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Por — Kiev*

O governo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, seus aliados e até mesmo renomados defensores dos direitos humanos locais como Oleksandra Matviichuk, do Centro pela Liberdade Civil, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2022, reforçaram nas últimas semanas o discurso a favor de que a Ucrânia receba mais armas para resistir à ofensiva da Rússia no nordeste do país e, paralelamente, seja autorizada a usar essas armas em território russo.

Enquanto os ucranianos tentam levar uma vida normal na capital do país, cresce entre as mais altas autoridades ucranianas o temor de que a ajuda internacional em algum momento seja reduzida ou até mesmo cortada. Este último cenário aparece quando o nome do republicano Donald Trump, que tenta voltar à Casa Branca nas eleições de novembro, entra na equação.

Nas previsões traçadas em reuniões internas do governo Zelensky, confirmaram fontes locais, o fortalecimento da candidatura do republicano e, pior ainda, seu eventual retorno ao poder, causam enorme temor. Kiev sabe que Trump significará uma guinada na estratégia dos EUA em relação à Ucrânia, embora em declarações públicas ministros do Gabinete de Zelensky como o chanceler Dmytro Kuleba tentem subestimar essa preocupação.

Segundo fontes do governo brasileiro que conversam com representantes de governos europeus, a eleição americana é um elemento central em todas as análises e avaliações que são feitas atualmente em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia. Existe, por exemplo, a dúvida sobre se convém iniciar uma discussão sobre uma eventual negociação de paz antes ou depois da eleição americana, acrescentaram as fontes brasileiras. Os dois cenários, frisaram as fontes, são completos, “e a dúvida é saber qual é o menor pior”.

— Não posso me preocupar por coisas que não controlo. Se os americanos elegerem Trump, não me preocupa, nós estamos centrados em sobreviver em qualquer circunstância. Não vou ficar nervoso — disse Kuleba a jornalistas latino-americanos nesta semana.

Mas a verdade é que por trás dessa aparente tranquilidade existe um governo trabalhando intensamente para manter seus aliados engajados (leia-se, enviando recursos e armamentos) e, sobretudo, o apoio essencial dos EUA. O governo de Joe Biden é hoje o principal obstáculo para que a Ucrânia possa usar as armas enviadas pelos aliados para atacar diretamente o território russo.

— Por que não podemos usar armas para destruí-los onde se concentram? — perguntou Zelensky em uma entrevista ao The New York Times semana passada. — Isso também ajudaria, porque eles não estariam unidos em uma única operação. Eles saberiam que, se houvesse concentração em determinado ponto, atacaríamos — acrescentou o presidente ucraniano.

Na última terça-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que Kiev deveria ter permissão para atacar os locais usados pela Rússia para disparar mísseis e lançar ataques contra a Ucrânia. Declarações similares foram feitas por autoridades da Polônia, Lituânia, Letônia e Suécia. Mas Washington ainda não cedeu — embora existam debates internos na Casa Branca, segundo o The New York Times — e já pediu repetidamente à Ucrânia que não dispare armas fabricadas nos EUA em território russo por medo de que isso provoque a escalada da guerra.

Em Kiev, autoridades como o primeiro ministro Denís Shmihal, além de Kuleba, admitem que a demora no envio das últimas levas de armas por parte de aliados estrangeiros trouxe complicações no front e custou vidas, em suas próprias palavras.

Os apelos do governo contam com o apoio de personalidades como Oleksandra, referência nacional e global em matéria de defesa dos direitos humanos:

— Nosso sistema internacional não nos protege e por isso, quando alguém me pergunta como podemos proteger os direitos humanos na Ucrânia, eu digo, me sentido muito estranha, que ‘enviem armas à Ucrânia para que possamos nos defender.

Segundo a advogada, que iniciou sua militância nas rebeliões civis de 2013, "quando a lei não funciona, as armas são a única maneira de nos protegermos”.

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