O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, endossou nesta sexta-feira um novo e “abrangente” acordo de cessar-fogo em Gaza apresentado por Israel. O plano, segundo ele, inclui a retirada das forças israelenses das áreas povoadas do território palestino por seis semanas e a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas.
— Todos os que desejam a paz agora devem levantar suas vozes e informar aos líderes que eles devem aceitar este acordo (...) não podemos deixar passar este momento — disse Biden em discurso na Casa Branca, no qual exortou o grupo armado palestino Hamas a aceitar o acordo. — Está na hora de essa guerra acabar e de começar um novo capítulo. Israel ofereceu uma proposta nova e abrangente. São diretrizes para um cessar-fogo duradouro e a libertação de todos os reféns.
Biden também fez uma descrição clara da capacidade reduzida do Hamas após sete meses de ataques israelenses:
— Neste momento, o Hamas não é mais capaz de realizar outro 7 de outubro — declarou, referindo-se ao ataque terrorista sem precedentes realizado por forças islâmicas em solo israelense, no ano passado, que deu início à guerra.
Crianças em Gaza
![Razan, uma menina de 11 anos do bairro al-Zaytoon, na cidade de Gaza. Mudou-se para Rafah, no sul. — Foto: © UNICEF/UNI501908/El Baba](https://s2-oglobo.glbimg.com/uxfVPay3f6Z7EBWKOZREl07r6Kk=/0x0:5760x3840/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/e/L/Mx4CwgQm6AsNgzG5W9KA/uni501908-2-.jpg)
![Razan, uma menina de 11 anos do bairro al-Zaytoon, na cidade de Gaza. Mudou-se para Rafah, no sul. — Foto: © UNICEF/UNI501908/El Baba](https://s2-oglobo.glbimg.com/40IG1oMRpV26_Dly5-wDN1HlHn8=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/e/L/Mx4CwgQm6AsNgzG5W9KA/uni501908-2-.jpg)
Razan, uma menina de 11 anos do bairro al-Zaytoon, na cidade de Gaza. Mudou-se para Rafah, no sul. — Foto: © UNICEF/UNI501908/El Baba
![Mays, de 13 anos, sentada numa cadeira de rodas devido a uma lesão na perna, em Khan Yunis, sul de Gaza. — Foto: © UNICEF/UNI501951/El Baba](https://s2-oglobo.glbimg.com/00vcyKpEPQum5h5gC7GGXQOsfGY=/0x0:4464x2976/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/T/g/DZ0WPFT6G1TPVgzMUMXQ/uni501951-1-.jpg)
![Mays, de 13 anos, sentada numa cadeira de rodas devido a uma lesão na perna, em Khan Yunis, sul de Gaza. — Foto: © UNICEF/UNI501951/El Baba](https://s2-oglobo.glbimg.com/0ekuMjf_RLy0bwDW0wlVeZL7bWY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/T/g/DZ0WPFT6G1TPVgzMUMXQ/uni501951-1-.jpg)
Mays, de 13 anos, sentada numa cadeira de rodas devido a uma lesão na perna, em Khan Yunis, sul de Gaza. — Foto: © UNICEF/UNI501951/El Baba
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![Mohamed Abu Rteinah, 12 anos, que foi queimado quando uma bomba atingiu sua casa no final de outubro de 2023, se recupera em Gaza em novembro. — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times](https://s2-oglobo.glbimg.com/udWAw83InP-MMWGpzqoUozANCWc=/0x0:5000x3333/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/x/0/MNrai4ScuZgkgBxAxOuQ/106477405-headline-scared-and-scarred-for-life-in-gaza-caption-mohamed-abu-rteinah-12-who-was-burned.jpg)
![Mohamed Abu Rteinah, 12 anos, que foi queimado quando uma bomba atingiu sua casa no final de outubro de 2023, se recupera em Gaza em novembro. — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times](https://s2-oglobo.glbimg.com/SbL7-semgvfsbLuxddkaQeq_PVg=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/x/0/MNrai4ScuZgkgBxAxOuQ/106477405-headline-scared-and-scarred-for-life-in-gaza-caption-mohamed-abu-rteinah-12-who-was-burned.jpg)
Mohamed Abu Rteinah, 12 anos, que foi queimado quando uma bomba atingiu sua casa no final de outubro de 2023, se recupera em Gaza em novembro. — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times
![Crianças palestinas que buscam abrigo em uma escola na Cidade de Gaza olham para o céu enquanto jatos israelenses sobrevoam, uma das primeiras respostas de Israel ao ataque terrorista do Hamas. — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times](https://s2-oglobo.glbimg.com/xxUcVAupS43VaQKmNVShcdhDipw=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/3/c/RCvZsOSjScfAtVlgCp5g/106477435-file-n-palesinian-children-seeking-shelter-at-a-school-in-gaza-city-look-to-the-sky-as-isr.jpg)
Crianças palestinas que buscam abrigo em uma escola na Cidade de Gaza olham para o céu enquanto jatos israelenses sobrevoam, uma das primeiras respostas de Israel ao ataque terrorista do Hamas. — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times
