O governo argentino suspendeu, nesta terça-feira, as contas em redes sociais e os sites dos meios de comunicação estatais. A medida é tratada pela gestão do presidente Javier Milei como um processo de "reorganização" que teria como objetivo "melhorar os conteúdos que são gerados". Já o Sindicato de Imprensa de Buenos Aires acusa o governo de "censura".
A decisão incluiu a Televisión Pública, a Radio Nacional e todas as emissoras adjacentes, além do canal educativo Encuentro e o infantil Paka Paka. Essa é mais nova investida do atual governo contra os meios públicos — acusados por Milei de serem um instrumento "de propaganda"—, que inclui um projeto de lei para poder privatizá-los.
"Foi tomada a decisão de pausar temporariamente todos os conteúdos das redes sociais e páginas web dos meios públicos", indicou um comunicado publicado nas redes sociais, enquanto nos sites aparece um aviso de que a página está "em reconstrução".
O governo também suspendeu todos os noticiários de fim de semana da TV pública, com o cancelamento dos programas ao vivo. A partir de agora, serão veiculadas apenas algumas notícias ao longo do dia. Além disso, o pagamento de horas extras e feriados da rádio estatal foi cortado, o que também gerou o cancelamento da programação de fim de semana em 49 emissoras argentinas. Eles passarão a retransmitir os programas de Buenos Aires.
Após o anúncio, o Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (Sipreba) emitiu uma nota na qual repudiou "o silenciamento das redes sociais de ambos os meios" e acusou a medida de "censura e intimidação, que se soma ao silenciamento da [agência estatal] Télam". Em março, a Casa Rosada anunciou a suspensão da Télam, a maior agência pública de notícias do país, que até hoje se encontra paralisada, e depois ordenou o fechamento de 13 correspondentes no interior do país.
A Radio Nacional, que funciona desde 1937, é uma das poucas emissoras no mundo que alcançam mais de um continente. A sucursal da cidade de Rio Grande, na província de Terra do Fogo, pode ser ouvida em parte da Antártida, nas Ilhas Malvinas e nas Ilhas do Atlântico Sul. A Televisión Pública, por sua vez, começou suas transmissões em 1951 e foi a primeira estação TV na Argentina.
Caso Télam
A agência de notícias estatal Télam, primeiro alvo das intervenções do governo Milei, teve a suspensão de atividades prorrogada na última sexta-feira, por mais sete dias. Enquanto isso, os interventores comandam um regime de aposentadorias voluntárias.
Segundo o jornal argentino La Nación, cerca de 47% do total de trabalhadores da Télam — um universo de mais de 770 funcionários, e alguns com mais de 30 anos de casa —, seguiram o modelo de exceção. Ou seja, pelo menos 360 trabalhadores já negociaram a saída do órgão estatal.
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