nicanor Boluarte, de 64 anos, é irmão mais velho da mandatária peruana. O Ministério Público o acusa de comandar uma rede de corrupção que nomeava prefeitos e subprefeitos em troca de "vantagens econômicas", aproveitando o "poder de fato" que recebeu da presidente, segundo o poder judiciário.
Esses funcionários atuam como representantes do governo nas regiões do país e são nomeados diretamente pela presidente e pelo ministro do Interior. De seus cargos, captavam "afiliados" para inscrever um novo partido político, "Cidadãos do Peru", que seria liderado por Nicanor Boluarte.
A organização "teria gestado seu programa criminoso imediatamente após Boluarte" assumir como presidente em 7 de dezembro, segundo o Ministério Público.