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![Crianças olham para o céu em um acampamento administrado pelas Nações Unidas para palestinos deslocados em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza — Foto: Yousef Masoud/The New York Times](https://s2-oglobo.glbimg.com/HEjKWNzh4kL_bzgOaZnPzwE5d9U=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/1/I/fAXUY8TsWzvAIusXdCSQ/106477415-children-look-at-the-sky-at-a-united-nations-run-tent-camp-for-displaced-palestinians-in-k.jpg)
Crianças olham para o céu em um acampamento administrado pelas Nações Unidas para palestinos deslocados em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza — Foto: Yousef Masoud/The New York Times
![Crianças se reúnem em torno de um carro danificado por ataque aéreo israelense do lado de fora de uma escola em Khan Younis, Faixa de Gaza — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times](https://s2-oglobo.glbimg.com/Z2aAbmEFISJCx3EzJLURHCu6z6A=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/5/H/4D26AoQd2xecV06wm5cg/106477441-children-gather-around-a-car-damaged-on-an-israeli-airstrike-outside-a-united-nations-run.jpg)
Crianças se reúnem em torno de um carro danificado por ataque aéreo israelense do lado de fora de uma escola em Khan Younis, Faixa de Gaza — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times
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![Crianças feridas são tratadas no Hospital Médico Nasser após um bombardeio israelense em uma casa em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times](https://s2-oglobo.glbimg.com/2-Hf9qYcF8HBZiWjqQoGYksckiI=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/6/E/5nrZ5AT1aE6hq3c1gPxg/106477425-injured-children-are-treated-at-nasser-medical-hospital-after-an-israeli-bombing-at-a-home.jpg)
Crianças feridas são tratadas no Hospital Médico Nasser após um bombardeio israelense em uma casa em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times
![Crianças feridas por um ataque aéreo israelense são tratadas num hospital em Khan Younis, no sul de Gaza — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times](https://s2-oglobo.glbimg.com/fNM2DUtMNeYzGZbS6zLdoz2wJGw=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/8/v/PbR0brROizc6V0U8HTlA/106477430-file-n-children-injured-by-an-israeli-airstrike-are-treated-at-a-hospital-in-khan-younis-i.jpg)
Crianças feridas por um ataque aéreo israelense são tratadas num hospital em Khan Younis, no sul de Gaza — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times
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![Crianças feridas no Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, após ataques aéreos israelenses. — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times](https://s2-oglobo.glbimg.com/0-m881ZEHGybtAJnOo-p-08l74w=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/o/f/oAo4HHSxuTSH78pQe7hg/106477407-file-n-injured-children-at-al-shifa-hospital-in-gaza-city-after-israeli-air-strikes-on-oct.jpg)
Crianças feridas no Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, após ataques aéreos israelenses. — Foto: Samar Abu Elouf/The New York Times
![Crianças palestinas em uma escola administrada pelas Nações Unidas em Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, agora repleta de refugiados da Cidade de Gaza.](https://s2-oglobo.glbimg.com/WcmiOZJoUFt7hLFyru56JBK3nVY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/C/v/S8nVhYRdaLmpSqVuGDcg/010.jpg)
Crianças palestinas em uma escola administrada pelas Nações Unidas em Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, agora repleta de refugiados da Cidade de Gaza.
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Para o líder americano, o plano israelense é uma “nova proposta abrangente” que equivalia a um roteiro para um “cessar-fogo duradouro”. Segundo ele, a primeira fase de seis semanas incluiria um "cessar-fogo total e completo, a retirada das forças israelenses das regiões povoadas de Gaza, a libertação de reféns, entre eles mulheres, idosos e feridos, em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos". Então, Israel e os palestinos negociariam durante essas seis semanas um cessar-fogo duradouro, e a trégua continuaria enquanto as conversas fossem mantidas, apontou.
— Desde que o Hamas cumpra seus compromissos, um cessar-fogo temporário se tornará, nas palavras da proposta israelense, uma cessação permanente das hostilidades — afirmou Biden, ponderando que ainda há detalhes que precisavam ser negociados para passar para a próxima fase.
