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Por O Globo e agências internacionais — Baltimore

Mais de um mês após o navio cargueiro Dali colidir com uma ponte em Baltimore, nos Estados Unidos, os 21 tripulantes – 20 indianos e um cingalês – permanecem confinados. Em 26 de março, a embarcação de 300 metros de comprimento perdeu energia, desviou da rota e colidiu com a ponte Francis Scott Key, acidente que deixou seis trabalhadores da construção civil mortos. Desde então, os marinheiros a bordo lamentam as mortes, tiveram seus celulares confiscados pelo FBI, órgão federal de investigação americana, e vivenciaram uma série de explosões controladas para quebrar uma peça da ponte presa na proa do navio.

Gwee Guo Duan, secretário-geral adjunto do Sindicato dos Oficiais Marítimos de Cingapura, disse à CNN que tem sido “difícil” para a tripulação, especialmente porque eles sabem que houve perda de vidas e precisam “olhar para o local do acidente todos os dias”. Ainda assim, pode levar semanas e até meses para que eles possam sair do navio. Os motivos para essas complicações incluem os vistos americanos, que expiraram enquanto eles estavam presos, e as investigações do FBI, que ainda estão em andamento. Em 15 de abril, eles tiveram os celulares apreendidos pelos agentes – e, embora já tenham recebido novos aparelhos, o FBI só devolveu alguns dos chips dos marinheiros.

Segundo o sindicato de Cingapura, que representa os oficiais do navio, e a Organização dos Oficiais Marítimos de Cingapura, que representa os demais membros a bordo, quando os tripulantes ficaram sem telefone, e portanto sem forma de comunicação com suas famílias, “uma onda de ansiedade permeou o navio”. Embora os investigadores não tenham culpado nenhum indivíduo pelas falhas de energia que levaram ao acidente, os marinheiros sentiram um “medo infundado de responsabilidade criminal pessoal”, disseram os dois órgãos.

Rota de colisão do navio Dali cm ponte no porto de Baltimore, nos EUA — Foto: ARTE O GLOBO
Rota de colisão do navio Dali cm ponte no porto de Baltimore, nos EUA — Foto: ARTE O GLOBO

“Por mais que a investigação demore, os direitos e o bem-estar da tripulação não devem ser infringidos durante o seu curso”, disse Dave Heindel, presidente do Sindicato Internacional dos Marinheiros, num comunicado. “Apelamos às autoridades para que estejam cientes de que os marinheiros utilizam dispositivos móveis para realizar negócios pessoais, como pagamentos de contas e, mais importante, transferir dinheiro para seu país de origem para sustentar suas famílias”, continuou. “Os membros da tripulação estão sendo desmoralizados sem as ferramentas básicas que todos nós consideramos garantidas.”

Don Marcus, presidente da Organização Internacional de Mestres, Companheiros e Pilotos, disse em comunicado no último fim de semana que “a detenção prolongada dos marinheiros do MV Dali a bordo de seu navio, e a falha das autoridades em devolver seus dispositivos de comunicação pessoal são injustas”. “Nossos corações estão com o Comandante, Oficiais e Tripulação do M/V Dali, que não apenas sofreram uma experiência trágica, que resultou na perda de seis vidas, mas que continuam isolados de seus entes queridos.”

Regras marítimas

Um grande navio como o Dali, que tem 106 mil toneladas, requer cuidados constantes mesmo quando não está em movimento. Preso a um rio, ele ainda enfrenta uma série de perigos potenciais, explicou à CNN Philip C. Schifflin Jr., diretor do Centro de Defesa dos Marinheiros. É possível, afirmou, ter a entrada de água, além de um potencial incêndio, já que há máquinas funcionando na embarcação. É por isso, disse, que a lei determina que os marinheiros precisam estar a bordo e “prontos para responder a esses vários perigos”. Segundo o Escritório do Registro Federal, os EUA têm “requisitos mínimos para a tripulação de navios”, e regulamentações internacionais semelhantes foram adotadas.

