A Espanha advertiu Israel neste sábado de que as medidas cautelares emitidas pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) são “obrigatórias”. O país exigiu seu cumprimento por parte do governo israelense, e a Ministra da Defesa espanhola se referiu aos eventos em Gaza como “um verdadeiro genocídio”.
“As medidas cautelares da CIJ, incluindo o cessar da ofensiva israelense em Rafah, são obrigatórias. Exigimos sua aplicação", escreveu José Manuel Albares, ministro das Relações Exteriores do governo de Pedro Sánchez, na rede social X. ”Também o cessar-fogo, a libertação de reféns e o acesso humanitário. O sofrimento dos habitantes de Gaza e a violência precisam acabar", acrescentou.
As decisões da CIJ são juridicamente vinculativas para os países-membros, mas o tribunal não tem meios para as fazer cumprir. O principal órgão judiciário das Nações Unidas é composto por 15 juízes, começou a funcionar em 1946 e tem sede em Haia, na Holanda.
Em resposta a uma solicitação da África do Sul, o principal tribunal da Organiação das Nações Unidas (ONU) ordenou na sexta-feira que Israel interrompa sua operação em Rafah e qualquer outra ação que cause a “destruição física, total ou parcial” do povo palestino em Gaza.
O tribunal também pediu ao movimento islâmico Hamas que libertasse imediatamente todos os reféns tomados em seu ataque a Israel em 7 de outubro. Israel voltou a bombardear a região de Rafah neste sábado.
Situação humanitária em Rafah: Corte Internacional de Justiça (CIJ) determinou que Israel interrompa "imediatamente" ataques terrestres à cidade
A Espanha é um dos países europeus mais críticos em relação a Israel desde o início do atual conflito em Gaza. O governo israelense de Benjamin Netanyahu convocou nesta semana seu embaixador em Madri para consultas sobre o reconhecimento do Estado palestino por parte do governo espanhol, que Sánchez anunciou que entrar em vigor no próximo dia 28, em conjunto com Irlanda e Noruega.
No mais recente atrito diplomático, Israel anunciou na sexta-feira sua decisão de “cortar a conexão entre a representação diplomática da Espanha em Israel e os palestinos”, após um comentário considerado “antissemita” pela número três do governo espanhol, Yolanda Díaz.
A ministra da Defesa da Espanha, Margarita Robles, por sua vez, em entrevista na televisão pública espanhola TVE, por conta do Dia das Forças Armadas, que será celebrado no próximo dia 30, foi enfática:
— Não podemos esquecer que pessoas estão morrendo na Ucrânia, é uma guerra tremenda, nem podemos ignorar o que está acontecendo em Gaza, que é um verdadeiro genocídio — disse.
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