Demandas 'inegociáveis'
Após a fala de Biden, o Gabinete do primeiro-ministro israelense divulgou uma declaração dizendo que a nova proposta estava de acordo com a insistência de Netanyahu de que Israel não encerraria a guerra antes que seus objetivos fossem alcançados, incluindo a destruição das capacidades militares e de governo do Hamas em Gaza. Ainda segundo o governo israelense, o esboço apresentado permite que se mantenha esse princípio.
“O primeiro-ministro autorizou a equipe de negociação a apresentar um plano para alcançar” os objetivos da guerra, disse o Gabinete do primeiro-ministro no comunicado, acrescentando que “a guerra não terminará até que todos os seus objetivos sejam alcançados, incluindo o retorno de nossos reféns e a neutralização das capacidades militares e de governança do Hamas”.
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O Hamas também se manifestou após o discurso do presidente americano e disse que a nova proposta é "positiva".
"O Hamas valoriza de maneira positiva o que foi incluído no discurso de hoje do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre um cessar-fogo permanente, a retirada das forças israelenses de Gaza, a reconstrução e a troca de prisioneiros", indicou o movimento islâmico palestino em um comunicado.
O anúncio de uma nova proposta de cessar-fogo acontece após quase oito meses de guerra e depois de diversas tentativas infrutíferas de interromper o conflito.
O Hamas insiste em que qualquer cessar-fogo deve ser permanente. Mais cedo nesta sexta, o grupo palestino assegurou ter informado aos mediadores que só aceitaria uma trégua "abrangente" que inclua uma troca de reféns e prisioneiros se Israel interrompesse sua "agressão".
Ismail Haniyeh, responsável pelo escritório político do Hamas com sede no Catar, reiterou que as principais demandas de sua organização — que incluem um cessar-fogo permanente e a retirada total das forças de Israel — "são inegociáveis". Mas Israel afirma que apenas aceitará uma trégua temporária de aproximadamente seis semanas e que mantém seu objetivo de destruir o Hamas.
Em seu anúncio, Biden não tratou do ataque de Israel a Rafah, no sul de Gaza. Nesta sexta, o Exército israelense confirmou que suas tropas chegaram ao centro da cidade, apesar das objeções internacionais devido à preocupação pelos civis. Contudo, reconheceu que os palestinos estavam suportando "um verdadeiro inferno".
Biden tem enfrentado uma pressão crescente sobre por quanto tempo estaria disposto a apoiar a campanha militar de Israel em Gaza e, particularmente, seus ataques mais recentes em Rafah. O derramamento de sangue no enclave palestino, com mais de 36 mil mortos, provocou revoltas nos campi universitários e nas ruas das cidades americanas, e alienou muitos dos apoiadores do próprio presidente
Apesar disso, os líderes dos democratas e republicanos no Congresso dos Estados Unidos convidaram, também nesta sexta, o premier israelense para discursar no Capitólio em algumas semanas.
“Apoiamos o Estado de Israel em sua luta contra o terror, especialmente porque o Hamas continua a manter cidadãos americanos e israelenses em cativeiro e seus líderes colocam em risco a estabilidade regional”, disse o presidente da Câmara, Mike Johnson, em um convite assinado pelos quatro líderes partidários da Câmara e do Senado.
Mais direitos para a Palestina
Os países reunidos para a Assembleia Mundial da Saúde, o principal órgão de tomada de decisões da Organização Mundial da Saúde (OMS), votou nesta sexta-feira para conceder mais direitos aos palestinos, ecoando uma decisão semelhante tomada este mês pela Assembleia Geral das Nações. Um total de 101 dos 177 países com direito a voto apoiou o texto, e cinco se opuseram.
A resolução, apresentada por um grupo de países predominantemente árabes e muçulmanos, juntamente com a China, a Nicarágua e a Venezuela, pedia que os palestinos, que já têm status de observadores na OMS, recebessem praticamente todos os mesmos direitos dos membros plenos.
O texto aprovado concedeu aos palestinos, entre outras coisas, “o direito de ter assento entre os Estados-membros... o direito de apresentar propostas e emendas... (e) de serem eleitos como oficiais no plenário e nos principais comitês da Assembleia da Saúde”. Mas observou que “a Palestina, em sua capacidade de Estado observador, não tem o direito de votar na Assembleia da Saúde ou de apresentar sua candidatura aos órgãos da OMS”. (Com AFP e The New York Times)
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