— De acordo com os regulamentos marítimos internacionais, deve haver alguma tripulação no navio — disse Nestlehutt, presidente e diretor executivo do Instituto da Igreja dos Marinheiros, que promove a segurança e o bem-estar dos tripulantes, à CNN.

Gráfico do Dali, navio que bateu na ponte — Foto: Arte O Globo
Gráfico do Dali, navio que bateu na ponte — Foto: Arte O Globo

A organização sem fins lucrativos lida com marinheiros em perigo ao redor do mundo, incluindo os afetados por furacões, incidentes com piratas ou mortes no mar. Quando o presidente do órgão visitou a tripulação do Dali em 1º de abril, ele disse ter notado o “sentimento de grande perda e tristeza” pelos trabalhadores da construção que morreram. Os marinheiros, disse, “queriam informar seus próprios familiares que estavam seguros”. Agora, enquanto aguardam notícias sobre os seus destinos, os membros da tripulação buscam alguma ocupação – e não apenas com suas funções no navio, mas também ajudando os investigadores e as equipes de salvamento.

— Obviamente, este não é um ambiente normal para eles. Mas todos são marinheiros profissionais, então estão fazendo o que precisam fazer — disse Darrell Wilson, porta-voz do Synergy Marine Group, a empresa que gerencia o navio Dali, à CNN. — Os dias deles estão cheios. Eles têm deveres normais a bordo. Precisam cuidar do navio, dos equipamentos, garantir que tudo esteja funcionando. Eles também estão ajudando os salvadores, [já que] conhecem todos os corredores [e] sabem onde está tudo no navio. Eles ajudam de qualquer maneira possível.

Wilson ressaltou que a empresa tem ajudado os tripulantes com alimentos, produtos de higiene pessoal e outras necessidades do dia a dia. De acordo com ele, a Synergy Marine “despachou representantes para garantir que eles tenham tudo o que precisam”, coordenou as visitas de algumas das organizações de marinheiros e forneceu serviços de saúde mental para a tripulação. Duan, do sindicato dos Oficiais Marítimos de Cingapura, disse que um marinheiro ficou traumatizado após ter procurado por sobreviventes na noite do acidente.

Obstáculos

Na última segunda-feira, seis semanas após o acidente, uma enorme peça da ponte foi destruída em uma série de explosões controladas. A expectativa era que isso significasse que a tripulação poderia zarpar ou sair do navio em breve. Mas, além das regras para a tripulação, das investigações em andamento e das questões sobre se o Dali está apto para navegar, os membros da tripulação não podem pisar em solo americano. Seus vistos de um mês expiraram durante os quase dois meses em que ficaram presos, e até mesmo a empresa de gestão do navio não sabe dizer quando a tripulação poderá sair.

— Eles vão ficar a bordo no futuro próximo — disse Wilson à CNN na última quarta-feira. — Estamos trabalhando para reflutuar o navio em alguns dias e movê-lo para um terminal local aqui. E então, em algum momento no futuro, e eu não tenho essa data, a empresa buscará orientação das autoridades sobre os próximos passos com a tripulação.

Duan, que visitou a tripulação em 24 de abril e se comunica regularmente com o capitão, disse que não espera que o navio deixe a área de Baltimore até que as autoridades concluam sua investigação. O Conselho Nacional de Segurança em Transportes divulgou um relatório preliminar sobre o acidente no início da semana passada, mas o documento não incluía uma causa provável para o ocorrido. Essas conclusões farão parte de um relatório final que pode levar até dois anos para ser concluído pelos investigadores. Sem isso, segundo Duan, o navio não deverá ir “a lugar nenhum” longe de Baltimore.

A esperança é que ao menos os membros não essenciais da tripulação possam sair do navio e ficar temporariamente em terra firme para “aliviar o estresse mental”. Os sindicatos dos membros da tripulação pediram publicamente a extensão ou renovação dos vistos dos marinheiros. Duan também espera que as autoridades dos EUA reavaliem quem pode voltar para casa de avião.

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