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Por AFP — Birjand

O último dia do funeral do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morto aos 63 anos em um acidente aéreo no domingo, foi marcado pela procissão de milhares de iranianos pelas ruas de Birjand e Meshed para prestar homenagem ao clérigo e escoltar seu caixão até o santuário sagrado do imã Reza. No dia anterior, à margem dos ritos fúnebres, Teerã sediou uma cúpula entre as lideranças dos grupos que compõem o Eixo da Resistência — movimentos espalhados pelo Oriente Médio que são financiados e armados pelo Irã — para discutir a guerra na Faixa de Gaza, segundo informou a mídia estatal nesta quinta.

Os líderes reuniram-se após participarem de cerimônias organizadas em Teerã, na quarta-feira, que também registrou multidões de iranianos pesarosos com a partida abrupta do presidente. A reunião contou com a presença do deputado do movimento xiita libanês Hezbollah Naim Qassem, o porta-voz Houthis, no Iêmen, Mohammed Abdulsalam, representantes da Jihad Islâmica, da Frente Popular para a Libertação da Palestina, segundo a agência de notícias iraniana Fars, de grupos militantes no Iraque, e do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, alvo de um mandado de prisão solicitado pelo procurador-chefe do TPI.

As lideranças se reuniram à margem do funeral com o general Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária do Irã, força de elite do país, e Esmail Qaani, chefe do braço de operações estrangeiras da Guarda, a Força Quds, para tratar da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, que eclodiu no dia 7 de outubro. Ainda segundo a emissora estatal IRIB eles também discutiram a "a operação al-Aqsa e o papel da frente de resistência".

A reunião teria enfatizado "a continuação da jihad e da luta até a vitória completa da resistência palestina em Gaza com a participação de todos os grupos e frentes de resistência na região", disse o IRIB. O canal al-Manar do Hezbollah também noticiou a reunião, divulgando fotos. Haniyeh também já havia tido uma audiência com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.

Raisi é sepultado

O corpo de Raisi chegou ao aeroporto de Meshed, cidade natal e destino final do líder iraniano, mais cedo nesta quinta-feira, informou a agência de notícias estatal IRNA. Dezenas de milhares de iranianos saíram às ruas da cidade antes de Raisi ser sepultado no santuário sagrado do Imam Reza, um importante mausoléu xiita na cidade, localizada no nordeste do país. Milhares também saíram em procissão na cidade de Birjand, no leste, segurando bandeiras e fotografias para se despedir do presidente.

Iranianos se reúnem no santuário de Mashhad antes do enterro do presidente Raisi

Iranianos se reúnem no santuário de Mashhad antes do enterro do presidente Raisi

Homens e mulheres, em sua maioria vestidos com chadors pretos e carregando flores brancas, lotaram a avenida principal de Meshed. Alguns seguraram cartazes em homenagem a Raisi como o “homem do campo de batalha”, enquanto um grande caminhão carregando seu corpo passava pelo mar de pessoas em luto. “Eu vim, ó rei, me dê refúgio”, dizia um slogan estampado no topo do caminhão, em referência ao Imã Reza, o oitavo imã do Islã xiita. Segundo a IRNA, um grande número de pessoas e de servos do santuário também se reuniram no aeroporto para prestar homenagem a Raisi.

O prefeito de Meshed, Mohammad Reza Qalandar Sharif, afirma que três milhões de pessoas participaram da procissão. Até o momento, porém, não está disponível nenhuma avaliação independente.

A família de Raisi, da qual pouco se sabe, viajou na manhã desta quinta para Meshed, antes do seu enterro, informou a IRNA. O ministro do Interior, Ahmad Vahid, também já está na cidade sagrada. No dia anterior, imagens publicadas pela mídia iraniana mostraram autoridades se preparando para o último dia de ritos funerários em Meshed. Cartazes de Raisi, bandeiras pretas e símbolos xiitas foram erguidos nas ruas da segunda cidade do Irã, especialmente em torno do santuário.

Além do líder iraniano, também foram vítimas do acidente seu ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, e outras pessoas de sua comitiva presidencial. O chanceler também será enterrado nesta quinta, no santuário de Shah Abdol-Azim, na cidade de Rey. Autoridades iranianas e dignitários estrangeiros prestaram seus respeitos ao falecido diplomata em uma cerimônia em Teerã antes do enterro.

Pessoas em luto comparecem ao funeral do falecido presidente Ebrahim Raisi na cidade de Meshed em 23 de maio de 2024. — Foto: FARS NEWS AGENCY/AFP
Pessoas em luto comparecem ao funeral do falecido presidente Ebrahim Raisi na cidade de Meshed em 23 de maio de 2024. — Foto: FARS NEWS AGENCY/AFP

Grandes multidões se reuniram para uma procissão fúnebre na quarta-feira na capital Teerã para prestar suas últimas homenagens ao presidente, a quem as autoridades e a mídia chamaram de “mártir”. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, de quem se esperava que Raisi fosse o sucessor, liderou as orações pelo falecido presidente, ajoelhando-se diante dos caixões dos mortos no acidente.

Os jornais conservadores do Irã exibiram grandes fotos de primeira página da reunião na quinta-feira, saudando as cerimônias como uma “despedida épica” e dizendo que Raisi permaneceria para sempre “no coração do povo”. Jornais reformistas, como o Sazandegi, por sua vez, publicaram manchetes que diziam: “O último adeus”. Os ritos de despedida reuniram multidões enormes, em linha com a tradição de grandes eventos no Irã desde a revolução islâmica de 1979.

Eleições em junho

Uma cerimônia de homenagem foi realizada na tarde de quarta-feira, com a presença de líderes de outros países do Oriente Médio, do norte da África e da Ásia, incluindo o presidente da Tunísia, Kais Saied, e o emir do Catar, Tamim ben Hamad al-Thani. Bielorrússia e Sérvia também enviaram tinham seus representantes. Como um sinal das relações tensas entre Teerã e o Ocidente, nenhum país da União Europeia (UE) estava representado entre as cerca de 60 delegações internacionais presentes na capital iraniana.

O caixão do presidente Ebrahim Raisi, morto aos 63 anos em um acidente aéreo no domingo. — Foto: Iranian Presidency/AFP
O caixão do presidente Ebrahim Raisi, morto aos 63 anos em um acidente aéreo no domingo. — Foto: Iranian Presidency/AFP

Khamenei, que exerce a autoridade máxima no Irã, decretou cinco dias de luto nacional e designou o vice-presidente Mohammad Mokhber, 68 anos, como presidente interino até a eleição de 28 de junho para o sucessor de Raisi. Segundo a mídia estatal, o líder supremo visitou a casa da família do presidente morto.

A eleição presidencial no Irã não era esperada até o próximo ano, e o acidente de domingo embaralhou a linha de sucessão do líder supremo, com alguns expressando preocupação sobre o próximo presidente. Até o momento, ninguém declarou publicamente sua intenção de substituir Raisi. O prazo para as indicações será aberto oficialmente em 30 de maio e a campanha eleitoral terá início em 12 de junho.

— Como encontrarei alguém como ele? Estou realmente preocupado com isso — disse o clérigo Mohsen, de 31 anos, no funeral de quarta-feira em Teerã. — Até onde eu sei, não temos ninguém de sua altura.

Milhares de iranianos em procissão durante o funeral do presidente Ebrahim Raisi, morto em acidente aéreo no domingo, na cidade de Birjand. — Foto: Iranian Presidency/AFP
Milhares de iranianos em procissão durante o funeral do presidente Ebrahim Raisi, morto em acidente aéreo no domingo, na cidade de Birjand. — Foto: Iranian Presidency/AFP

Raisi foi eleito presidente em 2021, sucedendo o moderado Hassan Rouhani em um momento em que a economia foi prejudicada pelas sanções impostas pelos EUA sobre as atividades nucleares do Irã. O período do ultraconservador no cargo foi marcado por protestos em massa, uma crise econômica cada vez mais profunda e trocas armadas sem precedentes com o arqui-inimigo Israel.

Após sua morte, Rússia e China enviaram condolências, assim como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), enquanto o Conselho de Segurança da ONU prestou um minuto de silêncio. Mensagens de condolências também foram enviadas pelos aliados do Irã na região, incluindo o governo sírio, o Hamas e o Hezbollah.

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